Sejam Bem Vindo (a)!

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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

jornalismo e obscuridade dos fatos

Para muito além da simples narrativa dos fatos, o jornalismo contemporâneo padece de uma crise permanente de obscuridade dos acontecimentos. Reflexo direto do processo de saturação da noticiabilidade que caracteriza os meios de comunicação na era da internet, como conseqüência, nos vemos todos diantes de uma quase que total ausência do trabalho de aprofundamento dos fatos e de incompletude da informação. Algo manifesto pela grande maioria dos veículos que constituem a imprensa brasileira e, de forma ainda mais agravante, a imprensa local e regional.

Reflexo disso, assistimos, ouvimos e lemos diariamente uma série de notícias cujo teor informativo suscita, no mínimo, uma certa curiosidade por parte da sociedade que continua esperando por uma postura mais cidadã dos meios de comunicação, esses mesmos que tanto se afloram como agentes de cidadania confundindo exercício de cidadania com serviços de utilidade pública.

Como apregoa a própria filosofia do jornalismo – contida inclusive em muitos manuais de redação -, o bom jornalismo é aquele que fornece ao cidadão, os antecedentes e as implicações de uma notícia, possibilitando ao cidadão uma compreensão mais ampla acerca dos fatos narrados diariamente. Nesse sentido, alguns mais do que outros.

É o caso, por exemplo, dos dados noticiados recentemente pela imprensa local e estadual dando conta de que a Paraíba tem 130.927 pessoas, ou seja, o equivalente a 3,5% da população, morando em 90 favelas. Como se pode perceber, para muito além dos números, a notícia aponta para um dos reflexos mais graves da falta de gestão de políticas públicas voltadas para essa que continua sendo uma das maiores mazelas sociais de todos os tempos, a falta de moradia para a população.

Vendo por esse ângulo, os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao Censo Demográfico 2010 e amplamente noticiados pelos veículos de comunicação paraibanos, com, aliás, já diz um jargão popular, falam por si. Mais do que isso, os dados estatísticos gritam e trazem consigo, de maneira subentendida, um alerta a essa que ainda é a principal esfera de mediação e mobilização social que é a imprensa, ou de maneira mais genérica, a mídia.

Mídia essa que, como se vê, continua optando pela opção mais cômoda, menos trabalhosa mas também, porque não dizer, mais comprometedora, jogando para debaixo do tapete informacional, o cerne das questões. Em síntese, ao se eximir do trabalho interpretativo da informação, os meios de comunicação corroboram para essa situação que ai está, fazendo desse tipo de notícia, algo com menos importância. Um fenômeno comum e sem necessidade alguma de melhores explicações para a sociedade. O que nos faz refletir cada vez mais sobre a serviço de quem realmente está a mídia e para onde se dirige o bom e imprescindível trabalho jornalístico pautado no legítimo exercício da cidadania......

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O FNDC na luta pela democratização da comunicação

Criado em 1991, o Forum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) celebrou nesse dia 14 de dezembro, seus 20 anos de história. Surgido na década de 1990, apontada como a época significativa para o avanço da luta pela democratização da comunicação no país, o FNDC é hoje uma das principais entidades da sociedade civil organizada a sustentar essa bandeira de luta.

Ao comemorar as suas duas décadas de existência, a entidade mudou de direção geral, antes sob a responsabilidade da FENAJ e agora sob a tutela da CUT. A mudança causou um certo mal estar entre os membros integrantes da entidade, muitos dos quais não aprovaram a escolha da atual entidade para presidir os rumos do FNDC. Contudo, como a democracia é o principal lema da entidade, a decisão terminou sendo comemorado por todos em Plenária promovida na mesma data acima citada.

Só resta saber até que ponto essa discordância não gere, nos bastidores da luta pelo poder, conflitos maiores os quais possam comprometer o propósito e rumo deste que ainda é, se não o principal, um dos mais significantes grupos civis a sustentar a bandeira de luta por esse que é um dos direitos mais fundamentais da sociedade moderna, o direito à comunicação livre e democrática.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

MÍDIA, AUDIÊNCIA E VIOLÊNCIA NA PB

Como é do conhecimento de todos, as pesquisas de audiência têm alimentado os meios de comunicação de massa e, em especial, as emissoras de TV´s de todo o país e, a exemplo do que vem acontecendo na Paraíba, estimulam as empresas de comunicação a investirem no conteúdo da violência em suas grades de programação. Dos telejornais aos tradicionais programas policiais, a onda de crimes, mortes e acidentes, ganham destaque nos veículos em nome da acirrada concorrência entre os veículos líderes de audiência no Estado, assim como acontece no país.

Líder de audiência no horário, o programa Correio Verdade, que vai ao ar todos os dias pela TV Correio e que tem no sensacionalismo exacerbado e desrespeitoso – já que segundo Alberto Dines, tornar um fato sensacional é uma característica natural da praxi jornalística, porém, não necessariamente descambando no apelativo -, é um retrato fiel dessa realidade espelhada pelas pesquisas.

Entretanto, a permanente liderança de audiência do Correio Verdade que, vale salientar, vem incomodando seriamente a TV Cabo Branco – até então líder em todos os horários-, se restringe à Capital. Em Campina Grande, apesar de ter uma grande penetração, o programa perde para o telejornal JPB 1ª edição, conforme pesquisa divulgada pelo Instituto Ibope.

Aqui está, portanto, um elemento instigante e válido para algumas reflexões, sobretudo, dentro da perspectiva dos estudos da recepção, os quais trazem à tona toda complexidade que envolve a relação dos receptores com a produção midiática. Dentre os possíveis questionamentos a serem levantados e investigados estão os seguintes:
1 – Em que a audiência de João Pessoa se difere da audiência do público receptor de Campina Grande?
2 – Em que o formato do telejornal apresentado pela TV Cabo Branco se difere do que é apresentado em Campina Grande e ao que parece, agrada melhor aos campinenses que o programa considerado por alguns como um ‘show de horrores’?

Em , síntese, acreditamos que aqui está um valioso fenômeno a ser melhor esmiuçado pelos institutos de pesquisa e em especial pelos estudos acadêmicos de análise de recepção os quais apontam para uma mudança considerável no complexo processo de emissão e recepção contemporâneo. Algo que, como foi averiguado por meio do seminário “Mídia, agendamento social e qualidade de audiência”, realizado recentemente pelos estudantes do bacharelado em Educomunicação da UFCG, traz à tona elementos ainda ignorados pelas pesquisas de audiências quantitativas, as quais superestimam os números e subestimam os interesses e a autonomia dos receptores diante da TV que esses querem assistir.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

De olho na Câmara....

Depois de longos dois anos a espera de um posicionamento por parte do Congresso Nacional frente à medida descabida do STF em derrubar a obrigatoriedade do diploma em Jornalismo, os jornalistas brasileiros obtiveram, enfim, uma resposta positiva que foi a aprovação , com 65 votos favoráveis e 7 contrários, da PEC 33/2009, do Senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE), que restitui a exigência do diploma para o exercício da profissão.

Não obstante, a categoria continua aguardando o parecer final que será a votação da PEC na Câmara dos Deputados, para onde o burocrático processo e papelada seguiram. A pergunta agora é: serão necessários mais dois longos anos para que os parlamentares se posicionem a respeito da propositura pra lá de fundamentada a favor não só da categoria, mas de toda a sociedade que prima por uma qualidade na formação dos profissionais da imprensa?.
Veremos. Até lá, de olho na Câmara!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Demissão na Folha e os sinais de mudanças na mídia

A notícia veiculada recentemente na mídia dando conta da demissão de aproximadamente 40 jornalistas do maior jornal do país, a Folha de São Paulo, e, do outro lado, do aumento do espaço para os chamados 'free lancers' no veículo, parece corroborar com as transformações radicais anunciadas, desde o final do século passado, por estudiosos e previstas por profissionais mais experientes do segmento.

Trata-se, como se pode perceber, de uma mudança de logística de mercado no segmento jornalístico respaldada em grande parte nas mudanças que vem afetando em cheio a mídia de um modo geral - aquelas mesmas que se convencional chamar de efeitos da globalização.. -e cujas conseqüências só agora começam a se manifestar de maneira mais abrangente.

Como também é evidenciado por estudos, trata-se aqui de uma onda de mudanças que afeta e promete mudar significamente os vários outros segmentos da grande mídia, a exemplo da indústria de entretenimento e o mercado editorial de livros, isso sem falar no lucrativo mercado das TV`s que mal começaram a sentir os impactos da inovação do revolucionário e ainda incógnito processo de digitalização da comunicação no país.

E, um dos efeitos diretos dessa realidade é a conseqüente mudança no perfil e modos operandi dos profissionais que vivem da comunicação social, essa grande, fascinante e desafiadora área responsável em grande parte pela manutenção do capitalismo em sua forma mais essencial e brutal.
Nesse contexto, portanto, a redução do quadro profissional do jornal Folha de São Paulo, muito mais que uma merca crise financeira, representa verdadeiramente, um dos mais fortes sinais dos tempos de mudanças desse maravilhoso mundo velho, para as quais todos e, em especial, os profissionais da mídia, precisam estar de olho bem abertos!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

a polêmica política de regulação da mídia brasileira

Em continuidade à sua filosofia editorial que inclui, dentre outras, a proposta de colocar a mídia em debate, a revista Carta Capital traz em sua última edição, uma excelente reportagem acerca deste que tem sido um dos temas mais polêmicos que é a política de regulação da mídia brasileira.

Trata-se de mais uma importante contribuiçaõ para que a sociedade não apenas fique melhor informada acerca dos avanços das discussões em torno de tal questão ameaçadora para a grande mídia, mas também se conscientize sobre as estratégias que levam os grupos midiáticos oligárquicos a se posicionarem dessa maneira mediante a questão aqui destacada.

Geralmente denominada de censura pelas grandes empresas de comunicação que dominam o mercado midiático no país, a regulação da mídia vem mobilizando a sociedade civil organizada por meio de várias ações que fizeram de 2011, um ano importante no tocante ao avanço dessa discussão no Brasil.

Para se certificar dessa realidade, recomendo o amigo (a) leitor (a) a uma passagem pelo site da Carta Capital para uma leitura bastante esclarecedora sobre a temática em questão. O endereço é: www.cartamaior.com.br

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Aniversário do Conselho de Comunicação Social

Apesar das várias inserções em diversos espaços da sociedade ocorridas este ano, a exemplo das mesas de debate nas diversas universidades brasileiras e vários eventos promovidos pelo país afora – muitos dos quais registrados aqui neste espaço -, a discussão acerca da democratização da comunicação e regulamentação do sistema de comunicação social no Brasil ainda está longe de render os resultados almejados pela sociedade civil organizada.

Um dos maiores exemplos disso é o aniversário de cinco anos da negligência dos poderes constituídos e em especial, do Congresso Nacional no que diz respeito ao funcionamento oficial do Conselho de Comunicação Social (CCS) em, cumprimento, vale ressaltar, a uma lei da Constituição Federal ( lei 8.389/1991).

E assim, no próximo domingo, 20, como nos lembra oportunamente o pesquisador e escritor Veniciu Lima, serão cinco anos que o Conselho de Comunicação Social (CCS), criado pela Constituição de 1988 (artigo 224) e regulamentado por lei em 1991, se reuniu pela última vez. De lá para cá a Mesa Diretora se recusa a convocar a sessão conjunta para eleição dos novos membros, como manda o § 2º do artigo 4º da Lei 8.389/91.

O CCS, é bom lembrar, uma vez que este ainda é desconhecido pela grande maioria dos brasileiros e desconfio que até mesmo da categoria de jornalistas brasileiros, é um órgão auxiliar do Congresso, o único espaço institucionalizado de debate sobre o setor de comunicações no nosso país, com representação da sociedade civil. No entanto, não funciona há cinco anos por deliberada omissão do Congresso.

Enquanto isso, aqui na Paraíba, a imprensa faz festa em torno da posse do senador Cássio Cunha Lima, destacado na mídia estadual como um dos fatos mais importante deste ano que se encerra. Só para contextualizar a nossa situação no cenário nacional em torno de tal dilema e, claro, para sugerir aos colegas jornalistas paraibanos, solicitarem ao nosso tão aclamado novo senador, uma mãozinha no processo de aprovação do CCS....

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Evento discutirá democracia e liberdade de imprensa

Em continuidade à luta por este que é um dos direitos humanos fundamentais e essenciais ao desenvolvimento da humanidade, o direito à comunicação livre e plural, entidades civis se reúnem para a realização de mais um evento colocando em pauta a democratização da comunicação. Trata-se do seminário Democracia e Liberdade de Imprensa, evento que acontecerá no dia 3 de novembro em Porto Alegre.

A iniciativa desta feita vem de uma parceria entre a Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom) e Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. Mídia, democracia, regulação, liberdade de imprensa e de expressão: estes serão os temas centrais do seminário e que serão discutidos por jornalistas, professores, magistrados e militantes sociais.

Dentre os convidados para participar do evento estão Franklin Martins, Paulo Henrique Amorim, Luiza Erundina e Venício Lima. Mais informações sobre o evento, pelo site: www.cartamaior.com.br


Mídia, democracia, regulação, liberdade de imprensa e de expressão: estes serão os temas centrais do seminário promovido pela Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores de Comunicação (Altercom) e Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, no dia 3 de novembro, em Porto Alegre. O evento será na Escola Superior da Magistratura (rua Celeste Gobbato, nº 229, bairro Praia de Belas).

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

PB GANHARÁ SUA PRIMEIRA TV UNIVERSITÁRIA ABERTA

Em breve a Paraíba terá o seu primeiro canal de TV universitária aberto. A novidade vem do Pólo Multimídia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), referência nacional em desenvolvimento tecnológico na área das telecomunicações.

A TV UFPB segue padrão de qualidade da TV Brasil – único canal de TV pública vigente no país - , e funcionará por meio de um novo centro exibidor. Trata-se de um equipamento digital, instalado no prédio do Pólo Multimídia, obtido com recursos próprios da instituição. Este equipamento segue o padrão técnico utilizado pela TV Brasil, operando com tecnologia SD – SDI, que atende aos formatos Standard Definition e High Definition (HDTV).

Os dispositivos foram adquiridos, segundo relise publicado pela instituição, junto à Floripa Tecnologia, de Santa Catarina, uma das maiores empresas do setor no Brasil. A nova tecnologia, que utiliza sistemas tapeless (que dispensa fitas), substituiu os antigos videotapes e switches, simplificando, com grande eficácia, o trabalho dos operadores de controle mestre, pois reduz a quantidade de equipamentos da cadeia de transmissão ao mesmo tempo em que amplia as possibilidades técnicas.

Conforme informações divulgadas pela instituição, o novo centro exibidor proporciona ainda vantagens que vão além da qualidade e da fácil operacionalidade. Segundo o coordenador de programação da TV UFPB, Júnior Pinheiro, o sistema gerencia conteúdo e o armazenamento da produção de tal forma que facilita a organização da grade de exibição. Traduzindo melhor, conforme explicou Pinheiro, isso permitirá o uso racional do espaço reservado pela TV Brasil à programação local, o que significa, na prática, mais espaço de fato para a produção local.

Esta, vale dizer, é uma das principais novidades aguardadas ansiosamente não apenas pela UFPB, mas por toda a comunidade paraibana e, em especial, pelos diversos segmentos sociais que se empenham na luta pela democratização da comunicação. É por meio de iniciativas iguais a esta que, certamente, num curto ou – sendo um pouco mais franco otimista – num médio prazo de tempo, nós paraibanos podermos assistir a uma programação de TV diferenciada, voltada à veiculação de um conteúdo midiático mais plural, multicultural e politicamente democrático. Assim se espera!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

mídia, exclusividade e democracia

A compra da exclusividade dos direitos de transmissão dos jogos Pan-Americanos pela TV Record, como já era de se esperar, acirrou ainda mais o clima de concorrência com sua maior rival, a Rede Globo, instigando a quebra de braços e medição de forças entre as duas maiores redes de televisão do país.

O estupim para esse novo capítulo do duelo midiático Rede Globo x Rede Record foi o uso de alguns segundos de imagens do Pan durante o programa dominical Fantástico. Acusada pela Record de uso indevido de imagens, a TV dos Marinhos saiu em defesa acusando a Associated Press (APTN), agência de notícias contratada pela emissora, que teria errado ao repassar para o canal imagens restritas dos jogos Pani-Americanos. ,

Indo um pouco além do jogo retórico de com quem está a razão, cabe aqui uma reflexão em torno desse tal direito exclusivo de uso de magens que, em casos, como esse, abre margem para alguns questionamentos. Afinal de contas, até que ponto essa prerrogativa legal respaldada num contrato meramente comercial não fere o direito maior de acesso à informação plural e democrática a que todo cidadão, em tese, deveria estar contemplado?.

Algo que pesa ainda mais em se tratando da divulgação de um evento esportivo - e, portanto, cultural, ou seja de caráter universal - de proporção continental cuja propagação fica regida por clásulas contratuais mercadológicas. Até quanto nós receptores cidadãos ficaremos reféns desse monopólio que tem nos grandes eventos esportivos a exemplo dos jogos Pan-Americanos, um dos casos mais explícitos do desrepeito ao caráter público que constitucionalmente, rege o processo de funcionamento das TV`s e emissoras de rádio abertas no país?. Pensemos nisso!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Um bom exemplo na mídia

Nem só de má notícia, violência, sensacionalismo e espetacularização vive a mídia. Vez por outra nos deparamos com projetos editoriais interessantes que fogem do comum e reforçam a esperança em folhearmos páginas recheadas apenas de matérias humanizadas, otimistas. Melhor ainda: nos vemos diante de projeto focado não no lucro mercadológico mas sim na solidariedade.

É o caso da revista "Por Exemplo". Recém lançada no mercado, pela editoria Mol, a publicação - fruto de uma parceria com a rede Extra - traz exemplos de vida, com casos de superação e atitude. O valor da capa do veículo será inteiramente revertido para ONG’s com foco na qualidade da Educação.

A expectativa é reverter aproximadamente R$4,9 milhões para a causa, no período de um ano. Entidades beneficiárias de todo o País serão selecionadas por meio de um edital publicado na revista. A “Por Exemplo” tem tiragem de 280 mil exemplares e prevê a publicação de oito edições no ano. Ela vem acompanhada de uma publicação infantil chamada “Por Exemplo para Crianças”, que tem como objetivo democratizar o acesso à informação e à cultura, com orientações práticas e situações do cotidiano .

Na condição de leitores ávidos por exemplos dessa natureza, façamos a nossa parte, comprando os exemplares dessa publicação. Vida longa para essa publicação e que sirva de bom exemplo para o mercado editorial brasileiro.

OBS: dados extraídos de texto do site http://wwweuvocetodospelaeducacao.org.br

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Paraíba de olho na mídia!!!

Depois de já haver sido interpelada pelo Ministério Público em decorrência da veiculação de conteúdo inapropriado para o horário e desrespeito aos direitos humanos, o Sistema Correio de Comunicação volta a ser alvo da instituição, e desta feita, sofre uma ação de pedido de suspensão de programa e cassação da concessão pública, além de pagamento de indenização de R$ 500 mil. O foco da ação é o programa Correio Verdade, exibido diariamente pela emissora e que se apresenta com um forte teor sensacionalista.

Vejam os detalhes dessa nova vitória da sociedade contra a baixaria na TV, através da matéria publicada no portal paraibahoje, a qual reproduzimos na íntegra:

Ação pede suspensão de programa, cassação da concessão da TV Correio (repetidora da TV Record na Paraíba) e pagamento de indenização de R$ 500 mil à menor, pelo uso indevido da imagem, violação da privacidade e danos morais, além de danos morais à coletividade, no valor de R$ 5 milhões.

O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF) propôs ontem, 6, ação civil pública com pedido de liminar contra a TV Correio (repetidora da TV Record na Paraíba) e o apresentador do programa Correio Verdade, Samuel de Paiva Henrique (conhecido pela alcunha de Samuka Duarte), em virtude da exibição de cenas reais do estupro de uma menor ocorrido em Bayeux (PB). As cenas, filmadas com o uso de um celular por um comparsa do autor da violência, foram exibidas no programa da última sexta-feira, 30 de setembro. A ação também foi proposta contra a União.

Segundo a ação, “não se encontraria, no país inteiro, exemplo mais cabal de exploração da miséria humana, da sexualidade pervertida, de desrespeito com os valores da sociedade e da família e de atropelo da dignidade de uma criança por meio de veículo de comunicação, do que este”. Tais cenas, disfarçadas com recurso de tênue desfoque, mostradas no horário do almoço, “transformam a casa de milhares de cidadãos paraibanos em palco para a sexualidade pervertida e criminosa, além de tripudiar com a dignidade e os direitos da personalidade da infeliz vítima”.

A ação destaca que, como forma de atrair o público, especialmente o infantil, “estas cenas foram anunciadas e repetidas durante todo o horário de exibição - de 12h às 13h, do dia 30 de setembro, como a maior 'atração' do dia, com frequentes inserções de parte do vídeo que mostrava a adolescente sendo despida, com promessas que a filmagem completa seria mostrada no final do programa (o que de fato ocorreu, a partir das 12h50), quando o apresentador chegou ao paroxismo da histeria”.

Estupro como atração - Em outro trecho da ação consta que, às 12h29, o apresentador exclamou: "'Atenção! Vocês vão ver uma história de estarrecer... uma estudante de treze anos... violentada... tudo foi filmado... Vocês aguardem porque as imagens vocês vão ver aqui como foi. São chocantes!' (...) Às 12h34 é exibida a cena da desnudez, enquanto o apresentador descreve: 'Olha o cara tirando a roupa dela aí, ó. Só um trechinho. Depois a gente vai mostrar tudo'. Às 12h41, exibição de novas cenas do crime e descrições (...) 'Ela tá deitada', 'Tá como se estivesse dopada'. Finalmente, chega o gran finale. Às 12h54, o apresentador afirma que irá 'mostrar agora' cenas que irão 'chocar a Paraíba'. Cinicamente, pede 'que as crianças saiam da sala', o que não o impede de continuar apelando: 'Atenção que nós vamos mostrar agora'”.

Na ação, o Ministério Público Federal defende que a exibição dessas cenas, mesmo com o desfoque, é inteiramente proibida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.

Ofensa à dignidade - No caso do programa Correio Verdade, o MPF entende que "uma concessão pública foi utilizada como instrumento da violação de direitos fundamentais da pessoa humana, e exatamente do segmento mais fragilizado da sociedade – as crianças e adolescentes. Nenhuma justificativa de informação pública pode socorrer os autores de tamanha afronta, absolutamente desnecessária, que ofendeu a dignidade da pobre vítima, ampliando seus ultrajes e vergonha, e a dignidade dos telespectadores, transformados, em pleno horário do meio dia, em espectadores de um 'snuff movie' que seria proibido até mesmo no horário da madrugada ou no mais recôndito dos cinemas pornôs”.

Ainda na ação, o MPF cita recente proibição, pela Justiça Federal, de exibição de filme, de procedência sérvia, que em uma das cenas simulava o estupro de um bebê (foi utilizado um boneco) e questiona: “O que se dizer, então, da TV aberta que exibe em pleno meio dia cenas de um estupro real, precedidas de inúmeros 'trailers' apelativos com parte das cenas e chamadas do apresentador? (...) O que falta para a TV Correio em seu vale tudo pela audiência? Exibir cenas reais do estupro de um bebê - posto que de criança já exibiu – a pretexto de 'informação'?

Violação de imagem - A ação fundamenta-se na violação do direito à imagem (que no caso, por se tratar de crime, nem com autorização dos responsáveis poderia ser exibida publicamente), do direito à intimidade e à honra da criança vítima - que pode ser perfeitamente identificada no meio em que vive - para pedir condenação do apresentador e da emissora, em prol da menor, no valor de R$ 500 mil. “A infelicidade de um crime não torna o corpo da vítima objeto do domínio público para que os réus dele possam servir-se com fins lucrativos”, defende o procurador da República Duciran Farena, que subscreve a ação.

Danos morais - São pedidos também na ação danos morais coletivos, sofridos pela sociedade com a exibição da cena, no valor de cinco milhões de reais, que serão revertidos ao Fundo Municipal da Criança e do Adolescente das cidades de João Pessoa e Bayeux. Liminarmente, pede-se também que a emissora seja compelida a abster-se de exibir no programa qualquer imagem de menor, seja vítima de crimes, seja menor em conflito com a lei.

Cassação da concessão - Contra a União, pede-se o monitoramento dos programas transmitidos pela TV Correio, a suspensão - por 15 quinze dias - do programa Correio Verdade e a cassação da concessão. A União, como titular da concessão de radiodifusão, ainda responderá subsidiariamente pelas indenizações, no caso de falência ou desaparecimento dos réus.

Outras providências - O procurador também anunciou que outras providências serão tomadas com relação ao programa Correio Verdade, como recomendações aos patrocinadores para que suspendam a publicidade no programa e à própria TV Record, para que impeça a retransmissão de sua programação pela afiliada TV Correio.

Classificação indicativa - O Ministério Público Federal vem acompanhando o problema da inadequação do conteúdo dos programas policiais sensacionalistas para o horário em que são exibidos na Paraíba (entre 12h e 13h), por meio do Inquérito Civil Público nº 1.24.000.00706/2007-69. Em agosto foi solicitado às emissoras, inclusive à TV Correio, um compromisso de que ajustariam sua programação à classificação indicativa do Ministério da Justiça (Portarias MJ nº 1.100/2006 e nº 1.220/2007).

A despeito da TV Correio ter subscrito - com as demais emissoras - documento reafirmando seu respeito às diretrizes delineadas pela Portaria Ministerial MJ nº 1.220/2007, “o conteúdo do programa Correio Verdade somente tem piorado, chegando ao cúmulo do intolerável com a exibição das cenas do estupro”, conforme declarou o procurador Duciran Farena.

O procurador informou que aguarda apenas análise do conteúdo do programa Correio Verdade, pelo Ministério da Justiça, para ingressar com nova ação com vistas a responsabilizar a empresa pelo descumprimento da classificação indicativa.

O valor da causa é de R$ 5.500.000,00.

Ação Civil Pública nº 0007809-20.2011.4.05.8200 ajuizada em 06/10/2011.

Fonte: www.pbhoje.com.brr/Élison Silva com o MPF-PB

Isso é o que dá quando a sociedade mantém-se de olho vivo na mídia e luta pelo mínimo que lhe é de direito que é o respeito dos meios de comunicação à dignidade humana. Paraíba: de olho na mídia!

domingo, 25 de setembro de 2011

A escrita dos estudantes de Comunicação Social

Continua repercutindo no meio acadêmico e mesmo fora dele, o resultado de uma pesquisa publicado recentemente e que dá conta de que os estudantes de Comunicação Social têm pior desempenho na escrita do que os universitários da área de exatas, como Engenharia, por exemplo. No estudo, os engenheiros obtiveram a melhor avaliação e 87,5% conseguiram passar nos testes. Na outra ponta estão os alunos de Comunicação, 65,3% deles foram reprovados.

A pesquisa foi conduzida pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), centro de recrutamento e seleção de estagiários. O teste foi feito entre 1º de janeiro e 31 de agosto de 2011 e dez mil candidatos a vagas de estágio realizaram um ditado de 30 palavras, que permitia até seis erros. Dentre as palavras avaliadas estavam: desajeitado, autorizar, exceção, seiscentos e anexo.

Mesmo não sendo novidade para muitos, menos ainda para os professores que trabalham com disciplinas de produção textual, como é o meu caso, a notícia não deixa de ser preocupante. Trata-se aqui de um fenômeno que, como também não deve ser novidade para ninguém, tem como causa principal o total descaso dos estudantes pelo hábito imprescindível para quem quer ler e falar bem que é o ato da leitura.

Mesmo sendo contrário à comparação feita na pesquisa, ficamos imaginando que quem sabe, talvez, resultados dessa natureza, desperte o alunado de Comunicação Social a reagir para mudar essa realidade. Algo só possível, por meioda descoberta do prazer pela leitura....

Um problema que, como todos os demais existentes no mundo, há sempre solução. Menos mal!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Participe do marco regulatório para as comunicações

A Constituição brasileira estabelece os princípios e regras mínimas que devem ser respeitadas pelos meios de comunicação de massa, ou seja, o rádio e a TV, que são concessões públicas. Por exemplo: não pode haver monopólio na mídia; as emissoras devem veicular programação regional e independente; a prioridade deve ser para conteúdos informativos e culturais; o país deve ter um forte sistema público de comunicação; o direito de resposta deve ser garantido; é vedada qualquer censura de natureza política e ideológica; etc

O problema é que até hoje a Constituição não é cumprida porque depende de leis específicas para isso. Ao mesmo tempo, as poucas leis que existem não são respeitadas ou estão ultrapassadas. Para se ter uma idéia, o Código Brasileiro de Telecomunicações é da década de 60, quando ainda assistíamos TV em preto e branco e internet era algo desconhecido.

Já passou da hora de mudarmos essa realidade e construirmos uma comunicação de fato democrática no Brasil, que garanta pluralidade, diversidade e liberdade de expressão para todos - não só para os donos da mídia. Em 2009, milhares de cidadãos e cidadãs brasileiras participaram da I Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que teve como uma de suas principais resoluções a afirmação da necessidade de um novo marco regulatório para as comunicações no nosso país.

De lá pra cá, considerando os debates da Confecom, movimentos populares e organizações da sociedade civil aumentaram a mobilização em prol de uma nova lei geral para o setor. Ao mesmo tempo, o governo federal elaborou um projeto, que ainda não foi tornado público, mas vem sendo discutido no Ministério das Comunicações.

Para incentivar que o conjunto da população participe deste debate, dizendo que mídia quer para o Brasil, diversas organizações que historicamente lutam pela democratização da comunicação lançaram uma consulta pública na internet. A idéia - partindo de uma proposta inicial, com princípios, objetivos e 20 diretrizes - é construir um conjunto de propostas da sociedade civil para a legislação de comunicação, ou seja, uma plataforma da sociedade civil para o novo marco regulatório, que depois será apresentada ao poder público.

A consulta pública fica aberta até 7 de outubro e qualquer pessoa pode dar suas contribuições. Um documento final será consolidado para lançamento no Dia Mundial da Democratização da Mídia, 18 de outubro.

Convidamos todos e todas então a participar deste processo! Sua opinião é fundamental para que a diversidade brasileira - regional, étnico-racial, de gênero, orientação sexual, classe etc - também esteja presente nesta plataforma da sociedade civil. Entre no site www.comunicacaodemocratica.org.br e contribua com a consulta pública por um novo marco regulatório das comunicações. Vamos juntos construir uma mídia plural e verdadeiramente democrática!


Fonte: Movimentos Novos Rumos

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Luta pelo Marco Regulatório das Comunicações

Já está no ar, o site com a consulta pública sobre a Plataforma para um Novo Marco Regulatório das Comunicações. A plataforma, que ficará disponível até 7 de outubro, é resultado de um seminário realizados em maio, no Rio de Janeiro, no qual oito entidades nacionais ficaram responsáveis por elaborar a plataforma.

Para colaborar com as diretrizes de comunicação do país, basta acessar os site:www.comunicacaodemocratica.org.br e deixar sua contribuição.

Saiba mais: Marco regulatório é o conjunto de leis, decretos e normas que organizam determinado setor – neste caso, a comunicação. Em geral, esse marco regulatório está estruturado a partir de uma lei principal, e está articulado com as políticas públicas implementadas pelo Poder Executivo. No Brasil, a lei principal que incide sobre rádio e televisão é o Código Brasileiro de Telecomunicações, de 1962.

Fonte: www.comunicacaodemocratica.org.br

domingo, 4 de setembro de 2011

Comunicação e recepção: dos efeitos às mediações

Continuando a reflexão em torno da leitura do livro “Comunicação & Recepção”, farei aqui um resumo do conteúdo apresentado pelas autoras Nilda Jacks e Ana C. Escosteguy, no capítulo inicial da obra. Nela, as autoras apresentam, de forma específica, um retrospecto histórico acerca da tradição dos estudos dos efeitos, que, em verdade, engloba uma variedade de hipóteses e correntes de investigação.

Intitulado de “As tradições norte-americanas”, o capítulo é dividido em seis tópicos, por meio dos quais, são apresentadas algumas abordagens mais propriamente teóricas dos estudos dos efeitos, e da tradição de análise da recepção, que, diferentemente destes primeiros, implica o tratamento da relação entre media e receptores oferecida, em especial, por uma corrente de investigação muito claramente delimitada, a dos cultural studies.

Respaldadas na visão de outros estudiosos referências neste campo de estudo, a exemplo de Jensen e Rossengreen, Jacks e Escosteguy expõem e ao mesmo tempo analisam diferentes abordagens facilitando o nosso entendimento acerca do encontro entre os meios de comunicação de massa e suas audiências - o que implica considerar como interpretam e descrevem os media, os receptores e o processo receptivo propriamente dito. Nesse sentido, fica evidente que não se trata simplesmente de identificar qual a descrição mais detalhada ou verdadeira, nem de estabelecer qual a interpretação mais adequada, e sim, explorar as contribuições que elas oferecem para a compreensão do processo comunicativo.

É dessa maneira que, resumidamente aqui descrito, o texto analisado apresenta uma classificação que inclui a teoria dos efeitos – geradora das primeiras pesquisas em comunicação e ao lado desse postulado teórico, discute-se outra perspectiva, que é a dos usos e gratificações, segundo a qual os membros da audiência eram conscientes de necessidades relacionadas aos meios de comunicação, pressupondo-se a partir de então, a existência de uma audiência ativa.

Além desses, também é apresentado um resumo acerca da corrente denominada de Estudos Literários que destaca o olhar sobre a audiência inscrita no texto com destaque para o contexto enquanto parte integrante da prática interpretativa e encontro dialógico entre leitor;receptor e texto. Em seguida, o capítulo apresenta um tópico específico sobre os Estudos Culturais. Apontada como o encontro de disciplinas que permitiram a combinação da pesquisa textual com a social, a corrente teórica inglesa é apresentada como uma pesquisa de comunicação que vai além dos meios, buscando as relações entre textos, grupos sociais e contexto, ou seja, “entre práticas simbólicas e estruturas de poder”. Nesse sentido, esta escola se coloca diferenciada dos estudos literários pela relevância que dá aos usos dos meios e à posição social ocupada pelos leitores.

Em seguida, respaldada em outros autores, elas apresentam um tópico sobre Análise da Recepção, apontada, em síntese, como um espécie de esforço de reflexão fruto do desdobramento dos Estudos Culturais e que apresenta-se diferenciada desta pelo uso metodológico, ressaltnando-se os estudos comparativos no processo de análise da audiência, traçando-se assim, uma visão mais ampla acerca da relação entre o discurso dos media e a recepção deste feita pelos receptores. Subdivisão esta que é constestada por outros autores também citados, a exemplo de Gomes, para quem a Análise de Recepção nada mais é do que um braço dos Estudos Culturais.

Por fim, depois de apresentar algumas classificações teóricas em torno da questão central, as autoras deixam claro, ao final do capítulo, a diversidade de visões e postulados teóricos que caracterizam o campo de estudos da recepção, ainda emergente, evidenciando o avanço registrado nas últimas décadas no tocante à mudança de paradigma em torno da audiência dos meios.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Comunicação e recepção: dos efeitos às mediações

Continuando a reflexão em torno da leitura do livro “Comunicação & Recepção”, farei aqui um resumo do conteúdo apresentado pelas autoras Nilda Jacks e Ana C. Escosteguy, no capítulo inicial da obra. Nela, as autoras apresentam, de forma específica, um retrospecto histórico acerca da tradição dos estudos dos efeitos, que, em verdade, engloba uma variedade de hipóteses e correntes de investigação.

Intitulado de “As tradições norte-americanas”, o capítulo é dividido em seis tópicos, por meio dos quais, são apresentadas algumas abordagens mais propriamente teóricas dos estudos dos efeitos, e da tradição de análise da recepção, que, diferentemente destes primeiros, implica o tratamento da relação entre media e receptores oferecida, em especial, por uma corrente de investigação muito claramente delimitada, a dos cultural studies.

Respaldadas na visão de outros estudiosos referências neste campo de estudo, a exemplo de Jensen e Rossengreen, Jacks e Escosteguy expõem e ao mesmo tempo analisam diferentes abordagens facilitando o nosso entendimento acerca do encontro entre os meios de comunicação de massa e suas audiências - o que implica considerar como interpretam e descrevem os media, os receptores e o processo receptivo propriamente dito. Nesse sentido, fica evidente que não se trata simplesmente de identificar qual a descrição mais detalhada ou verdadeira, nem de estabelecer qual a interpretação mais adequada, e sim, explorar as contribuições que elas oferecem para a compreensão do processo comunicativo.

É dessa maneira que, resumidamente aqui descrito, o texto analisado apresenta uma classificação que inclui a teoria dos efeitos – geradora das primeiras pesquisas em comunicação e ao lado desse postulado teórico, discute-se outra perspectiva, que é a dos usos e gratificações, segundo a qual os membros da audiência eram conscientes
de necessidades relacionadas aos meios de comunicação, pressupondo-se a partir
de então, a existência de uma audiência ativa.

Além desses, também é apresentado um resumo acerca da corrente denominada de Estudos Literários que destaca o olhar sobre a audiência inscrita no texto com destaque para o contexto enquanto parte integrante da prática interpretativa e encontro dialógico entre leitor;receptor e texto. Em seguida, o capítulo apresenta um tópico específico sobre os Estudos Culturais. Apontada como o encontro de disciplinas que permitiram a combinação da pesquisa textual com a social, a corrente teórica inglesa é apresentada como uma pesquisa de comunicação que vai além dos meios, buscando as relações entre textos, grupos sociais e contexto, ou seja, “entre práticas simbólicas e estruturas de poder”. Nesse sentido, esta escola se coloca diferenciada dos estudos literários pela relevância que dá aos usos dos meios e à posição social ocupada pelos leitores.

Em seguida, respaldada em outros autores, elas apresentam um tópico sobre Análise da Recepção, apontada, em síntese, como um espécie de esforço de reflexão fruto do desdobramento dos Estudos Culturais e que apresenta-se diferenciada desta pelo uso metodológico, ressaltnando-se os estudos comparativos no processo de análise da audiência, traçando-se assim, uma visão mais ampla acerca da relação entre o discurso dos media e a recepção deste feita pelos receptores. Subdivisão esta que é constestada por outros autores também citados, a exemplo de Gomes, para quem a Análise de Recepção nada mais é do que um braço dos Estudos Culturais.

Por fim, depois de apresentar algumas classificações teóricas em torno da questão central, as autoras deixam claro, ao final do capítulo, a diversidade de visões e postulados teóricos que caracterizam o campo de estudos da recepção, ainda emergente, evidenciando o avanço registrado nas últimas décadas no tocante à mudança de paradigma em torno da audiência dos meios.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Comunicação e recepção

O texto introdutório do livro “Comunicação & Recepção” de autoria das pesquisadoras Nilda Jacks e Ana C. Escosteguy (Hacker Editora, 2005), no qual ambas apresentam um mapeamento e retrospecto histórico evolutivo dos estudos da audiência dos meios, se apresenta como uma leitura bastante instigante e elucidativa. Indo um pouco além da proposta pedagógica principal da obra, na discussão introdutória, as autoras levantam, de maneira didática, questões que extrapolam a problematização em torno da comunicação e recepção, indo ao encontro do que, particularmente, considero como ponto de partida para qualquer que seja a perspectiva de estudo em torno da comunicação, termo este que, como não é mais novidade, vem sendo exaustivamente propagado dentro e fora do âmbito acadêmico, tornando-se um dos, isto é, se não o maior, signo mais marcantes da modernidade.

Revestidas por uma postura vigilante epistemológica e conceitual, as autoras tratam, inicialmente, das noções sobre cada um dos termos justapostos (comunicação/recepção), para em seguida, se inserirem no universo da chamada corrente de estudos da audiência dos meios, ou simplesmente, recepção, como preferem alguns autores. Neste sentido, ao separar os termos-chave da problematização em destaque, respaldadas nas considerações de Francisco Rüddiger, elas destacam primeiramente a pluralidade e ambivalência que caracteriza o campo semântico e conceitual da comunicação, colocando este como um fenômeno extremamente abrangente e que extrapola o universo midiático propriamente dito, para logo em seguida demonstrar que, portanto, ao tratarmos de recepção, estamos nos referindo especificamente, a uma parte do processo comunicacional desenvolvido com e através das mídias. Assim, deixam claro que “ o processo da comunicação engloba a recepção e que este, é parte constitutiva, intrínseca do primeiro”.

Portanto, falar de recepção é falar especificamente de um momento específico desse complexo processo - embora essa especificidade momentânea seja combatida por alguns autores - do qual somos todos agentes partícipes. Momento este que, vale salientar, embora há décadas vem sendo um dos principais nortes investigativo do campo acadêmico das pesquisas em comunicação, só mais recentemente, ganhou uma nova perspectiva, um prisma característicamente mais plural e dialético.

É nesse sentido que Jacks e Escosteguy destacam que “[...] é longa a discussão sobre a adequação ou não do termo recepção para nomear as relações das pessoas com os meios de comunicação, principalmente no âmbito da pesquisa de comunicação, que tem forte ligação com modelos teóricos que consideram os membros da audiência como receptáculos passivos das mensagens midiáticas”. (Pg.14). Trata-se, aqui, como se pode observar, de uma clara alusão à visão defendida pela tradicional Escola de Frankfurt, através dos primeiros estudos levantados em torno das análises do fenômeno da audiência, desenvolvidos no início do século XX.

Só depois de fazer esse preâmbulo elucidativo é que as autoras passam a apresentar aquilo que é a proposta da obra em questão aqui já mencionada. É seguindo essa estratégia retórica que elas destacam as recentes linhas de pesquisas centradas numa perspectiva diferenciada centrada na figura de um sujeito receptor ativo, cuja relação com os meios de comunicação é entendida de maneira diferenciada.

Feito isso, o texto trata em seguida de apresentar a diversidade de termos surgidos no transcorrer das últimas décadas que apontam para as diversas nuances e perspectivas crítico-analíticas em torno dessa vasta problematização que, como podemos perceber, tratam os estudos da recepção.

Dentre esses se destacam “estudos qualitativos da audiência”, “estudo das mediações”, “uso social dos meios”, “Educação para os meios”, e outros. Também é especificado que, embora estejam todos dentro de um mesmo campo de estudo e focados num mesmo fenômeno, essas denominações apontam para perspectivas diferencias, tais como ‘o processo de relação com meios’, ‘os receptores’, ‘o momento de interação ou até mesmo todos esses aspectos reunidos’. Tal diversidade também se justifica através da variedade de elementos a serem estudados dentro dessa linha de pesquisa que, por exemplo, pode vir a ser um tipo de mídia, um tipo de conteúdo midiático (programa, novela, noticiário, etc), ou mesmo a relação com os meios a partir de questões de gêneros (homem, mulher, criança, etc).

Em outro momento extremamente significativo do texto, as autoras apresentam algumas noções conceituais a fim de fazer-nos compreender o que de fato podemos chamar de recepção que, de maneira restrita, segundo as autoras, pode ser compreendida como um estudo da “relação das pessoas como os meios ou veículos de comunicação, com programas, gêneros, mensagens, ou momentos particulares, abarcando a complexa configuração de elementos e fatores que caracterizam o fenômeno como um todo” (pg.15). Aqui está, portanto, uma síntese em que se destaca o momento da recepção
e também da produção, especificando-se os elementos concretos de (pré) ocupação das pesquisas da audiência.

Essa noção, entretanto, não contempla, é importante frisar, aquilo que pode ser considerado como o efeito principal da audiência contemplado por essa perspectiva que é o processo de produção de sentido e de (re) significação ocorrido no desencadeamento do relacionamento dos sujeitos receptores com os meios. Aqui está, sem sombra de dúvidas, como apontam alguns outros autores, o elemento problematizante maior da questão envolvendo essa parte do processo comunicacional de que trata a recepção e para a qual, nossos olhares devem se voltar para nos mantermos mais vigilantes e críticos enquanto sujeitos receptores ativos.

Acredito que só, a partir de tais elucidações aqui destacadas por meio do texto mencionado é que podemos seguir mais firmes na jornada em busca por uma melhor compreensão da comunicação e sua multiplicidade fenomenológica, bem como, dar conta das relações de concluências entre essa e diversos outros fenômenos, a exemplo da educação e da cultura, como trataremos mais adiante.

Até a próxima recepção!

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O sujeito emissor-receptor

Configuração histórica de origem aristotélica que serviu de padrão para o desenvolvimento dos estudos das teorias da comunicação, o modelo triádico da comunicação constituído pelos elementos: emissor-mensagem-receptor, continua referenciando em grande parte, a compreensão básica da comunicação enquanto fenômeno processual. Nesse sentido, em detrimento dos diversos outros elementos já acrescidos a este modelo por vários estudiosos no transcorrer das últimas décadas (canal, contexto, ruído, etc), a relação entre esses elementos e, de maneira ainda mais especial, entre os dois pólos extremos da comunicação (emissor/receptor) é algo que vem suscitando novas e importantes reflexões.

Nesse contexto, uma das mais correntes e que vem sendo provocada pela Escola dos Estudos Culturais foca a atenção na figura do receptor-ativo, ou seja, o sujeito que não apenas recebe a mensagem mas que se apropria dessa, ressignificando-a, dando-lhe um sentido diferente.

Trata-se aqui, de uma característica que tem no fenômeno da subjetividade, o cerne central e que faz com que olhemos para o receptor de maneira diferente do que apregoa, por exemplo, a visão linear e simétrica da comunicação (emissor-mensagem-receptor). Faz com que visemos a figura do receptor não mais como uma tábua rasa, um mero receptáculo, ou seja, alguém que apenas acolhe, guarda aquilo que lhe é ‘depositado’, mas sim, passemos a vê-lo como um sujeito-emissor.

Alguém que, longe de ser o fim do processo comunicacional, é também um agente emissor de ideias, pensamentos e capaz de reagir de maneira autônoma e crítica frente às mensagens que lhes são dirigidas.

Não obstante, para que o sujeito passe de receptor passivo à condição de receptor ativo, é necessário que esse alcance um certo nível de interatividade dialética no processo comunicacional. Faz-se necessário que esse assuma a sua condição de ser pensante e socialmente habilitado a superar as amarras ideológicas que se sobrepõem à sua consciência crítica.

Trata-se aqui, portanto, de uma mudança de postura intelectual e sociocultural por meio da qual esse sujeito se torne um autêntico cidadão. Para tanto, uma das premissas básicas que propulsiona essa alteração é a leitura reflexiva.
Algo que pode ser feito com o auxílio de livros e mediação das diversas instâncias do saber escolar, mas que também, vale ressaltar, se desenvolve por meio do simples olhar criterioso de um sujeito situado num mundo diverso e cuja ordem de funcionamento este deseja conhecer para interagir dinamicamente, fugindo da passividade. Passividade esta que, afora os limites intelectuais e de natureza mental que porventura esse sujeito possa ser agente, é, em geral, algo produzido pelas diversas instâncias ideológicas de poder a exemplo da política, religião e, hoje, mais do que nunca, o sistema midiático.

É sobre esse em especial que voltaremos a falar, em continuidade ao desenvolvimento desse raciocínio, apontando em especial, para algo aqui já mencionado no texto anterior que é a cultura midiática. Até lá !.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

As mídias: uma nova matriz cultural

Amplamente discutido dentro e fora do universo acadêmico, o fenômeno midiático continua despertando um misto de atenção, preocupação, fascínio e desafio na contemporaneidade. Como não é mais novidade para ninguém, muito mais que um sistema de comunicação de transmissão de informação e promoção de entretenimento, as mídias desempenham, hoje, o mais significativo papel de agentes de socialização, mediando as relações do indivíduo com o mundo a sua volta e deste para consigo mesmo.

Trata-se aqui, portanto, de uma nova modalidade de cultura, ou seja, de modo de ser e estar no mundo, a qual tem recebido diversas denominações tais como cultura da mídia, cultura das mídias, cultura midiática, e midiacentrismo. Diferenças conceituais a parte, essas denominações trazem em comum o consenso de que as mídia constituem uma nova matriz cultural, de onde emergem uma série de modos de configurações da realidade, do cotidiano.

É o que defende, por exemplo, em seu livro que trata da relação entre mídia e educação, a socióloga Maria da Graça Setton. Ao destacar o conceito mais amplo de cultura, enquanto um produto da atividade material e simbólica dos humanos, a educadora ressalta a distinção desta para as demais matrizes de cultura existentes e que compõem o universo socializador do indivíduo contemporâneo, dentre as quais podemos destacar a religião e a política.

A partir dessa conjuntura, não é preciso irmos muito longe para concluirmos que, portanto, para compreendermos o tempo em que vivemos e a nós mesmos, faz-se necessário aprofundarmos a nossa visão sobre o fenômeno midiático e em torno daqueles que estão associados diretamente a este, a exemplo da própria cultura, bem como da relação imbricada entre comunicação e educação, como já foi destacado nesse blog em diversos outros artigos aqui postados.

Nesse sentido, indicamos aos interessados nesse paradigma e viés de discussão, algumas leituras instigantes e de fácil assimilação, a exemplo da própria obra mencionada de autoria de Setton, intitulada “Mídia e Educação”, bem como também: “Família, escola e mídia:um campo com novas configurações”, da mesma autora, e “Alienígenas em sala de aula: uma introdução aos estudos culturais”, de Tadeu Tomaz Silva.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Jornalismo deficiente

“Curso vai preparar jornalistas para a cobertura de gênero, raça e etnia”, noticiava uma matéria publicada recentemente no site do comuniquese. Nas entrelinhas do enunciado que falava de uma iniciativa da ONU em parceria com a FENAJ, podia-se ler, claramente, mais um diagnóstico da deficiência da imprensa brasileira no tocante a uma cobertura de qualidade, sobretudo, em se tratando de problemáticas sociais envolvendo realidades vivenciadas por grupos sociais específicos a exemplo dos mencionados no título da matéria.

Trata-se, como não é mais novidade para nenhum brasileiro, de um traço característicos do jornalismo brasileiro que, cada vez mais demonstra-se superficial e, em alguns casos, totalmente despreparado ao tratar de determinados assuntos.

Atentos a essa realidade que há décadas vem sendo objeto de estudos acadêmicos e denunciadas por pesquisas, entidades civis das mais diversas apresentam iniciativas voltadas a uma melhor qualificação do trabalho de cobertura jornalística no sentido de, não apenas capacitar melhor os profissionais da imprensa que, vale ressaltar, em sua maioria, não dispõem de recursos e condições de apresentar um trabalho devidamente qualificado, mas também contribuir com a tão propagada democratização da informação.

Informação essa que, na qualidade de produto midiático master, mesmo se tratando da mercadoria mais valiosa e vital ao desenvolvimento da sociedade contemporânea, ainda é explorado de forma muitas vezes sem nenhum esmero e, menos ainda com a profundidade necessária.

Trata-se aqui de um combate a um tipo de tratamento que compromete aquilo que é mais propagado como máxima e, por vezes, slogan pela indústria do noticiário que é o comprometimento com a cidadania. É assim que, cresce pelo país a fora, os cursos de capacitação voltadas a temáticas específicas, a exemplo dos gêneros, educação e meio ambiente.

Algo que vem sendo também combatido dentro das universidades e, sobretudo, através de cursos de comunicação social com ênfase no viés crítico na formação do comunicólogo, a exemplo dos cursos de Educomunicação que começam a surgir no Brasil.

Em outras palavras, muito mais que os cursos de jornalismo, a qualificação do processo de produção e circulação da informação é hoje um desafio de várias outras vertentes acadêmico-científicas que surgem como reflexo da ansiedade que brota do seio social por uma mídia mais eficiente e comprometida com a educação.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Encontro mundial de blogueiros

A alta audiência dos blogs espalhados pela rede mundial de computadores tem motivado a mobilização de blogueiros em todo o mundo, os quais vêm se organizando e realizando uma série de eventos voltados à discussão de interesse desta modalidade de rede social que não pára de crescer.

O evento mais recente a ser realizado e que reunirá blogueiros de várias partes do mundo é 1º Encontro Internacional de Blogueiros é o 1º Encontro Internacional de Blogueiros, que acontecerá de 28 a 30 de outubro, em Foz do Iguaçu. O evento vai discutir "O papel da globosfera na construção da democracia".

São esperados internautas dos Estados Unidos, Europa, Ásia, África e América Latina.
Dentre os convidados internacionais estão o francês Ignácio Ramonet, criador do jornal Le Monde Diplomatique; o espanhol Manuel Castells, autor de diversos livros sobre a cultural digital; a norte-americana Amy Gooldmann, responsável pela rede "Democracy Now"; o espanhol Pascual Serrano, blogueiro e fundador do sítio Rebelion; o blogueiro cubano Iroel Sanches; o coordenador da campanha de Ollanta Humala (Peru), Elvis Moris; o argentino Pedro Bringler, blogueiro e diretor da TV Pública da Argentina.

Há grande expectativa mundial sobre o Encontro Internacional de Blogueiros, uma vez que um dos principais convidados internacionais é o Julian Assange, criador do Wikileaks.

Wikileaks é uma organização transnacional sem fins lucrativos que publica em seu site posts de fontes anônimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis. Pela importância e repercussão que teve no mundo nos últimos meses, o Wikileaks e a forma como os governos e empresas de comunicação tratam as informações, devem ser alguns dos principais temas a serem debatidos no Encontro Internacional de Blogueiros.

Sobre o papel da "Globosfera no Brasil" deverão dividir mesa de debate: Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada); Luís Nassif (Blog do Nassif); Hidegard Angel (blogueira carioca); Esmael Morais (blogueiro paranaense).

Nesta semana, o blog oficial do 1º Encontro Internacional de Blogueiros deverá entrar no ar com a programação e dicas de hospedagens em Foz do Iguaçu.

Para mais informações http://participacaosocial.wordpress.com/

quarta-feira, 20 de julho de 2011

blogosfera e audiência

Mesmo em meio ao vertiginoso surgimetno de novas mídias, a blogosfera continua ocupando um espaço especial no universo das redes sociais. Mais que isso, se trata de uma das mídias que mais concorre diretamente com os meios jornalísticos tradicionais. Em mais uma pesquisa, divulgada esta semana, o blog aparece como um dos meios de maior audiência na atualidade se comparado com os veículos que compõem a grande imprensa.

De acordo com os dados, divulgados no site www.comuniquese.com.br, a abrangência da blogosfera, ao que tudo indica, é maior que a dos jornais impressos. Trata-se de uma mídia que conquista um número cada vez maior de leitores no universo dos 73 milhões de internautas no Brasil.

Dentre os blogueiros com maior índice de audiência estão Juca Kfouri (UOL), Patrícia Kogut, Fernando Moreira, Ricardo Noblat (O Globo), e Marcelo Tas (Terra). A maioria deles supera a circulação dos dez maiores jornais brasileiros, que variam entre 295 e 125 mil exemplares diários, de acordo com dados da Associação Nacional de Jornais (ANJ), conforme explicita matéria divulgada no portal do Comuniquese.

Entre as receitas de sucesso da audiência, comparado com os veículos de mídia tradicionais, descrita pelos blogueiros bem sucedidos estão:
a) A facilidade de acesso
b) Rapidez e fluidez da informação
c) Dedicação exclusiva e maior por parte dos jornalistas
d) Abordagem de temas inusitados e excluídos da mídia tradicional

Acrescente-se a esses fatores, a queda de credibilidade que a imprensa vem sofrendo nos últimos anos em todo o mundo.

Fora da perspectiva das grandes audiências, onde se incluem centenas de milhares de blogs, a exemplo deste, considero o blog, particularmente,como um dos espaços midiáticos virtuais mais fantásticos que permite com que nos expressemos de forma espontânea e com profundidade.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Regulação da mídia em discussão

Como foi abordado no último comentário aqui postado, o direito à comunicação social com dignidade perpassa necessariamente por uma mobilização da sociedade civil com o propósito de garantir esse que é um dos direitos mais essenciais na vida em sociedade. Dentro deste contexto, várias iniciativas começam a ser adotadas pelas unidades federativas do país e às quais este espaço estará atento e a disposição para uma maior difusão dessa bandeira de luta que tem na democratização real e efetiva, o anseio maior.

Nesse sentido, divulgamos um dos eventos voltados à essa discussão e que reunirá representantes de diversos segmentos sociais já engajados na luta. Trata-se do seminário MArco Regulatório e Políticas locais de comunicação, que irá ocorrer em Salvador, conforme texto transcrito abaixo:

SEMINÁRIO MARCO REGULATÓRIO E POLÍTICAS LOCAIS DE COMUNICAÇÃO

Preparar a sociedade civil baiana para novo panorama das comunicações é o objetivo do Seminário Marco Regulatório e Políticas Locais de Comunicação. A atividade ocorrerá nos dias 21 e 22 de julho, a partir das 9h ocorrerá, no Hotel Pestana, localizado no bairro do Rio Vermelho em Salvador.


Quase quarenta anos depois o Brasil retorna a discussão sobre revisão completa da revisão do setor numa conjuntura de convergência tecnológica, novos modelos de negócios e também de reivindicações da sociedade civil para a pauta ser tratada como direito humano. Neste cenário, a Bahia e as organizações sociais locais e nacionais cumprem papel destacável a ser reforçado pelo Seminário.


No ano de 2008 a Bahia realizou a I Conferência Estadual de Comunicação, uma parceria entre governo e sociedade civil. Tal mecanismo estimulou o aprofundamento das políticas públicas no setor no estado, em particular, a regulamentação do Conselho Estadual de Comunicação pela Assembleia Legislativa da Bahia, em 2011, que tomará posse em agosto do mesmo ano. Em nível nacional, as ações locais também cumpriram papel impulsionador da democratização da área no país, em especial da I Conferência Nacional (Confecom) e o corrente debate sobre a renovação do marco regulatório.


Durante a atividade parlamentares federais e estaduais, acadêmicos, organizações sociais e gestores públicos vão se colocar sobre temas fundamentais na agenda política, por via de cinco mesas: A Confecom e o Marco Regulatório; Mídia e Direitos Humanos; a Bahia no Plano Nacional de Banda Larga; Radiodifusão Pública; e Participação Social e Conselhos de Comunicação


A atividade é uma realização da Frente Baiana pelo Direito à Comunicação e tem como apoiador a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado. A Fretne é formada por cerca de 30 entidades que atuam de forma conjunta para o Estado avançar na políticas públicas para o setor.


Algumas entidades da Frente: CUT-BA, CTB, Intervozes, Cipó Comunicação, Barão de Itararé, Sinjorba, Sintterp, Sintel, Fórum de Comunicação da Região Sisaleira, Conselho Regional de Psicologia, ARPUB, FNDC, Abraço, Articulação Mulher e Mídia, ABCV-BA, Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania da UFBA, Instituto de Mídia Étnica, ARCA, Fórum de Comunicação do São Franscisco, Portal Vermelho.


O quê: Seminário Marco Regulatório e Políticas Locais de Comunicação
Onde: Hote Pestana, Rio Vermelho.
Quando 21 e 22 e julho, a partir das 9h
Inscrição: Gratuita
Mais informações: www.softwarelivre.org/direitoacomunicacaobahia/blog
Contatos: Pedro Caribé – Intervozes – 92611026 /Julieta Palmeira – Barão de Itararé – 99834335 / Nilton Lopes – Cipó – 81444513


Programação


Quinta-feira, dia 21 de julho


9:00h -Abertura - Presença de parlamentares estaduais federais, representantes da Frente e do governo do estado.


10:00h –Mesa 1 - Confecom e Marco Regulatório – Representantes da Agência Nacional de Cinema (Ancine) e Ministério das Comunicações (Minicom)


12:00h – Almoço


1400h –Mesa 2 - A Bahia no Plano Nacional de Banda Larga – Secretário de Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia, Paulo Câmera; Prof. Faculdade de Educação da UFBA, Maria Bonilla; e Diretor da Empresa de Tecnologias da Informação do Ceará, Fernando Carvalho.


16:00h –Mesa 3 – Mídia e Direitos Humanos – Prof. da Faculdade de Comunicação da UFRJ, Suzy dos Santos; Secretário de Justiça e Direito Humanos do Estado da Bahia, Almiro Senna; e Prof. Do departamento de Psicologia da UFSC, Marcos Ferreira.




Sexta-feira, dia 22 de julho


10:00h –Mesa 4 – Participação Social e Conselhos de Comunicação – Secretário de Comunicação do Governo da Bahia, Robinson Almeida; Doutora em Ciências Sociais e Políticas pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso-México),Gislene Moreira; e Prof. Da Universidade de Brasília, Venício Lima.


12:00h – Almoço


14:00h –Mesa 5 – Radiodifusão Pública – Presidente da Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais, Póla Ribeiro; João Jorge, membro o Conselho Curado da Empresa Brasil de Comunicação; e Luiz Felipe Stevanin, mestre pela Faculdade de Comunicação da UFRJ.


16:00h – Plenária da Frente Baiana pelo Direito à Comunicação

Para mais informações, visite o endereço eletrônico: www.softwarelivre.org/direitoacomunicacaobahia/blog

sábado, 9 de julho de 2011

O direito à comunicação com dignidade

Mesmo atrasada em relação a garantia de direitos humanos já conquistada em outros países e ainda distantes da real e concreta consolidação da democracia, a sociedade brasileira tem dado passos firmes rumo à conquista de direitos constitucionalmente já garantidos mas ainda fora da realiadde cotidiana. É inegável que, como diria o ex-presidente Lula (mas que fique claro que, não por conta dele), nunca antes na história do Brasil, se houve tamanha abertura para discussões e frentes de luta em prol de garantia legais diversas.

Embora recentemente só se fale das bandeiras de luta dos chamados grupos minoritários, não devemos deixar de lado, a luta pelos direitos do grupo majoritário que é aquele constituído por todos os cidadãos em nome de quem me refiro neste espaço ao tratar deste que, se não mais importante na atualidade, é sem sombra de dúvidas, um dos pleitos mais urgentes para a sociedade brasileira. Refiro-me ao direito pleno à comunicação, processo essencial ao desenvolvimento individual e, mais ainda à vida em sociedade com dignidade e justiça social.

Nesse sentido, é importante frisar que, muito mais que a defesa da tão propagada liberdade de expressão, o direito à comunicação é algo muito mais amplo e abarca, além da democracia, o exercício da própria dignidade humana, algo que, no atual estágio do mundo em que vivemos, perpassa o acesso democrático aos diversos meios de comunicação social.

Cada vez mais ciente dessa realidade, a sociedade civil vem se organizando e, paulatinamente, se mobilizando através dos diversos segmentos sociais em prol da conquista dessa garantia que, uma vez alcançada, certamente irá reduzir em muito as desigualdades que tanto maculam a nação brasileira. Assim, surgem, por várias partes do país, frentes de mobilização focada nos diversos mecanismos específicos considerados cruciais para se conseguir, de maneira, concreta, esse direito. E, um desses mecanismos – também considerado um dos mais polêmicos – é o chamado controle social da mídia, algo detestável para os donos das grandes corporações mediáticas, os quais não tem poupado esforços para retirar da agenda pública essa discussão pra lá de perigosa. E, poder para isso, as empresas de comunicação têm.

Mas afinal de contas, o cidadão brasileiro está satisfeito com a mídia que tem? O conteúdo midiático em circulação, sobretudo, nas emissoras de TV e rádio que são os meios de comunicação de concessão pública tem se apresentado de qualidade e, mais que isso, tem respeitado os princípios básicos da ética e bons costumes apregoados tradicionalmente pelas famílias?

Em resposta a essas questões é que diversos segmentos sociais vem se mobilizando para pressionar o Governo Federal e os demais governantes brasileiros a, por fim, adotarem medidas mais contundentes de controle social da mídia. Numa das ações mais recentes, ocorrida semana passada, pesquisadores, consultores, comunicólogos e parlamentares se reuniram para discutir a implantação de instrumentos de regulação da mídia.

A discussão foi realizada no seminário promovido pela Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular, onde os participantes foram unânimes em atestar a insuficiência dos instrumentos de autorregulação para garantir a liberdade de expressão e o direito à comunicação. Presente ao evento, o consultor internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Andrew Puddephatt, ressaltou que a liberdade de expressão deve ser garantida e deve ser protegida a independência dos órgãos de mídia, devendo os conteúdos jornalísticos serem autorregulados.Acrescentou ainda que para tal, como qualquer outro mercado, são necessárias regras para o funcionamento do mercado de mídia, algo que, diga-se de passagem é óbvio mas que mesmo assim, não deixa de ser um dos pleitos sociais mais difíceis de serem alcançados em decorrência do motivo aqui já exposto.

O que não impede de, na condição de cidadãos insatisfeitos e, mais que isso, indignados com a mídia que temos, a qual, vale ressaltar invade todos os dias nossas casas, ambientes de trabalho e até o meio da rua via aparelhos de comunicação móveis, unamo-nos em prol dessa causa que, volto a reforçar é certamente, hoje em dia, muito mais que ontem, algo essencial para que nos mantenhamos minimamente cidadãos e até mesmo civilizados. Por isso mesmo fiquemos com um olho na mídia e outro nessa importante bandeira de luta que já chegou no Congresso onde se exige um marco regulatório para a comunicação social no nosso país.

Para mais informações, sugiro a leitura ao endereço eletrônico:
http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/COMUNICACAO/199680-AUTORREGULACAO-DEVE-SER-APLICADA-A-CONTEUDOS-JORNALISTICOS,-DIZ-DEBATEDOR.html

sábado, 2 de julho de 2011

A Paraíba contra a baixaria na TV

Não é de hoje que a mídia e, de maneira particular, a TV, vem preocupando a sociedade civil em decorrência do péssimo nível de qualidade de boa parte do conteúdo programático veiculado. Trata-se de um problema que vem se expandindo ao longo dos anos e que tem no total desrespeito à dignidade e aos direitos humanos, o aspecto mais agravante.

É o que se vê, por exemplo, em muito dos programas veiculados pelas emissoras de TV e rádio locais e estaduais, em especial, aqueles voltados á cobertura de ocorrências policiais e que sempre descambam no sensacionalismo e banalização da violência. Uma realidade com que os cidadãos paraibanos, por exemplo, infelizmente tem sido cada vez mais expostos ao ligarem os aparelhos de rádio e TV e se depararem com os tais estilos de programas caracterizados, sobretudo, pela apresentação vulgar e esdrúxula, de imagens e palavras de baixo calão, isto sem falar na postura dos apresentadores que estão a frente destes.

Trata-se de uma ação que distorce por completo o papel e a função social desses meios de comunicação de massa que, conforme apregoa a própria Constituição, em seu artigo 221, em suas grades de programação, devem “dar preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas”, bem como, também “primar pelo respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família”.

Nem é preciso ir muito longe para constarmos até que ponto essas tais funções vêm sendo seguidas a risco por esses veículos que, vale salientar, funcionam legalmente em condição de concessão pública, o que torna a situação ainda mais insustentável.

E é por essa razão que diversos segmentos da sociedade civil, cientes do papel de cidadania que os meios de comunicação social deveriam estar operacionalizando, de alguns anos pra cá, estão se mobilizando e combatendo a essa situação que vez por outra ressurge no bojo das discussões da esfera pública no intuito de chamar a atenção das autoridades competentes para uma mudança necessária e cada vez mais urgente.

Nesse sentido, o ‘carro-chefe’ dessa bandeira de luta em nível nacional tem sido a campanha a campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania” que este ano comemora, através do Dia Nacional Contra a Baixaria na TV – realizada no dia 21 de outubro próximo- , a quinta edição de mobilização em todo o Brasil, fortalecendo o grito pela dignidade na mídia. Em síntese são promovidas diferentes ações para marcar a data, como protestos em vias públicas, exibição de programas e documentários especiais em algumas emissoras de TV´s e rádios.

Não obstante, na Paraíba, a situação tem chegado a níveis tão esdrúxulos que antes mesmo da data de mobilização nacional, a sociedade civil tem se organizado e demonstra, mais uma vez, a sua total indignação diante da realidade que vem sendo apresentada por algumas emissoras de TV´s e rádios e parte para um combate à baixaria de determinados programas em exibição em rede estadual.

A ação envolve, dentre várias entidades e associações, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Paraíba (OAB-PB), a Associação Paraibana de Imprensa (API), o Sindicato dos Jornalistas e o Fórum de Ética e Mídia da Paraíba. Trata-se de um conjunto de ações que têm início este semestre e, dentro da proposta da campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania”, visa conscientizar as empresas jornalísticas de seu papel social e as empresas patrocinadoras desses programas para a vinculação de sua marca ao incitamento ao crime, atentados aos direitos humanos de minorias, preconceito racial, homofobia, dentre outras violações aos direitos humanos e cidadania propagadas através dos programas.

E, como muito bem lembrou recentemente o coordenador do curso de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Dinarte Bezerra, as empresas de comunicação não devem esquecer de que, na condição de prestadoras de serviço e, mais que isso, de comércio de notícia que não podemos ignorar de que se trata de uma mercadoria, essas empresas devem enquadrar-se às normas referentes à Comunicação no Direito do Consumidor”.

O fato é que, do jeito que está não pode permanecer. E para isto, a união de todos em prol dessa mobilização é algo crucial para que, enfim, moralizemos a programação midiática fazendo valer, mais que direitos constitucionais garantidos, os bons costumes e moral tão conclamadas pelas famílias.

domingo, 12 de junho de 2011

Os instigantes binômios Comunicação/Educação e Educação/Comunicação (parte II)

Em continuidade à abordagem sobre os binômios Educação/Comunicação e Comunicação/Educação, aqui desenvolvida por meio dos últimos textos postados, compartilhamos com os amigos internautas, um texto que oferece, de forma suscinta e bastante didática, uma visão esclarecedora acerca da confluência entre essas duas valiosas áreas de conhecimento e atividade humana, no contexto em que vivemos atualmente. Trata-se de um texto do Observatório do Direito à Comunicação, extraído do site: http://www.direitoacomunicacao.org.br, intitulado: "Comunicação e Educação".

Para além da concepção da Comunicação e da Educação como direitos humanos e, portanto, indivisíveis, universais e interdependentes, o ato de educar está diretamente relacionado com a afirmação do direito à comunicação e vice versa.

Preocupados com a centralidade da mídia na sociedade contemporânea, diferentes grupos de educadores, em diversas partes do mundo, vêm desenvolvendo programas que de alguma maneira alertam para questões relacionadas ao direito à comunicação e à democratização dos meios de comunicação - seja em projetos de educação formal ou informal - e com denominações também variadas. Educação para os meios, educomunicação, leitura crítica da mídia são algumas delas.

A área vem ganhando força nas últimas décadas. Em 1979, um grupo de especialistas convocados pela UNESCO estabelece uma definição que foi considerada como referência mundial na construção do conceito de educação em matéria de comunicação. "São formas de estudar, aprender e ensinar a todos os níveis (..) e em toda circunstância, a história, a criação, a utilização e a educação dos meios de comunicação como artes, práticas e técnicas, assim como o lugar que ocupam esses meios na sociedade, sua repercussão social, as conseqüências da comunicação mediatizada, da participação, da modificação que produzem no modo de perceber o mundo, a importância da criação e do acesso aos meios de comunicação".

As experiências mais recentes passam por confecção do jornal ou da rádio escola, de análise de conteúdo dos veículos, de oficinas de vídeo, produção de websites entre outras atividades. Em geral, são experiências que mostram como é possível produzir e veicular sua própria comunicação. De alguma maneira, invertem a lógica que restringe o leitor de jornal ou o ouvinte de rádio à mera condição de consumidor (lógica da informação como mercadoria), e constroem uma lógica da comunicação como direito (e da informação como bem público), segundo a qual cada um tem o direito também de produzir e veicular informação. Ao fazer sua própria comunicação e ao refletir sobre os meios, os que participam dessas iniciativas certamente saem com um olhar mais crítico sobre a mídia.

Na sociedade civil brasileira, são muitas as experiências. A lista inclui o projeto Cala a Boca já Morreu, a Revista Viração e a Fundação Casa Grande, do Ceará, projetos em que crianças, adolescentes e jovens produzem comunicação no processo educativo. Também se destacam o projeto Vídeo, Cultura e Trabalho, da ONG Ação Educativa, e organizações que contribuem com a Agência ANDI de notícias.

O tema tem ganhado destaque também na academia, sobretudo a perspectiva da Educomunicação, trabalhada, por exemplo, pelo Núcleo de Comunicação e Educação da USP. Este Núcleo esteve à frente de iniciativa pioneira, junto à prefeitura de São Paulo, do projeto Educom.radio, que capacitou todas as escolas de ensino fundamental da capital paulista para a linguagem radiofônica.

Apesar de as iniciativas da sociedade civil terem um papel central no campo da educação para os meios e das relações entre educação e comunicação, é fundamental que o tema seja também foco de políticas públicas, que garantam que crianças, adolescentes, jovens e adultos tenham acesso ao conhecimento que lhes permitirá ter uma leitura crítica da mídia, das políticas de comunicação e que, por isso, contribuirá para que venham a reivindicar seu espaço e intervenham de fato nos processos políticos e de tomada de decisão

sábado, 4 de junho de 2011

Os instigantes binômios: comunicação/educação e educação/comunicação

Multiplica-se pelo Brasil afora o quantitativo de pesquisas e estudos de análises publicadas sobre os binômios Educação e Comunicação/ Comunicação e Educação. Uma rápida pesquisa na internet e, de maneira específica, nos anais de congressos e demais eventos acadêmicos promovidos nos últimos anos no país e fora dele, é o suficiente para se atestar um vertiginoso crescimento no que diz respeito ao interesse dos pesquisadores para esse campo de confluência que, cada vez mais, aproxima reciprocamente a educação da comunicação, fazendo vir a tona diversas perspectivas distintas e, ao mesmo tempo complementares.

Trata-se, em síntese, de uma pluralidade de olhares lançados sobre os novos horizontes que começam a se vislumbrar a partir desta interface e, de maneira ainda mais específica, do desdobramento das múltiplas situações concretas e também possibilidades que surgem das relações mediadoras frutos dessa confluência aqui destacada.

Decorrente dessa realidade prolifera-se, no campo acadêmico, estudos fundamentados na Educomunicação, com ênfase, sobretudo, em análises sobre a mediação tecnológica na educação com um olhar especial para as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC´s).

Nesse sentido, também se tornado praticamente um consenso o fato de que nessa nova era – a qual vem sendo apontada por diversos estudiosos como ‘era tecnocêntrica’,- a confluência entre comunicação e educação é algo inevitável. Não apenas no sentido de que o espaço da educação formal, como é o caso especialmente das escolas e universidades, tem sido invadido pelas novas tecnologias de processamento e transmissão do conhecimento fomentada via comunicação mediada, mas, de um modo mais amplo, a vida em sociedade em geral que, como se percebe, tem sido regida, em grande parte, pelas estratégias comunicacionais posta em prática via ferramentas e recursos de cunho educacional. Educação aqui entendida, vale reforçar, não como sinônimo de escolarização e formação técnica, mas enquanto um processo abrangente que atinge a vida em sociedade como um todo.

Paralelo a essa realidade, também tem se tornado perceptível um aumento considerável da inserção do tema educação no cenário da imprensa brasileira. Tal fenômeno ficou ainda mais evidenciado através da pesquisa A Educação na Imprensa Brasileira , promovida em 2004 pela Agencia Nacional dos Direitos da Infância (ANDI) e o Ministério da Educação e Cultura (MEC) com o apoio da Unesco, por meio da qual se traçou uma radiografia da qualidade em torno da cobertura jornalística sobre a educação. Dentre as conclusões apresentadas pelo relatório da pesquisa está a de que, de fato, a educação havia se tornado a pauta social mais veiculada pelos diários de todas as unidades da federação, contudo, a abordagem adotada em geral, demonstrava-se ainda superficial em vários aspectos.

Como se pode perceber, a problemática em destaque aponta para outro importante fenômeno de inter-relação entre comunicação e educação que, por sua vez, se revela uma instigante vertente dentro do campo investigativo da interface em questão.
Tais fatos aqui mencionados, fazem parte de uma pequena parte de uma radiografia maior que aponta para a emergência e relevância da difusão e discussão em torno do binômio comunicação e educação (ou vice-versa), do qual tratam especificamente os conteúdos aqui postados, binômio este que tem sido sintetizado através da designação Educomunicação, tema central, no momento, deste blog. Até o próximo texto!.

terça-feira, 24 de maio de 2011

O lugar da educomunicação

Vivenciamos no início deste novo século, sem sombra de dúvidas, uma das épocas de transformações globais mais contundentes da história da humanidade. Trata-se de uma verdadeira avalanche provocada por mudanças e inovações que têm, certamente, no campo das relações sociais e, de maneira ainda mais particular, das relações interpessoais, o cerne central de tudo de mais significativo que ocorre na contemporaneidade e que vem (re) significando o modo de ser e estar no mundo.

Nesse contexto, a comunicação no seu sentido mais estrito que é o de tornar comum, interligar: pessoas, ideias e ações, passa a desempenhar um papel determinante no que diz respeito ao processo de (re) estruturação desse mundo novo. Fenômeno este, vale salientar, já corrente desde o surgimento e, sobretudo, desenvolvimento e expansão da indústria dos chamados meios de comunicação de massa, fato este registrado no início do século passado e que hoje sofre, como se pode observar facilmente, um maior aceleramento face aos avanços científicos e tecnológicos que vem se desenvolvendo numa dinâmica jamais vista em toda a história.

Em meio a esse cenário, as NTIC´s (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) ganham um destaque cada vez maior atraindo os olhares de pesquisadores de diversas áreas das ciências humanas e sociais. Estes, por sua vez, preocupados em compreender melhor, os efeitos e interferências do uso do grupo denominado de novas mídias no seio do atual modelo de sociedade vigente. Uma sociedade predominantemente tecnocêntrica, cujo aparelhamento midiático da comunicação se expande para todos os segmentos sociais (que o diga a esfera da medicina moderna que, muito mais que no campo da comunicação social, o diagnóstico e compreensão da realidade tratada é totalmente dependente do processamento das informações geridas por meio do uso dos sofisticados aparelhos que mediam a relação : médico e paciente).

Assim, ganham um novo fôlego os estudos realizados no campo das ciências da comunicação que, na condição de um dos – se não o maior de todos – fenômenos de natureza interdi, multi e transdisciplinar, abarca reflexões advindas de diversas áreas do conhecimento humano. Da mesma forma que, nesse mesmo sentido, também se renova a linha de pesquisa empírica da qual brotaram os primeiros estudos da comunicação de massa e que têm na práxi comunicacional cotidiana, a fonte para configuração de várias teorias, formulação de conceitos e até mesmo surgimento de novos campos de conhecimento reflexivo.

É dentro dessa última vertente que se encontra situada, portanto, o campo designado de Educomunicação, o qual tem nas experiências práticas comunicativas de caráter educativas registradas em diversas partes do mundo e, em especial, no continente latino-americano, o eixo central para a construção de várias reflexões dentro da perspectiva educomunicacional.

É, portanto, seguindo essa perspectiva, por sua vez, calcada na visão triádica: comunicação – educação – cidadania, que nos deteremos em produzir os novos conteúdos deste blog com o foco voltado para os novos horizontes e paradigmas que configuram o campo da educomunicação.

domingo, 22 de maio de 2011

Educação x mídia: de que educação estamos tratando?

Voltando ao tema do último comentário aqui postado, julgo saliente, antes de fazer qualquer abordagem conceitual sobre o campo do conhecimento acadêmico denominado de educomunicação, apresentar um breve panorama contextual em torno do qual este se situa enquanto uma proposta de natureza inter, multi e transdisciplinar fundamentada na interface da Educação e Comunicação.

Como defendem diversos autores, tanto de uma como da outra área, tem se tornado cada vez mais inevitável pensar a educação sem nos remetermos á comunicação e vice-versa. Não somente pelo fato de vivermos na era midiática por excelência, em que as relações sociais e, mais ainda, interpessoais, perpassam necessariamente pelo uso das novas mídias, mas porque já é sabido de que o processo de educação depende, cada vez mais dos canais de comunicação midiática, ou melhor dizendo, ambos estão imbricados.

Afora isso, não é mais novidade para ninguém o fato de que, muito mais que a escola e a família que até bem pouco tempo se configuravam como as duas mais significativas e poderosas instituições de caráter educativo, esse papel vem ficando, em grande parte, a cargo dos meios de comunicação de massa, os quais muito mais que canais de comunicação, informação e entretenimento, são fortes instrumentos de formação educativa.

Nesse sentido, é sempre importante relembrar que, no contexto aqui desenhado, a compreensão da educação extrapola a visão restrita do caráter escolar que quase sempre predomina o termo, relegando o processo educacional à prática da escolarização. Indo além do espaço da cultura letrada de que dá conta as instituições escolares em geral, embora julgue um tanto desnecessário, é sempre bom ressaltar que o sentido estrito da educação aponta para um fenômeno mais amplo voltado, como, aliás, descrevem os dicionários, ao estado de formação intelecto, psíquico e moral de todo indivíduo em contato com o mundo à sua volta.

E é justamente nesse sentido em que a educação e a comunicação se entrecruzam de tal forma que se torna muito difícil dissociar uma da outra ou mesmo apontar para qual dessas nasce primeiro.

É, portanto, em meio a essa máxima que partem as discussões da educomunicação se irradiando para todos os aspectos e demais campos voltados ao complexo processo de construção do indivíduo enquanto um ser pensante, evolutivo, sem deixar de lado, obviamente, a esfera escolar que, como sabemos, constitui um aspecto extremamente relevante na vida deste.

No próximo comentário darei continuidade a esta discussão com foco voltado em particular, a uma leitura sobre os desafios das instituições de caráter educadoras frente à realidade midiática e ao surgimento de uma nova necessidade de se comunicar. Até lá!

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Educomunicação e o desafio no mundo midiático

Há anos o emprego da mídia na vida cotidiana deixou de ser um fenômeno de interesse apenas dos estudos acadêmicos e se tornou uma preocupação de praticamente, todos os segmentos da sociedade moderna e, em especial, das instituições legitimadoras de transmissão de conhecimento e valores humanos, das quais se destacam, a escola e a família. Contudo, foi indiscutivelmente, através da constante e crescente presença dos Meios de Comunicação de Massa (MCM) aliado ao dinâmico processo de expansão das chamadas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) registrados de maneira mais veemente a partir do início deste novo século, que os olhares mais diversos se voltaram para tal fenômeno, suscitando uma série de reflexões, discussões e debates dentro e fora do campo acadêmico.

Em meio às diversas perspectivas levantadas sobressaem-se algumas das máximas já correntes na sociedade. Dentre elas está a de que, cada vez mais se faz necessária, a formação do sujeiro crítico, plenamente cidadão,ou seja, de um sujeito consciente acerca, neste contexto, do papel da comunicação na vida de todos. É em meio a essa realidade desafiadora que a educação, não mais enquanto sinônimo de escolarização mas, sim de principal processo de desenvolvimento humanístico, é retomada veementemente por todos, apontada como a condição 'sine qua non' para lidarmos com o atual cenário.

Pautado nesse contexto e em conformidade com a proposta ideológica e pragmática de criação deste blog, bem como com a condição de membro do corpo docente do curso de Educomunicação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)- instituição que de forma pioneira instituiu em 2010, o primeiro bacharelado do país voltado a esta que é a mais nova habilitação no campo da comunicação social fundamentado na interface da educomunicação/comunicação, – utilizarei, a partir de então, este espaço para publicação de conteúdos focados na problemática acima apresentada dentro da perspectiva educomunicacional.

Além de promover uma maior difusão deste novo campo do conhecimento que, vale ressaltar, historicamente já se fazia existente há décadas através de práticas pedagógicas e comunicacionais comunitárias, entretanto, só agora configurado no ambiente acadêmico, esta iniciativa objetiva fomentar uma maior reflexão e, quem sabe, debate, discussões sobre a problemática aqui destacada. Em suma, a proposta aqui apresentada é apenas mais uma das várias tentativas discursivas presentes, sobretudo, no espaço cibernético, de se promover uma leitura analítica acerca dos desdobramentos desta fenomenologia que envolve de um lado, o homem enquanto sujeito social historicamente situado e com plenas condições de transformar-se a si mesmo e à realidade à sua volta e, de outro, as mídias cujo manuseio e efeitos decorrentes de seu uso na vida humana e seio social, passam a ser os dois principais parâmetros para se aferir o grau de intervenção da Educomunicação em tal fenômeno.

E, para finalizar este primeiro texto de natureza introdutória que encabeça uma série de outros que aqui serão postados posteriormente, reproduzo, abaixo, um pequeno trecho de artigo produzido por Maria Aparecida Baccega, no qual a pesquisadora faz uma análise dos fenômenos da comunicação e da educação na atualidade e dentro de uma perspectiva histórica nos chama a atenção para o fato de que: ”Os agentes do processo educacional somos todos os que participamos de uma determinada comunidade, que vivemos no tempo e espaço de uma dada sociedade, que recebemos e reconfiguramos permanentemente a realidade. E hoje, essa realidade é atravessada pela presença dos meios de comunicação”. Assim, acredito que o que é colocado por Baccega nesta citação por si só, já instiga o caro amigo ou amiga a prosseguir com esta proposta e convite de leitura, acompanhando os próximos textos que aqui serão postados e por meio dos quais, compartilharei alguma das minhas – mas que acredito também ser de tantos outros – inquietações frente à problemática aqui destacada.

Portanto, até a próxima leitura!

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Educomunicação - Guia do Estudante

A educomunicação - o mais novo campo acadêmico de habilitação em Comunicação Social no Brasil - se encontra em plena etapa processual de consolidação na comunidade acadêmica brasileira bem como no competitivo mercado de trabalho das comunicações. Além da criação de três novos cursos de graduação oferecidas, respectivamente pelas renomadas instituições de ensino superior USP, UFCG e UCG, o recente campo de estudos já consta na relação de uma das principais publicações especializadas em cursos acadêmicos do país que é o Guia de Estudante da editora Abril.

Vale ressaltar ainda que, na relação de instituições que oferecem o curso de Educomunicação mencionadas na versão recente do Guia, não consta a UFCG pelo fato de, na ocasião do fechamento da edição, a instituição não haver divulgado a nova habilitação, que se encontra funcionando desde o segundo semestre do ano passado.

Postamos, neste espaço, um link do Guia do Estudante, para os interessados em ler mais sobre a Educomunicação e se inteirar sobre o conceito e o perfil profissional deste mais novo trabalhador pós-moderno que é o educomunicador. O endereço é Educomunicação - Guia do Estudante

Mídia: a maior indústria de faturamento no mercado global

Embora inserida num cenário mercadológico global permeado de incertezas face ao ritmo acelerado das transformações registradas nas ultimas décadas, muitas das quais põem em xeque mate os mais consolidados e tradicionais modelos de empresas e negócios, a indústria midiática se destaca como por apresentar uma situação confortável,promissora e até certo ponto, pode-se afirmar, cômoda.

Pelo menos é o que revelam prognósticos baseados em diversos dados estatísticos e financeiros publicados por pesquisas em todo o mundo, afora o que se vê, é claro, a olho nu, no cotidiano da sociedade em que vivemos a qual cada vez mais se caracteriza como, de fato, uma grande aldeia midiática global.

Dentre os dados que apontam para essa realidade estão os números revelados recentemente pelo Projeto Inter-Meios, frutos de uma pesquisa realizada pelo Grupo M&M em conjunto com a PrincewaterhouseCoopers, cujos resultados apontam a trajetória pra lá de ascendente da mídia em 2010. Segundo a pesquisa, os meios de comunicação faturaram R$ 29,1 bilhões no ano passado. O montante aponta para um crescimento de aproximadamente 20% em relação a 2009, índice este, vale ressaltar, alcançado por poucos segmentos no mercado mundial.

E a previsão, segundo os institutos é que o crescimento continue vigoroso neste ano e nos demais que virão, com uma média satisfatória para os veículos de comunicação que constituem o universo das chamadas mídias de massa, a exemplo dos impressos e meios eletrônicos.

Para o Brasil, em particular, as expectativas são ainda melhores tendo em vista o país deter os direitos de divulgação dos dois maiores espetáculos midiáticos da Terra: os jogos olímpicos e a Copa Mundial de Futebol que, juntos, se traduzirão em bilhões de reais para o segmento.

Trata-se de uma realidade já apresentada por diversos estudiosos do campo das ciências Sociais, para quem a mídia se tornou o centro das atenções de suas pesquisas e análises. E, nesse sentido, como afirmam diversos analistas, a indústria midiática é o segmento mais bem sucedido e que alcançará, certamente, os maiores lucros no cenário mercadológico mundial, sobretudo, por meio da produção de entretenimento, apontada como o ‘carro chefe’ dos conglomerados de comunicação de massa.

É o que defende por exemplo, Todd Gitlin que, em seu livro “Mídias sem limite”, no qual o estudioso apresenta um esclarecedor e amplo diagnóstico sociológico da indústria midiática na sociedade contemporânea. Respaldado em diversas pesquisas recentes, o autor descreve o processo de mercantilização generalizada promovido pelo império de imagens e sons comandados pelas mídias e de como esse vem transformando audiências em dinheiro mas também em nova forma de cultura, de vida.

Um fenômeno observado, Vale ressaltar, de maneira cada vez mais explícita através, sobretudo, das políticas de incentivo da larga produção e disseminação das novas mídias digitais, fomentadas em grande parte por parcerias entre as iniciativas privada e pública vistas em várias parte do mundo e que tem nos aparatos eletrônicos móveis de leituras, a exemplo dos iPas, tablets e smarthfone, um dos maiores investimentos do mercado moderno. Verdadeiras 'minas de ouro' que vem sendo lapidadas por conglomerados midiáticos de várias parte do mundo que não apenas os EUA.

Tais reflexos nos colocam diante de uma realidade que, como muito bem descreve Todd Giltin, revela não apenas o poder econômico e financeiro inesgotável da indústria midiática mas, principalmente, uma nova ordem mundial movida por esta que, sem sombra alguma, vem se tornando o ‘centro de nossa civilização’. Uma modalidade mercadológica movida pela febre incontida por lucros exorbitantes em que, o que mai vale é captar e reter a atenção de usuários e consumidores de tecnologias e audiências.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Jornalistas e bandeira de luta da PEC

Jornalistas de todo o Brasil realizam, nesta quarta-feira, 4, mais um manifesto de mobilização a favor da A PEC que restitui a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão, bandeira de luta levantada pela categoria nso ultimos dois anos. Tratam-se, na verdade de duas emendas constitucionais, a PEC 33/2009, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares e relatoria do senador Inácio Arruda, e a PEC 386/2009, de autoria do deputado Paulo Pimenta e relatoria do deputado Maurício Rands, por um lado resgatam a dignidade dos jornalistas brasileiros e contribuem para a garantia do jornalismo de qualidade, as quais serão apreciadas pelo Senado, nesta semana.

A mobilização desta feita junto aos parlamentares promete ser decisiva e visa a votação de ambas as propostas. A ideia dos jornalistas é fazer com que os senadores votem a favor das PEC´s e assim, devolva à categoria, um direito conquistado desde o século XX e que tem na formação qualificada do profissional da imprensa, um dos instrumentos de democracia e aprimoramento do exercício do jornalismo.

Veremos se desta feita, a mobilização resultará em alguma solução concreta para o problema enfrentado pelso jornalistas brasileiros ou se, mais uma vez, a petição será prorrogada por mais um período inexato. Enquanto isso, os jornalistas, por meio da FENAJ, continuam a defender a bandeira de luta em todos os estados da Federação e fortalecer a petição pública a favor da mesma, a qual pode ser acessada atraves do site: www.peticaopublica.com.br . ATé lá, as expectativas continuam grandes.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Mídia e a segmentação do mundo

O mundo contemporâneo vive, indiscutivelmente, sob a égide das comunicações midiáticas. Uma realidade que solta aos olhos de todos, a cada dia, por meio, sobretudo, dos novos adventos do fantástico universo digital que, cada vez mais, segmenta a comunicação gerando, através desse processo, novas tribos de emissores e receptores modernos espalhados pelos cinco continentes do planeta Terra. Orbe esse que, como um muito bem previu, no início do século passado o pensador canadense Marshal McLuhan, se restringe a uma grande aldeia global. E que aldeia...

Apesar deste processo dinâmico de segmentação não ser algo novo (basta citar como exemplo a vertente criada há mais de dois séculos pela indústria jornalística, denominada de ‘jornalismo especializado’ e que, através dos diferentes veículos e linguagens específicas trabalha a segmentação de públicos receptores), é cada vez mais notório o poder de estratificação da população de comunicantes determinado pelas novas mídias.

E, nesse contexto, mais ainda da força de (re)configuração dos sujeitos comunicantes no espaço midiático advinda das denominadas e tão badaladas redes sociais. Basta citar como exemplo, o rápido processo de surgimento e multiplicação dos novos canais voltados às camadas específicas da sociedade onde se encontram sujeitos com afinidades entre si, sejam ideias, pensamentos, desejos e/ou comportamentos similares.

Algo que cada vez mais põe em xeque-mate a velha teoria da comunicação de massa nos moldes atuais de processo de comunicação digital. Mais do que isso, a explosão permanente de mídias sociais, por toda parte, abre um fantástico universo de possibilidades de exploração da informação, de maneira segmentada, como jamais vista na história da humanidade, formando redes de conexões entre sujeitos que, por muito tempo, ficaram a mercê do jornalismo especializado ou alternativo como únicas formas de consumo de determinados tipos de conteúdos e bens simbólicos de forma geral. E, isso tudo, vale ressaltar, de forma passiva, submetidos a um processo de comunicação unilateral.


A realidade hoje demonstra que, além de terem acesso a conteúdos específicos de seus interesses e de forma mais fácil, os sujeitos podem interagir de forma direta no processo de emissão e circulação desses conteúdos, tornando a comunicação mais democrática e interessante.

E, para ilustrar esse leque de possibilidades infinitas de segmentação da comunicação hodierna, basta citar como exemplos, as diversas novas mídias sociais que estão surgindo e, aos poucos, sendo agregadas ao cotidiano dos sujeitos. Fazem parte dessa nova aldeia de redes sociais, além das já conhecidas em todo o mundo: Orkut, Twitter e Facebook, as várias redes criadas para fãs de cinema, literatura ou línguas estrangeiras, das quais, como muito bem ilustrou uma matéria publicada recentemente no site www.comunique-se.com.br, já começam a se destacar as seguintes:

A rede Flixter(reúne perfis e comunidades de amantes do cinema, com discussões sobre filmes, atores e roteiros);
A brasileira O Livreiro (ponto de encontro para os internautas que adoram ler e compartilhar experiências sobre suas leituras);
A LiveMocha (rede que integra interessados em aprender línguas estrangeiras. No site, há lições para 38 idiomas diferentes. Além de acompanhar as lições, os internautas podem fazer exercícios de áudio para que sua pronúncia seja avaliada por usuários nativos no idioma escolhido. Os internautas também podem falar entre si e melhorar a conversação. O serviço é gratuito).

A Classmates.com, (canais para quem deseja encontrar amigos de escolas e faculdades e que dispõe de acervo de livros e vídeos de turmas de alunos de diferentes instituições).

Estamos todos diante, portanto, como se pode perceber, de um processo de segmentação em larga escala e numa velocidade jamais imaginada na história da comunicação social, universo este que, mais do que qualquer outro, passa por transformações gigantescas, formidáveis, mas também, de certo ponto, assustadoras e que atinge a vida de todos os seres sociais deste velho mundo que por força das novidades digitais se transforma cada vez mais no admirado mundo novo!