Prolifera-se por todo o país, num ritmo
surpreendente, o número cada vez maior de episódios dando conta do uso das
redes sociais como uma importante e promissora ferramenta de denúncia e crítica social,
tendo como protagonistas, na maioria dos casos, jovens de baixa escolaridade. Tal fenômeno tem sido publicizado pelos próprios órgãos de imprensa que, parecem já
terem naturalizado essa ação de natureza política antes restrita à esfera
jornalística e que, como num efeito colateral, denuncia a própria inércia do jornalismo atual.
O caso mais recente de grande repercussão na mídia
que ilustra esse efeito é a notoriedade dada à estudante de 13 anos, Isadora Faber,
da Escola Básica Municipal Maria Tomázia Coelho, em Florianópolis. Cansada de
esperar pela ação dos jornalistas locais em denunciarem as péssimas condições
em que se encontra a instituição de ensino da qual faz parte, a estudante criou
uma fan page intitulada de “Diário de Classe”, a qual foi amplamente divulgada no
facebook (atingindo cerca de 50 mil fãs).
O resultado foi o mesmo provocado por inúmeros outros casos similares
e cada vez mais comuns na nova conjuntura da comunicação social que o país e o
mundo vivencia nesse novo século. A mensagem foi amplamente compartilhada na
rede, despertando a atenção da mídia tradicional que, por sua vez, se rendeu ao poder da massificação da mensagem
da jovem e ousada comunicante, pautando-a para diversas entrevistas. A estudante foi alvo de alguns dos
principais veículos de comunicação do estado e do país, a exemplo do Estadão, G1 e Portal IG.
A própria mensagem inicial postada por Isadora na
sua fa page (“O trabalho jornalístico somente é indesejável aos que têm algo a
esclarecer e se recusam a fazê-lo”) se revela uma provocação aos jornalistas
que estão no batente. Algo que, vale ressaltar, vem sendo dito de maneiras diferentes
por vários estudiosos e críticos do jornalismo contemporâneo, para quem a
postura dos jornalistas contemporâneos é tida como muito aquém e incoerente com os princípios
técnicos e deontológicos do jornalismo autêntico e verdadeiramente social.
Ao apelar para a internet e, de maneira específica,
para o uso autônomo e inteligente das novas ferramentas de comunicação midiática coletiva, a jovem estudante do ensino médio deixou um recado claro e objetivo para os jornalistas
profissionais, e por extensão às empresas de comunicação social. É preciso
estarem mais e melhor atentos ao modos operandi com que trabalham a informação no
mundo atual, sem perderem de foco o redimensionamento das práticas
comunicacionais coletivas que se encontram em pleno processamen e que revelam,
de um lado, a força das novas mídias sociais e, de outro, o domínio perspicaz que
os jovens comunicantes têm demonstrado a frente dessa nova realidade.
Eis aí
mais um nítido e inequívoco exemplo de demonstração daquilo que muitos teóricos
e comunicadores populares há décadas denominam de prática educomunicativa, a comunicação processada de forma autônoma, cidadã e revolucionária.
Para leitura da matéria sobre o episódio acima relatado, acesse o site:http://portal.comunique-se.com.br/.