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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

jornalismo e obscuridade dos fatos

Para muito além da simples narrativa dos fatos, o jornalismo contemporâneo padece de uma crise permanente de obscuridade dos acontecimentos. Reflexo direto do processo de saturação da noticiabilidade que caracteriza os meios de comunicação na era da internet, como conseqüência, nos vemos todos diantes de uma quase que total ausência do trabalho de aprofundamento dos fatos e de incompletude da informação. Algo manifesto pela grande maioria dos veículos que constituem a imprensa brasileira e, de forma ainda mais agravante, a imprensa local e regional.

Reflexo disso, assistimos, ouvimos e lemos diariamente uma série de notícias cujo teor informativo suscita, no mínimo, uma certa curiosidade por parte da sociedade que continua esperando por uma postura mais cidadã dos meios de comunicação, esses mesmos que tanto se afloram como agentes de cidadania confundindo exercício de cidadania com serviços de utilidade pública.

Como apregoa a própria filosofia do jornalismo – contida inclusive em muitos manuais de redação -, o bom jornalismo é aquele que fornece ao cidadão, os antecedentes e as implicações de uma notícia, possibilitando ao cidadão uma compreensão mais ampla acerca dos fatos narrados diariamente. Nesse sentido, alguns mais do que outros.

É o caso, por exemplo, dos dados noticiados recentemente pela imprensa local e estadual dando conta de que a Paraíba tem 130.927 pessoas, ou seja, o equivalente a 3,5% da população, morando em 90 favelas. Como se pode perceber, para muito além dos números, a notícia aponta para um dos reflexos mais graves da falta de gestão de políticas públicas voltadas para essa que continua sendo uma das maiores mazelas sociais de todos os tempos, a falta de moradia para a população.

Vendo por esse ângulo, os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao Censo Demográfico 2010 e amplamente noticiados pelos veículos de comunicação paraibanos, com, aliás, já diz um jargão popular, falam por si. Mais do que isso, os dados estatísticos gritam e trazem consigo, de maneira subentendida, um alerta a essa que ainda é a principal esfera de mediação e mobilização social que é a imprensa, ou de maneira mais genérica, a mídia.

Mídia essa que, como se vê, continua optando pela opção mais cômoda, menos trabalhosa mas também, porque não dizer, mais comprometedora, jogando para debaixo do tapete informacional, o cerne das questões. Em síntese, ao se eximir do trabalho interpretativo da informação, os meios de comunicação corroboram para essa situação que ai está, fazendo desse tipo de notícia, algo com menos importância. Um fenômeno comum e sem necessidade alguma de melhores explicações para a sociedade. O que nos faz refletir cada vez mais sobre a serviço de quem realmente está a mídia e para onde se dirige o bom e imprescindível trabalho jornalístico pautado no legítimo exercício da cidadania......