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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Suzana Vieira: a escandalosa Maria

A atriz global Suzana Vieira esteve recentemente em Caruaru, interior de Pernambuco, onde representou o personagem de Nossa Senhora a convite da produção de um dos maiores eventos do calendário turístico da região, a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. Contudo, ao contrário de outros astros do cast global, a exemplo de Eriberto Leão e Mauro Mendonça, ao invés de gloriosa, a passagem da atriz terminou sendo marcada pela revolta dos pernambucanos.

A reação foi causada por uma demonstração de desrespeito da artista à região considerada por ela como uma 'selva'.Em declaração feita à imprensa nacional a atriz sexagenária afirmou ter ferido um dos olhos por um graveto seco típico do lugar, 'existente há mais de cinco mil anos na região', onde ela afirmou ter sido 'abandonada pelo namorado, que a deixou sedenta por sexo'. Nada de outro mundo para quem conhece a persona de Suzana Vieira, figura lendária da televisão brasileira colecionadora de escândalos na vida privada.

As palavras polêmicas desferidas pela atriz reforça o preconceito secular de que o Nordeste ainda é vítima, mesmo em tempos de globalização em que a quebra das fronteiras geográficas levam a um hibridismo cultural jamais visto na história da humanidade.

Por outro lado, o episódio ressalta a postura (ou seria melhor, a falta desta..) de determinados artistas cujo perfil e histórico de vida pessoal são marcados por polêmicas e atitudes no mínimo questionáveis. Profissionais para quem o glamour representa sinônimo de arrogância e mediocridade.

Erro maior, contudo, não foi o de Suzana Vieira, e sim, da comissão organizadora do evento que convidou para o papel da mãe de Jesus, aquela que deveria fazer o personagem de Maria Madalena. Claro, que com todo respeito à Madalena!. A escolha de artistas para determinados papéis que fogem totalmente ao seu perfil enquanto pessoas, ao que parece, aponta para intenção de mudança de enredo da história sagrada mais respeitada pelos cristãos que é a morte de Jesus CRisto.

Vale ressaltar ainda que além do desrespeito ao lugar e, portanto, aos seus moradores, a atriz desrespeito o próprio evento ao se negar em ensaiar o texto dublado. Algo que rendeu duras criticas pela imprensa local em meio à total falta de sincronia entre os jestos e a voz da atriz no papel de Maria. Algo que ela se defendeu, posteriomente, alegando ser 'uma forma de interpretação criada pelo pessoal do lugar, a qual ela não estaria acostumada a trabalhar'.

E neste sentido, ao que tudo indica, muito mais que espetacularizar a história, a intenção é de profanização e, o pior, de ridicularização. Que o diga a escandalosa Maria.

Rio e a inundação midiática

Como é de praxe na imprensa brasileira e, também fora do país, as tragédias costumam pautar os noticiários que vorazmente invadem os lares traduzindo os aspectos mais trágicos dos episódios. Tem sido assim nos últimos dias no país em relação às consequencias nefastas das chuvas que abateram o Rio de Janeiro provocando mais de 100 vítimas fatais.

Contudo, são em momentos como esses que observamos que mais forte e devastador que as correntezas d´águas, parece ser a fome da mídia por desastres, catástrofes, fatos nem sempre eticamente reportados. Tem sido essa nossa impressão quando, principalmente, assistimos a coberturas em que imagens trágicas são repetidas dezenas de vezes por determinados programas que, como se não bastasse, não trazem nenhuma nova informação a respeito do desdobramento do episódio. Como se não bastasse isto, as tais imagens, a exemplo de carros sendo arrastados pelas águas e pessoal sendo retirado de dentro de buracos, acompanham textos ainda mais repetitivos e repletos de lamentação e exclamações calamitosas.

Outros profissionais da mídia, ao contrário, saem com iniciativas para lá de criativas e informacionais, como o fez a apresentadora 'multimídia' Ana Maria Braga, que diante do quadro calamitoso porque passam os moradores do Rio, resolveu sair passeando com um celular em mãos pelo jardim do seu cenário, no Projac, mostrando a água que escorria em torno do mesmo. Detalhe: a apresentadora não deixou de ressaltar, em sua fala, as belezas do cenário, a exemplo da 'mansão' - dito assim pela própria - em que essa aparece todos os dias no 'Mais Você', esbanjando luxo por todos os lados. Algo que beirou o surrealismo....

Uma das conclusões a que chegamos claramente a partir de casos desse tipo, é a de que, de fato, a intenção de tais profissionais não é a de retratar a dimensão da tragédia mas sim, redimensioná-la através de sua limitação e competência jornalística. Trata-se da inundação das mentes vazias nos noticiários e programas vazios.