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terça-feira, 24 de maio de 2011

O lugar da educomunicação

Vivenciamos no início deste novo século, sem sombra de dúvidas, uma das épocas de transformações globais mais contundentes da história da humanidade. Trata-se de uma verdadeira avalanche provocada por mudanças e inovações que têm, certamente, no campo das relações sociais e, de maneira ainda mais particular, das relações interpessoais, o cerne central de tudo de mais significativo que ocorre na contemporaneidade e que vem (re) significando o modo de ser e estar no mundo.

Nesse contexto, a comunicação no seu sentido mais estrito que é o de tornar comum, interligar: pessoas, ideias e ações, passa a desempenhar um papel determinante no que diz respeito ao processo de (re) estruturação desse mundo novo. Fenômeno este, vale salientar, já corrente desde o surgimento e, sobretudo, desenvolvimento e expansão da indústria dos chamados meios de comunicação de massa, fato este registrado no início do século passado e que hoje sofre, como se pode observar facilmente, um maior aceleramento face aos avanços científicos e tecnológicos que vem se desenvolvendo numa dinâmica jamais vista em toda a história.

Em meio a esse cenário, as NTIC´s (Novas Tecnologias de Informação e Comunicação) ganham um destaque cada vez maior atraindo os olhares de pesquisadores de diversas áreas das ciências humanas e sociais. Estes, por sua vez, preocupados em compreender melhor, os efeitos e interferências do uso do grupo denominado de novas mídias no seio do atual modelo de sociedade vigente. Uma sociedade predominantemente tecnocêntrica, cujo aparelhamento midiático da comunicação se expande para todos os segmentos sociais (que o diga a esfera da medicina moderna que, muito mais que no campo da comunicação social, o diagnóstico e compreensão da realidade tratada é totalmente dependente do processamento das informações geridas por meio do uso dos sofisticados aparelhos que mediam a relação : médico e paciente).

Assim, ganham um novo fôlego os estudos realizados no campo das ciências da comunicação que, na condição de um dos – se não o maior de todos – fenômenos de natureza interdi, multi e transdisciplinar, abarca reflexões advindas de diversas áreas do conhecimento humano. Da mesma forma que, nesse mesmo sentido, também se renova a linha de pesquisa empírica da qual brotaram os primeiros estudos da comunicação de massa e que têm na práxi comunicacional cotidiana, a fonte para configuração de várias teorias, formulação de conceitos e até mesmo surgimento de novos campos de conhecimento reflexivo.

É dentro dessa última vertente que se encontra situada, portanto, o campo designado de Educomunicação, o qual tem nas experiências práticas comunicativas de caráter educativas registradas em diversas partes do mundo e, em especial, no continente latino-americano, o eixo central para a construção de várias reflexões dentro da perspectiva educomunicacional.

É, portanto, seguindo essa perspectiva, por sua vez, calcada na visão triádica: comunicação – educação – cidadania, que nos deteremos em produzir os novos conteúdos deste blog com o foco voltado para os novos horizontes e paradigmas que configuram o campo da educomunicação.

domingo, 22 de maio de 2011

Educação x mídia: de que educação estamos tratando?

Voltando ao tema do último comentário aqui postado, julgo saliente, antes de fazer qualquer abordagem conceitual sobre o campo do conhecimento acadêmico denominado de educomunicação, apresentar um breve panorama contextual em torno do qual este se situa enquanto uma proposta de natureza inter, multi e transdisciplinar fundamentada na interface da Educação e Comunicação.

Como defendem diversos autores, tanto de uma como da outra área, tem se tornado cada vez mais inevitável pensar a educação sem nos remetermos á comunicação e vice-versa. Não somente pelo fato de vivermos na era midiática por excelência, em que as relações sociais e, mais ainda, interpessoais, perpassam necessariamente pelo uso das novas mídias, mas porque já é sabido de que o processo de educação depende, cada vez mais dos canais de comunicação midiática, ou melhor dizendo, ambos estão imbricados.

Afora isso, não é mais novidade para ninguém o fato de que, muito mais que a escola e a família que até bem pouco tempo se configuravam como as duas mais significativas e poderosas instituições de caráter educativo, esse papel vem ficando, em grande parte, a cargo dos meios de comunicação de massa, os quais muito mais que canais de comunicação, informação e entretenimento, são fortes instrumentos de formação educativa.

Nesse sentido, é sempre importante relembrar que, no contexto aqui desenhado, a compreensão da educação extrapola a visão restrita do caráter escolar que quase sempre predomina o termo, relegando o processo educacional à prática da escolarização. Indo além do espaço da cultura letrada de que dá conta as instituições escolares em geral, embora julgue um tanto desnecessário, é sempre bom ressaltar que o sentido estrito da educação aponta para um fenômeno mais amplo voltado, como, aliás, descrevem os dicionários, ao estado de formação intelecto, psíquico e moral de todo indivíduo em contato com o mundo à sua volta.

E é justamente nesse sentido em que a educação e a comunicação se entrecruzam de tal forma que se torna muito difícil dissociar uma da outra ou mesmo apontar para qual dessas nasce primeiro.

É, portanto, em meio a essa máxima que partem as discussões da educomunicação se irradiando para todos os aspectos e demais campos voltados ao complexo processo de construção do indivíduo enquanto um ser pensante, evolutivo, sem deixar de lado, obviamente, a esfera escolar que, como sabemos, constitui um aspecto extremamente relevante na vida deste.

No próximo comentário darei continuidade a esta discussão com foco voltado em particular, a uma leitura sobre os desafios das instituições de caráter educadoras frente à realidade midiática e ao surgimento de uma nova necessidade de se comunicar. Até lá!