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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

MÍDIA, POLÍTICA E OS RESULTADO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Os resultados do primeiro turno das eleições municipais realizadas no país, confirmaram um fenômeno que vem sendo discutido por estudiosos e pesquisadores da comunicação social e institutos voltados à problematização da relação entre os meios de comunicação de massa e as campanhas eleitorais. A exemplo do que já foi publicado neste espaço (ver texto intitulado: eleições, mídia e democracia), boa parte dos resultados das urnas aponta para uma mudança lenta, mas processual acerca da diminuição do poder de influência da mídia nos resultados eleitorais.

Trata-se de uma realidade que, apesar de ser constatada de maneira mais contundente na América Latina e em especial, nas campanhas presidenciais realizadas nesta parte do continente, conforme é apresentado no texto acima mencionado, também começa a apresentar reflexo nas campanhas municipais e estaduais. Os resultados das últimas eleições municipais reforçam este fenômeno que pode ser melhor percebido por meio de alguns dados pontuais.

Dentre estes podemos destacar o fortalecimento do PT nas eleições municipais que, apesar de todas as críticas e ataques - nem sempre justos - advindos, sobretudo, dos órgãos de imprensa que formam a chamada grande mídia, superou os 14 milhões de votos obtidos há quatro anos, consagrando-se como o partido mais votado, tendo alcançado 545 prefeituras em todo o país -dessas, 107 só em Minas Gerais, onde se encontra um dos maiores adversários do presidente Lula nas próximas eleições - Aécio Neves.

A derrota de ACM Neto (DEM), selando o fim da hegemonia baiana do grupo ACM que, vale salientar, há pouco mais de dois anos controlava aproximadamente 90% dos municípios baianos, é outro resultado explícito dessa mudança aqui retratada. Nesse contexto, vale ressaltar que além da cobertura favorável de boa parte da imprensa local, ACM Neto contava com um significativo apoio da Rede Globo que há anos vem concedendo a este, um generoso espaço em seus preciosos telejornais, aparições estas que, entretanto, não lhes garantiram o sucesso almejado por ambos os grupos econômicos e políticos brasileiros de forte poder de influência popular.

Afora isso, a edição de outubro do jornal Le Monde Diplomatique Brasil, traz um artigo que ressalta esta sensível queda do poder de influência dos meios de comunicação de massa nas eleições municipais brasileiras. Assinalado pelo doutor em Ciência Política e professor de Sociologia da USP, Gustavo Venturi, o texto, intitulado: “A mídia perde influência”, traz uma análise acerca dos resultados das campanhas municipais, chamando-nos a atenção para a questão da limitação do poder da mídia nos dias atuais. Nele, Venturi atribui tal fenômeno à consolidação da democracia no país, fator este que está, no que também concordamos, possibilitando um maior amadurecimento do eleitorado.

Muito embora saibamos que este é um processo ainda muito insipiente e que ainda levará muito tempo para alcançar patamares mais satisfatórios, é inegável que se trata de uma esperançosa luz apontada num túnel que está longe de se chegar ao fim.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Telejornal e a espetacularização da vida privada

Uma notícia veiculada recentemente em vários órgãos de imprensa do mundo inteiro, através das agencias de notícias, revela o caráter de espetacularização cada vez mais presente na mídia contemporânea. Referimo-nos ao episódio do pedido de casamento feito a uma apresentadora de um telejornal norte-americano durante a transmissão do noticiário. Ao apresentar uma reportagem durante o jornal para o canal de TV KAMC, do Texas, Emily Leonard teve uma surpresa ao ver em vez da matéria, o seu namorado. Este, por sua vez, entrou no estúdio e fez o pedido de casamento, de joelhos, como, aliás, manda o espetáculo da encenação matrimonial tradicional. A cena é encerrada com um sonoro “sim” da noiva ao apresentador do quadro de previsão de tempo, Matt Laubhan que, vale ressaltar, para completar ainda mais o espetáculo transmitido ao vivo para todo o Estado do Texas, estava devidamente trajado de smoking.

Muito mais que uma explícita demonstração da TV enquanto canal soberano para a propagação do espetáculo midiático, a cena que vale ressaltar, pareceria muito mais um quadro de ‘loucura de amor’ comum a programas populares exibidos pelas TV´s abertas norte-americanas e brasileiras, revela o avanço da espetacularização na imprensa ressaltando uma de suas particularidades preponderantes que é a semiose da vida pública com a vida privada. Em outras palavras diríamos, a derrubada do limiar que separa o caráter público do particular.

Contudo, não podemos esquecer de que se trata de um ingrediente essencial no processo de transformação dos fatos em espetáculos, uma vez que para tal, é necessário que estes apresentem, de alguma forma, traços de interesse público. Ou seja, algo que atraia a atenção dos receptores cada vez mais ávidos por novos espetáculos via tela da TV.

Tal fenômeno revela, como analisam diversos estudiosos do campo da comunicação, uma das mais significativas transformações do mundo contemporâneo. Um mundo em que imagem vale muito, e se espetacularizada, vale muito mais!. Que o digam os altos índices de audiências televisivos...