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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A luta pelo acervo do DB

Passada a lástima que foi o fechamento do DB, segmentos da sociedade campinense se unem para, de forma legítima e justa, lutarem pela permanência do acervo jornalístico desse que foi o último jornal diário da cidade. A mobilização começou a ser feita depois da ameaça do arquivo do veículo ser transferido para a sede dos Diários Associados, em Brasília, algo inaceitável para a cidade que lhe serviu de berço e que o abrigou por mais de seu meio século de vida.

Eis aqui uma luta não apenas de jornalistas, historiadores, intelectuais, mas de toda uma coletividade em nome de quem o Diário da Borborema, ou simplesmente, o nosso DB, preencheu ao longo das décadas de sua existência, suas páginas com notícias, reportagens, letras e imagens do cotidiano campinense.

Um veículo que, como muito bem definiu o multiculturalista Bráulio Tavares deve sua vida à Rainha da Borborema. Cidade que muito mais que berço de origem, lhe serviu de fonte de econômica rendendo ao grupo empresário dos Diários Associado, um bom rendimento material e imaterial, se levando em consideração, a imagem eternizada que o matinal campinense deixa registrado na história da imprensa paraibana e brasileira.

Além do mais, não é justo que, a essa altura do campeonato, a cidade seja penalizada pela incapacidade gestora que as últimas diretorias executivas do grupo D&A apresentaram culminando com a morte do jornal. Algo, aliás, que, diga-se de passagem, já era aguardado por muitos como mais uma crônica de uma morte anunciada. Uma morte retardada nos últimos anos, sobretudo, pela eficiente equipe de profissionais que se mantinha na redação os quais, vale ressaltar, conseguiu alavancar o DB para números e cifras otimistas nos últimos anos. Números esses, infelizmente, insuficientes para tirar o jornal da vala financeira em que se encontrava já anos.

E assim se foi mais um jornal campinense. O velho DB por onde tive a honra de trabalhar nos anos 1990 e lá assimilar as minhas primeiras lições práticas de jornalismo diário, e embevecido por essas, adentrar no mundo acadêmico da Comunicação Social. Uma experiência repleta de boas – e outras nem tanto -, lembranças, das quais fazem parte meu arquétipo mental amigos de longas datas, a exemplo de Dilvani, Chico, Luis Henrique, Lauricéia, Silvana, Ivonete e tantos outros.

O DB de inúmeros casos e causos. Escola das mais representativas fundadas por Assis Chateaubriand e por cuja redação passaram muito dos grandes jornalistas que hoje escrevem e registram em outras páginas, e por meio de outras tecnologias, a história da imprensa campinense, paraibana e de outras localidades da federação brasileira.

É por essas e tantas outras lembranças de reconhecimento que me uno a todos aqueles que estão na luta em nome desse estimado e genuíno bem campinense, para gritar e defender até a última instância a permanência daquilo que restou de si. Nesse sentido, parabenizo aos vereadores campinenses, em especial a Antonio Pereira, pela realização da sessão extraordinária para tratar desse que é, sem sombra de dúvidas, um assunto de interesse público.
Enfim e por fim, o destino do acervo do DB agora está por conta das ações a serem impetradas pela Comissão, fruto da respectiva assembléia, formada por vários nomes de representantes de segmentos distintos da sociedade campinense. Nas mãos de quem está o poder de mobilização e deliberação das medidas efetivas em nome da memória desse que um dia não apenas fez parte, mas ajudou a escrever a história de nossa estimada e grandiosa cidade querida.

Para concluir, não devemos nos esquecer que, se como já disse certa feita um grande poeta, uma nação se faz com homens e livros, um jornal se constrói muito mais que apenas homens, papel e máquinas. Faz-se de história e é essa história que não devemos nem podemos deixar se apagar de nossa memória local.