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domingo, 13 de junho de 2010

Educar para comunicar

Na constante mudanças de paradigmas da contemporaneidade, uma das poucas certezas que caracterizam o início desse novo século é o eminente poder de intervenção das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s) nos mais diversos campos de conhecimentos e práticas sociais. Já designado de a 'era da comunicação' para uns e 'era da informação' para outros, o período sociohistórico atual que atravessamos tem no uso das diversas formas de comunicação midiáticas um de seus fenômenos mais emblemáticos. Fenômeno que tem gerado uma série de discussões e reflexões em torno dos rumos socioculturais para onde convergimos no limiar dessa virada de século.

O fato é que já é senso comum o papel preponderante e modelador das novas ferramentas e recursos midiáticos no dia-a- dia dos indivíduos e, sobretudo, no processo de interação destes uns com os outros. Nesse contexto, uma das discussões que cresce e se torna cada vez mais efervescente em meio ao processo de configuração movido na sociedade midiática tem sido os desafios do indivíduo no que diz respeito ao domínio da comunicação mediada em seu cotidiano. E, dentro deste aporte reflexivo estão as reflexões sobre um novo campo ideológico e pragmático da comunicação que aponta para uma interface desta com o campo da educação.

Referimo-nos a chamada Educomunicação, tema de abertura do XII Intercom Nordeste, realizado recentemente em Campina Grande. Designada por Ismar Soares -, um dos maiores estudiosos do assunto no Brasil -, como sendo, em síntese, um conjunto de ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos comunicacionais de caráter educativo, a Educomunicação se destaca como uma das mais promissoras perspectivas de estudo em torno do processo de gestão comunicacional na contemporaneidade. Mais do que isso, esse novo campo epistemológico se apresenta como uma nova proposta de configuração das práticas e vivências interacionais dos sujeitos no mundo contemporâneo, as quais perpassam, indiscutivelmente, esses dois campos de atuação humana.

Portanto, como defende o próprio estudioso mencionado, a educomunicação teria como finalidade principal, melhorar o coeficiente comunicativo das ações humanas de caráter educativas, incluindo, dentre as várias, as relacionadas ao uso dos recursos da informação no processo de aprendizagem e de socialização dos diversos saberes. Por essa razão, como salientam os diversos pesquisadores e entusiastas desse nova visão epistemológica da comunicação social, a Educomunicação vai além dos dois campos de conhecimentos que a regem se desdobrando nos diversas outras linhas de construção do saber humano.

Pautada na interdisciplinariedade e transdisciplinariedade, a nova linha de estudo se fundamenta no resgate de conceitos e teorias amplamente difundidas na América-Latina, com atenção especial para as teorias da mediação e recepção que tem na contribuição de Martín-Barbero, um dos pilares de sustentação, bem como no legado de Paulo Freire, alguns de seus principais aportes teórico-conceituais.

Em poucas palavras, trata-se de uma tentativa de se resgatar de maneira dialógica e essencialmente democrática, a dimensão educativa da comunicação e vice-versa, no sentido de possibilitar aos indivíduos, uma melhor postura crítica no pensar e no agir num mundo em que se educar criticamente parece ser o único caminho para nos comunicarmos e nos situarmos de maneira autônoma e pró-ativa.

Nesse novo cenário acadêmico da Comunicação Social, o educador se apresenta como um novo tipo de profissional que atua ao mesmo tempo no campo da educação e da comunicação, movido pela formação de cidadãos críticos, participativos e inseridos em seu meio social, perfil este recomendado pelo Fórum sobre Mídia e Educação promovido em 1999 pelo MEC. E, nunca é demais lembrar que ser comunicólogo, é antes de tudo, conforme apregoa a própria Cosntituição Federal, primar pelo promoção de espaços essencialmente educativos. Em linhas gerais, se trata de um profissional que atuará sempre consciente de que se encontra na linha tênue que separa um campo do outro - se é que há separação entre eles - voltado sempre para a dicotomia de educar para comunicar e comunicar para educar.


Por fim, é sobre esse tema que Campina Grande, através da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), se tornará, em breve, uma referência para todo o país, na medida que sediará o primeiro curso de bacharelado em Educomunicação do Brasil. Retornaremos ao assunto, em breve!.