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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

SBT e o leilão das igrejas evangélicas

Pressionado pela crise financeira gigantesca envolvendo um de seus empreendimentos comerciais, o banco PanAmericano, Silvio Santos está leiloando espaços generosos da programação do SBT para igrejas evangélicas. Até o momento três delas já entraram na concorrência por espaços na terceira maior emissora de TV do país, oferecendo propostas milionárias para o 'batido do martelo final'.

As propostas – pra lá de tentadoras – advem dos três maiores grupos eclesiásticos do movimento protestante no país: a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Internacional da Graça – esta de propriedade do ex-sócio e cunhado de Edir Macedo, o pastor R.R. Soares - e o Ministério Silas Malafaia, pastor que aos poucos vêm adentrando no lucrativo mercado midiático da fé.

De acordo com noticias publicadas na internet, depois de se reunir com o pastor Malafaia há dias atrás, o SBT teria recebido uma nova proposta da Internacional, de R.R.Soares, no valor de R$ 10 milhões mensais (cinco horas diárias, de segunda a domingo). Não obstante, conforme também está sendo divulgado, as propostas são ainda mais ambiciosas e incluem a compra de todo o horário da madrugada da emissora, espaço este que, vale ressaltar, caso seja, de fato, negociado, deverá ser leiloado a um valor dos ‘céus’ para o grupo S.S, uma vez que se trata do horário em que o SBT vem tendo os maiores índices de audiências, chegando, inclusive, a vencer as suas duas maiores concorrentes: a Globo e o SBT.

Se Silvio Santos vender espaço da grade a uma igreja, seja por curto ou longo prazo, fará com que o SBT deixe de ser a única TV aberta sem qualquer programação religiosa. O SBT é o único canal laico hoje, já que até a Globo tem a "Santa Missa" católica aos domingos.

Por outro lado, o fechamento de negociação de tamanha envergadura com cifras de valores altíssimos faz aumentar ainda mais a curiosidade em torno do mercado da fé, e da fonte da riqueza, ao que parece, inesgotável, das igrejas evangélicas no país, as quais tem se configurado como o maior e mais lucrativo de todos os empreendimentos existentes dos últimos tempos.

De todas as dúvidas e especulações, fica uma certeza: a de que o fenômeno da espetacularização da fé divina faz com que, cada vez mais, aos olhos de todos, a palavra de Deus, sobretudo, na TV, indiscutivelmente, tem poder. E que poder!.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O caso Mayara: a difusão do preconceito na midia virtual

Continua repercutindo no Brasil e em outros paises, o episódio envolvendo a estudante paulista do curso de Direito Mayara Petruso, que postou no Twitter mensagens ofensivas ao povo nordestino em face da vitória da candidata Dilma Rousseff. O caso, cujos detalhes para quem, por acaso, ainda não se informou a respeito, podem ser facilmente conferidos na internet via ferramentas de busca, terminou tomando um rumo muito distante do planejado pela protagonista que agora se vê dentro de uma polêmica com efeitos nefastos para si. O fato em síntese foi que, além de causar uma onda de revolta e protestos não só de nordestinos, vale ressaltar, mas de pessoas de todo o país contra o seu ato pra lá de repugnável, a estudante está sendo processada criminalmente por racismo, discriminação e incentivo à violência e seu nome ganhou uma notoriedade que se pode chamar de as avessas. Trata-se de um clássico exemplo do que se pode chamar de feitiço contra a feiticeira.

Não obstante, deixando de lado as conseqüências nefastas geradas contra a estudante cuja atitude, como não é segredo para ninguém, na verdade espelha o modo de pensar de uma grande parcela da população brasileira ainda contaminada pelo mal do preconceito racial, quero me deter aqui num outro aspecto que este caso trouxe a tona e que julgo de extrema importância para todo internauta.

Trata-se do grau de responsabilidade por parte de quem posta qualquer que seja a mensagem no espaço virtual e, sobretudo, por meio da chamada rede social, chamando-nos a atenção para os efeitos que isso pode acarretar. O fato é que, por se tratar de um meio que goza da mais ampla liberdade de expressão já vista na história da humanidade, possibilitando a todo e qualquer cidadão manifestar seu pensamento, idéia ou opinião em larga escala, muitos dos usuários terminam ignorando por completo as conseqüências geradas por meio de palavras ofensivas e, mais ainda, acreditando, de maneira ingênua, na crença da internet enquanto um meio sem vigilância o qualquer tipo de controle.

Como defendem diversos especialistas, muitos dos quais, vale ressaltar, são formados na área em que a estudante mencionada se encontra inserida que é a do Direito, é preciso muita cautela e, sobretudo, senso de responsabilidade ao postar nominalmente qualquer que seja a mensagem na internet. Só assim, como se pode comprovar por meio deste episódio, se pode evitar constrangimentos de tamanha envergadura.

Finalizando, reproduzo aqui uma declaração feita por um destes especialistas que é o promotor Augusto Rossino, para quem a repercussão de casos como esse envolvendo Mayara Petruso podem servir de exemplo e inibir a prática desses crimes na web, que muitas vezes não são punidos porque as pessoas simplesmente não denunciam. Nesse sentido, estão de parabéns os nossos vizinhos pernambucanos que, por meio da seção estadual da OAB, processaram a aspirante a função de advogada (e, pelo jeito, mais uma a envergonhar a tão valiosa profissão), numa clara demonstração do orgulho de serem nordestinos, o que, ao que parece, ainda falta em muitos de nós.

Portanto, fica aqui mais um alerta para aqueles internautas que, semelhantes a estudante, se demonsrtam desavisados e para quem as ferramentas de comunicação virtual não passam de meros brinquedinhos de vaidade e banalidade bestial.