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quinta-feira, 20 de junho de 2013

O vandalismo da mídia


Para além dos diversos aspectos e discussões de valoração social e política, a crescente onda de manifestação cívica que toma conta do Brasil nos últimos dias vem suscitando várias e importantes reflexões acerca do papel da grande mídia na sociedade. Nesse contexto, muitas têm sido as observações críticas feitas ao trabalho de cobertura jornalística desenvolvida em especial, pelas emissoras de TV que continuam representando a principal vitrine midiática no país e no mundo. Venho, por meio deste espaço, expressar a minha análise crítica pessoal acerca deste fenômeno, o qual muito me incita na qualidade de profissional da mídia, mas muito mais na condição de cidadão.

Não é preciso ser um especialista para  perceber que observando atentamente a cobertura da mídia acerca do fenômeno em destaque, a palavra de ordem tem sido vandalismo. Adotando um discurso ambivalente, por vezes, contraditório e insustentável, a imprensa brasileira tem enquadrado o manifesto enquanto um ato violento, insano e de afronta à ordem e o progresso nacional. Algo que é atenuado por meio de um recurso discursivo repetitivo que ressalva o protesto enquanto um ato formado em sua maioria por cidadãos pacíficos e apoiado em bandeiras de lutas justas, porém alvo de uma ação destemperada e criminosa de uma minoria.

Não obstante, é interessante perceber que é justamente a ação desta minoria que é amplamente destacada nas imagens e textos dos órgãos de imprensa. Algo melhor ainda observado pelas transmissões de TV´s cujas lentes estão focadas em tais grupos, estejam eles onde estiverem em detrimento da grande massa humana pacífica sobre a qual essas mesmas lentes apenas passam rapidamente numa angulação distante.

Para além do sensacionalismo e tom de teledramatização que, como sabemos, impera na mídia em todo o mundo enquanto um dos principais critérios de noticiabilidade, os chamados valores-notícias, esse tipo de cobertura aponta para um outro fator operante das empresas midiáticas que é o alinhamento ideológico sustentado por estas.

Trata-se aqui da grande lente angular, do filtro seletivo por onde passam todas as diretrizes e políticas que regem o funcionamento dos órgãos de imprensa enquanto empresas e como tais, entidades de fins lucrativos submetidas a uma série de convenções estipuladas por uma macroesfera cruel que é o mercado.

Em síntese, um conglomerado empresarial que mesmo atuando em nome do que chama de prestação de serviço público, de fato, atua como uma das mãos mais severas desse mercado. Basta ver o conchavo desses grandes conglomerados de mídias com os governos e entidades multinacionais que tem nas transações publicitárias milionárias firmadas através de contratos particulares, o mais explícito fenômeno denunciante.

Portanto, é sempre bom, como, aliás, nos orienta o respeitável patrono da educação brasileira, Paulo Freire, sempre questionarmos: em nome de quem fala esta ou aquela empresa midiática? Quais interesses a rege? Só assim, compreenderemos melhor esse papel dicotômico e ambivalente da mídia que insiste em falar em nome da verdade dos fatos, mesmo sabendo-se que aquilo que esta chama de realidade nada mais é do que uma mera versão de um fato. Assim se torna mais fácil compreendermos melhor os rumos para onde essa gigantesca, inusitada e amedrotante onda de protestos que toma conta do seio da pátria brasileira está sendo conduzida, ou melhor enquadrada.

Mas como perguntar não ofende (será que não mesmo?!) onde estão as vozes dessa maioria formada por pacatos cidadãos que ninguém escuta?. Aqui vai uma dica para quem realmente deseja ouvir essa voz: continue procurando-a nas mídias alternativas e que tem nas redes sociais, o mais autêntico e democrático canal de comunicação. Pelo menos neste, a palavra de ordem não é vandalismo e sim civilismo!!.