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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ser jornalista em tempos líquidos...

A passagem do “Dia da Imprensa’ relembrado recentemente no último dia 1 de junho e a aproximação do aniversário de um ano da queda da exigência do diploma em Jornalismo para o exercício da profissão, medida esta instituída pelo STF em junho de 2009, reaquece a discussão em todo o país sobre o destino do ‘ser jornalista’.


Questão até pouco tempo figurada como uma das problemáticas discutidas no âmbito acadêmico dos cursos de Jornalismo frente às transformações porque o mundo atravessa na contemporaneidade, o perfil e o lugar do profissional de imprensa no mercado de trabalho atual passa a ser, cada vez mais, um dilema e incógnita para a categoria.
Neste contexto, lançando uma leitura macro geopolítica – muito em moda no momento em se tratando de reflexões teórico-acadêmicas... - , mais que um evidente sinal de chegada de ‘novos tempos’, as exigências de mudanças técnico-operacionais e trabalhistas sobre o jornalista, nos parece ecoar como um sinal de mudança muito maior, como, aliás, já asseguram diversos estudiosos.


Trata-se de uma ruptura idiossincrática do fazer jornalístico frente aos novos e desafiantes processos de fluxo de informação que caracterizam o mundo atual, cada vez mais configurado pelo uso dependente e revolucionário das novas Tecnologias de Informação e Comunicação, as TICs.

Dentro desse panorama, o tradicional processo de emissão e recepção de mensagens, passa por profundas mudanças cujos efeitos e conseqüências para a sociedade como um todo, só agora começam a se desenhar, se configurar perante as nossas percepções.


Trata-se de um dilema que, certamente, ainda renderá muito debate, conflitos, tempestade de idéias e choques de opiniões. E, paralelo a esses aspecto de natureza macro, não podemos perder de vista, as questões de cunho ideológico e deonteológico que permeiam o ser jornalista.


Nesse sentido, relembrando, o ano de 2009 ficou marcado por fatos importantes para a imprensa brasileira, a exemplo da ‘perda’ do diploma, a censura explícita sobre jornais e a violência física e ideológica cometida contra diversos jornalistas em vários estados brasileiros, inclusive, aqui na Paraíba com repercussão em todo o país.


E isto nos leva a uma outra discussão de interesse de toda a sociedade brasileira: o real espírito democrático vivenciado no país. E, neste contexto, falar ou mesmo pensar em democracia, desrespeitando os direitos citadinos de liberdade de expressão e manifestação ideológica, é algo pra lá de preocupante. Bem como o é, ignorar esse dilema por que passa os profissionais da imprensa que, mesmo não sendo mais os 'arautos' da informação, continuam sendo os mais confiáveis no processo de produção e emissão de mensagens informativas.


Por esse e outros aspectos, creditamos que questionamentos como, por exemplo, se há ou não motivos para se comemorar ainda datas como o “Dia da Imprensa” e “Dia do Jornalista”, ou se é válido ou não continuar insistindo na formação profissional em Jornalismo nos moldes atuais, são dúvidas que ainda persistirão por muito tempo, quiçá por uma eternidade...Se é que podemos ainda falar em eternidade numa era de tempos líquidos e identidades efêmeras, como o que vivemos hoje, onde tudo que é sólido tende cada vez mais a se desmanchar no ar. Onde os valores tradicionais e princípios básicos de solidariedade e respeito ao outro, se torna rarefeito...Nesse contexto temporal, muito mais que o que é ser jornalista, se torna problemático, o que é ser humano!.