Observando recentemente os principais sites de notícias e TV´s brasileiros é fácil percebermos a ampla repercussão que a grande mídia brasileira tem dado ao evento esportivo UFC (uma organização americana de artes marciais mistas, MMA), destacado como a nova ‘febre nacional’, ficando logo atrás do futebol. Uma das nítidas demonstrações deste fenômeno se deu neste final de semana com a cobertura privilegiada feita pela TV Globo e os principais portais jornalísticos em cima do octógono do UFC ocorrido em Fortaleza e que compreendia o duelo de técnicos do reality show The Ultimate Fighter Brasil 2.
Eis
aqui mais um clássico exemplo do que apregoa a Teoria do Agendamento - uma das
teorias da comunicação de massa mais propagadas nos cursos de Comunicação
Social e que defende, em síntese, a hipótese de que a mídia nos diz sobre o que
pensarmos, construindo a agenda temática cotidiana da sociedade, ou seja, a opinião
pública.
Desenvolvida
a partir de ações estratégicas e de natureza manipuladora, a prática do
agendamento midiático tem como um de seus principais mecanismos gerador de efeito,
a exposição massiva de um determinado tema/fato/acontecimento, utilizando-se
para isto, de generosos espaços nos noticiários e grade de programação (em se
tratando de emissoras de Tv e rádio).
A
ideia primeira é, ao inserir o tema na pauta diária dos consumidores da mídia, despertando
uma atenção para o que se exibe exaustivamente, provocar um efeito de naturalização
deste na opinião pública. Aproveitando-se do exemplo aqui destacado, se vê isto
a partir da forma como a tal modalidade esportiva é apresentada nos noticiários
em que se refere a sigla UFC sem, aliás, como mandam as diretrizes técnicas
redacionais jornalísticas, descrever o seu significado. Mas para isso há uma
razão simples: facilitar a popularização do evento esportivo advindo de uma
longa e complicada expressão norte-americana (Ultimate Fightinshow
Championship). Uma regra básica do marketing: palavras e expressões curtas e de fácil assimilação facilita uma melhor e mais rápida abossrçaõ do produto.
Aliás,
a origem da expressão já aponta para o principal e ganancioso motivo repentino do
interesse da grande mídia (vale ressaltar que o UFC chegou ao Brasil em 1998
mas nos últimos anos tem se destacado e popularizado). Produto de grande sucesso
nas TV´s pagas norte americanas, o UFC se enquadrou perfeitamente dentro dos
moldes da cultura do espetáculo midiático que, vale ressaltar, tem no esporte, a
sua principal e mais lucrativa fonte financeira.
Por
fim, não é preciso irmos mais longe para, lançando um olhar mais crítico
enxergarmos o que está por trás dessa nova ‘febre nacional’. Em outras
palavras, mais um fenômeno midiático que aponta claramente para a cadeia que alimenta
cada vez mais a sociedade midiatizada. Uma sociedade em que o esporte torna-se
o principal componente do espetáculo midiático, servindo de principal fonte de comercialização
para a indústria publicitária. Uma indústria que faz dos esportistas e suas
modalidades esportivas, a mais valiosa mercadoria da contemporaneidade. Que o diga, Neymar,
o homem de R$ 140 milhões!, o nosso mais novo homem mercadoria!!.