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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Religião e futebol na net

Uma das mensagens que vem circulando via e-mail na internet diz respeito ao um episódio recente envolvendo os jogadores do Santos numa visita ao Lar Espírita Mensageiros da Luz, que cuida de crianças com deficiência cerebral. Uma parte dos atletas, entre eles, Robinho, Neymar, Ganso e Fabio Costa, se recusaram a entrar na entidade e preferiram ficar dentro do ônibus do clube, sob a alegação de que são evangélicos.

O fato gerou uma repercussão nada positiva para os jogadores de ‘cristo’ - como preferem ser chamados - e, mais do que isso, reacendeu, na mídia cibernética, um debate sobre algo que consideramos digno de ser reforçado aqui neste espaço. Trata-se do nível de alienação religiosa a que se submetem inúmeras pessoas no mundo futebolístico - aliás, uma junção para lá de ópio - e que revela o quanto ser religioso não implica necessariamente em ser espiritualista. Graças a Deus!.

Aproveitando a deixa, gostaria de deixar aqui registrado o texto que vem sendo repassado por diversos e-mails e que mostra que, apesar dos pesares, nem tudo está perdido, pois até mesmo no meio daqueles que são conhecidos como mais radicais e intolerantes para com os seguidores de outras religiões, há quem use do bom senso e do autêntico sentido da espiritualidade que Jesus Cristo, o ser mais bem espiritualizado que por aqui já passou, foi capaz de demonstrar.

Trata-se de uma resposta advinda de um líder da corrente protestante, na qual ele aponta para uma postura que deveria ser seguida por milhares de religiosos pelo país afora. Transcrevemos a mensagem, na íntegra, a seguir, na esperança que sirva de reflexão para os adeptos de todas as facções religiosas desse nosso imenso e contraditório país.

*René Kitvtz

“Os meninos da Vila pisaram na bola. Mas prefiro sair em sua defesa. Eles não erraram sozinhos. Fizeram a cabeça deles. O mundo religioso é mestre em fazer a cabeça dos outros. Por isso cada vez mais me convenço de que o Cristianismo implica a superação da religião, e cada vez mais me dedico a pensar nas categorias da espiritualidade, em detrimento das categorias da religião. A religião está baseada nos ritos, dogmas e credos, tabus e códigos morais de cada tradição de fé. A espiritualidade está fundamentada nos conteúdos universais de todas e cada uma das tradições de fé. Quando você começa a discutir quem vai para céu e quem vai para o inferno, ou se Deus é a favor ou contra à prática do homossexualismo, ou mesmo se você tem que subir uma escada de joelhos ou dar o dízimo na igreja para alcançar o favor de Deus, você está discutindo religião. Quando você começa a discutir se o correto é a reencarnação ou a ressurreição, a teoria de Darwin ou a narrativa do Gênesis, e se o livro certo é a Bíblia ou o Corão, você está discutindo religião. Quando você fica perguntando se a instituição social é espírita kardecista, evangélica, ou católica, você está discutindo religião. O problema é que toda vez que você discute religião você afasta as pessoas umas das outras, promove o sectarismo e a intolerância. A religião coloca de um lado os adoradores de Allá, de outro os adoradores de Yahweh, e de outro os adoradores de Jesus. Isso sem falar nos adoradores de Shiva, de Krishna e devotos do Buda, e por aí vai. E cada grupo de adoradores deseja a extinção dos outros, ou pela conversão à sua religião, o que faz com que os outros deixem de existir enquanto outros e se tornem iguais a nós, ou pelo extermínio através do assassinato em nome de Deus, ou melhor, em nome de um deus, com d minúsculo, isto é, um ídolo que pretende se passar por Deus. Mas quando você concentra sua atenção e ação, sua práxis, em valores como reconciliação, perdão, misericórdia, compaixão, solidariedade, amor e caridade, você está no horizonte da espiritualidade, comum a todas as tradições religiosas. E quando você está com o coração cheio de espiritualidade, e não de religião, você promove a justiça e a paz. Os valores espirituais agregam pessoas, aproximam os diferentes, fazem com que os discordantes no mundo das crenças se dêem as mãos no mundo da busca de superação do sofrimento humano, que a todos nós humilha e iguala, independentemente de raça, gênero e, inclusive, religião. Em síntese, quando você vive no mundo da religião, você fica no ônibus. Quando você vive no mundo da espiritualidade que a sua religião ensina – ou pelo menos deveria ensinar, você desce do ônibus e dá um ovo de páscoa para uma criança que sofre a tragédia e miséria de uma paralisia mental. "

**Ed René Kivitz, cristão, pastor evangélico, e santista desde pequenininho.

Está ai a prova de que há vida inteligente e essencialmente cristã, dentro do universo religioso..