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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A guerra no Rio e o espetáculo no vídeo

A "Guerra no Rio", como ficou conhecido o confronto entre os policiais e os traficantes no Estado do Rio de Janeiro, vem provocando uma série de comentários no mundo virtual. O episódio, como não é mais novidade para nenhum brasileiro, sobretudo, para aqueles que lançam um olhar mais crítico sobre o enquadramento jornalístico do cotidiano, se revelou em mais uma nítida demonstração do poder de espetacularização da mídia.

Como não poderia deixar de ser, o episódio serviu como um prato cheio para os veículos de comunicação e, de maneira especial, para as emissoras de TV´s que deram novos contornos, cores e, como sempre, uma boa pintada de dramatização ao fato em destaque.

O destaque maior, nesse contexto, ficou para a TV Globo que, como foi acompanhado por todos os telespectadores brasileiros, chegou a tornar o ex-capitão do BOPE, Rodirgo Pimentel, em repórter e apresentador. Além de ressaltar o aspecto de espetáculo dado ao episódio, ao utilizar de tal expediente, a emissora deixou claro o seu posicionamento quanto a polêmica queda da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista.

O fato provocou uma indignação por parte do Sindicatol dos Jornalistas Profissionais do Município de Rio de Janeiro que divulgou uma nota de repúdio à ação da Tv dos Marinho. Na nota, a entidade afirmava que "A figura de um policial com a de repórteres, expõe a riscos ainda maiores os profissionais da imprensa em geral que cobrem a violência na cidade, e não apenas os daquela emissora, tornando-os alvos em potencial de bandidos".

O excesso de manipulação e espetacularização por parte das TV´s mediante o caso, fato este obervado já apartir do próprio título que foi dado ao episódio: 'A Guerra no Rio', é pontuado por vários estudiosos. Na avaliação do antropólogo Edilson Almeida da Silva, autor do livro Notícias da violência urbana: um estudo antropológico (Editora UFF), a cobertura jornalística cometeu excessos e tratou o assunto de uma forma simplista.

Em matéria assinalada pela jornalista Izabela Vasconcelos e publicada recentemente no site do www.comuniquese.com.br“, o especialista e pesquisador do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INCT-InEAC), da Universidade Federal Fluminenserevelou que "Apesar de ser um grande conflito, há certa espetacularização do problema. É tratado de uma maneira maniqueísta, como mocinhos e bandidos. Apenas dois lados se contrapondo é uma forma simplista”.

Em breve retornaremos a esse tema que certamente ainda renderá muitos comentários no espaço cibernético....

domingo, 5 de dezembro de 2010

Sensacionalismo x retratação

O Ministério Público continua aguardando a retratação por parte do apresentador José Luiz Datena e da TV Bandeirantes, emissora em que este apresenta diariamente o programa policial "Brasil Urgente", por meio do qual ele agrediu verbalmente a classe dos ateus se referindo a esses como pessoas do mal.

Extrapolando o episódio em questão, cuja atitude do protagonista dispensa maiores comentários se classificando como algo pra lá de repugnável, e retomando o conteúdo do último comentário aqui postado sobre a classificação indicativa, acreditamos que está mais do que na hora de o Ministério da Justiça, Ministério Público e demais órgãos similares, adotarem medidas urgentes e efetivas contra esse tipo de despropósito na televisão brasileira.

A atitude de Datenna revela, como não é segredo para ninguém, um estilo sensacionalista de se fazer jornalismo totalmente anti-ético que se repete, vale ressaltar, por apresentadores que estão a frente de programas de rádio e TV em todo o país. Trata-se de um grupo de indivíduos que parecem não ter o mínimo de consciência do tamanho da responsabilidade do espaço que ocupam diariamente nos meios de comunicação de massa, os quais fazem questão de massacrar, através da fala, de forma permanente e totalmente desumana, diversas pessoas com quem costumam não concordar.

É inegável que é por causa de comunicólogos desses tipos que hoje se discute a questão do direito da liberdade de expressão, um direito que, infelizmente, tem sido muito mal utilizado por boa parte dos profissionais que atuam na chamada grande mídia, profissionais esses que, é bom frisar, terminam sendo modelo repetido por centenas de radialistas e tele apresentadores em todo o país.

Muito mais que retratação, o que o Ministério Públicos e demais órgãos competentes já deviam ter feito era interditar a atuação de programas baseados nesse tipo de estilo sensacionalista que continua se proliferando pelas redes de rádio e TV em todo o Brasil. Só assim, se evitaria o trabalho constante de apagamento de incêndio, passando para a prevenção destes. Ou seja, poríamos um fim a esse duelo sem fim entre o sensacionalismo x retratação. O que não se pode nem deve mais, é se ligar a TV a qualquer horário do dia e nos depararmos com tamanhos absurdos e desrespeito ao bom senso e aos direitos humanos...