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domingo, 12 de junho de 2011

Os instigantes binômios Comunicação/Educação e Educação/Comunicação (parte II)

Em continuidade à abordagem sobre os binômios Educação/Comunicação e Comunicação/Educação, aqui desenvolvida por meio dos últimos textos postados, compartilhamos com os amigos internautas, um texto que oferece, de forma suscinta e bastante didática, uma visão esclarecedora acerca da confluência entre essas duas valiosas áreas de conhecimento e atividade humana, no contexto em que vivemos atualmente. Trata-se de um texto do Observatório do Direito à Comunicação, extraído do site: http://www.direitoacomunicacao.org.br, intitulado: "Comunicação e Educação".

Para além da concepção da Comunicação e da Educação como direitos humanos e, portanto, indivisíveis, universais e interdependentes, o ato de educar está diretamente relacionado com a afirmação do direito à comunicação e vice versa.

Preocupados com a centralidade da mídia na sociedade contemporânea, diferentes grupos de educadores, em diversas partes do mundo, vêm desenvolvendo programas que de alguma maneira alertam para questões relacionadas ao direito à comunicação e à democratização dos meios de comunicação - seja em projetos de educação formal ou informal - e com denominações também variadas. Educação para os meios, educomunicação, leitura crítica da mídia são algumas delas.

A área vem ganhando força nas últimas décadas. Em 1979, um grupo de especialistas convocados pela UNESCO estabelece uma definição que foi considerada como referência mundial na construção do conceito de educação em matéria de comunicação. "São formas de estudar, aprender e ensinar a todos os níveis (..) e em toda circunstância, a história, a criação, a utilização e a educação dos meios de comunicação como artes, práticas e técnicas, assim como o lugar que ocupam esses meios na sociedade, sua repercussão social, as conseqüências da comunicação mediatizada, da participação, da modificação que produzem no modo de perceber o mundo, a importância da criação e do acesso aos meios de comunicação".

As experiências mais recentes passam por confecção do jornal ou da rádio escola, de análise de conteúdo dos veículos, de oficinas de vídeo, produção de websites entre outras atividades. Em geral, são experiências que mostram como é possível produzir e veicular sua própria comunicação. De alguma maneira, invertem a lógica que restringe o leitor de jornal ou o ouvinte de rádio à mera condição de consumidor (lógica da informação como mercadoria), e constroem uma lógica da comunicação como direito (e da informação como bem público), segundo a qual cada um tem o direito também de produzir e veicular informação. Ao fazer sua própria comunicação e ao refletir sobre os meios, os que participam dessas iniciativas certamente saem com um olhar mais crítico sobre a mídia.

Na sociedade civil brasileira, são muitas as experiências. A lista inclui o projeto Cala a Boca já Morreu, a Revista Viração e a Fundação Casa Grande, do Ceará, projetos em que crianças, adolescentes e jovens produzem comunicação no processo educativo. Também se destacam o projeto Vídeo, Cultura e Trabalho, da ONG Ação Educativa, e organizações que contribuem com a Agência ANDI de notícias.

O tema tem ganhado destaque também na academia, sobretudo a perspectiva da Educomunicação, trabalhada, por exemplo, pelo Núcleo de Comunicação e Educação da USP. Este Núcleo esteve à frente de iniciativa pioneira, junto à prefeitura de São Paulo, do projeto Educom.radio, que capacitou todas as escolas de ensino fundamental da capital paulista para a linguagem radiofônica.

Apesar de as iniciativas da sociedade civil terem um papel central no campo da educação para os meios e das relações entre educação e comunicação, é fundamental que o tema seja também foco de políticas públicas, que garantam que crianças, adolescentes, jovens e adultos tenham acesso ao conhecimento que lhes permitirá ter uma leitura crítica da mídia, das políticas de comunicação e que, por isso, contribuirá para que venham a reivindicar seu espaço e intervenham de fato nos processos políticos e de tomada de decisão