Campo central para onde
converge o conflito de forças socioeconômica, politico e ideológica
responsáveis pelas transformações que movem e configuram o mundo contemporâneo,
a Comunicação Social vem se tornando uma das áreas de atuação profissional mais
complexas e em profundo processo de reconfiguração. Regido pelo acelerado e
globalizante processo de racionalidade técnica, o qual tem nas inovações tecnológicas
o seu motor propulsor, o mercado em comunicação tem se apresentado como um dos
mercados mais desafiantes além, é claro, de lucrativo e, por isso mesmo, alvo
central das forças hegemônicas capitalistas.
Atingidos em cheio por tal
conjuntura e enviesados pela dicotomia educação x mercado, os cursos de ensino
superior em Comunicação Social passam a sofrer um dos mais contundentes processos
de mudanças pedagógicas já registrados na história da educação superior. Uma
mudança, diga-se de passagem, confusa e confusamente percebida. O principal
reflexo dessa realidade se vê por meio dos denominados “Referenciais
Curriculares Nacionais dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura”.
Trata-se do principal
instrumento oficial impetrado pelo Governo Federal, através da Secretaria de
Ensino Superior (Sesu) do MEC, e que traça os novos rumos para os cursos de
Comunicação Social, dentre os demais. Lançado em 2009 em meio a uma discussão
ainda inconclusa e repleta de dúvidas, tendo como foco mais polêmico, a
extinção da área de Comunicação Social e, por conseguinte, da transformação das
seis tradicionais habilitações comuns a essa área (Jornalismo, Publicidade e
Propaganda, Relações Públicas, Rádio e TV, Cinema e Produção Editorial) em
cursos isolados (para saber mais, acessar o link (http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/cne/pdf/CES162002.pdf),
o documento ainda se
configura como um grande desconhecido dos docentes e discentes nas instituições
de ensino em todo o país.
Avançando para além dos
detalhes de natureza política em torno desse documento, os quais estão bem
postos no artigo de autoria do prof. Gerson Muniz (http://www.gersonmartins.jor.br/artigo-jornal/referencias-curriculares-nacionais-715), um aspecto se sobressae conclamando a uma reflexão
em torno dessa importante questão aqui levantada e que aponta para o futuro da
intervenção acadêmica na formação dos profissionais da grande área da
Comunicação Social.
Como se pode perceber, diz
respeito à imperiosa necessidade de atualização dos parâmetros básicos de
organização pedagógica dos cursos em Comunicação Social. Nesse sentido, nunca é
demais lembrar que, como ressalta a experiente professora
Margarida Kunsch – membro da comissão de especialistas envolvidos na definição
do documento aqui mencionado -, na atualidade, os processos sociais e culturais
mais amplos que se instauram a partir das transformações decorrentes da
globalização econômica. Essas, por sua vez, têm colocado no centro do debate as
ações da comunicação do mundo contemporâneo, provocando uma reavaliação acerca
das práxis que configuram cada uma das áreas do fazer comunicacional.
Portanto, para responder a essa realidade,
necessário se faz atualizar as grades curriculares de boa parte dos cursos de
Comunicação Social, os quais, como não é mais novidade para nenhum estudante ou
profissional do campo, encontram-se na contramão da atual conjuntura mercadológica
e social. Algo visivelmente percebido por meio dos conteúdos ultrapassados e linhas de formação
incompatíveis com as novas tendências que emergem no novo
mercado de trabalho e concepção de mundo global. A crise se apresenta mais
definida no campo dos cursos cujas formações profissionais se voltam para as
competências e habilidades informacionais, a exemplo, sobretudo, do Jornalismo.
Inseridos num dos mais dinâmicos e desafiantes
processos de reconfiguração socioeconômico e cultural da sociedade moderna, os
cursos voltados a interface comunicação e informação, como é o caso do
Jornalismo, vivenciam uma das maiores crises estruturais e ideológicas. Crise
essa cada vez mais acentuada pela mudança no que diz respeito ao processo de
mediação advindo das chamadas novas tecnologias de informação e comunicação e
que têm no chamado fenômeno de convergência midiática e, em especial, nos
instrumentos móveis de transmissão de informação, a sua mola mestra.
Bastar da uma olhada nos diversos artigos
publicados constantemente em vários veículos de comunicação virtuais, dentre
eles, no portal do observatório da imprensa, o mais crítico dos espaços
voltados para a comunicação no país e cujo teor apontam para as mudanças e
preocupações que vêm norteando o cotidiano das empresas de comunicação. Uma
realidade que coloca em xeque-mate o modelo tradicional ainda adotado pela
maioria das empresas de comunicação de massa, para quem o futuro parece ter
pego de surpresa. Assim como as instituições de ensino superior, essas passam a
se mobilizar procurando saídas para se enquadrarem nos moldes do admirável
mundo cada vez mais novo e assustador...