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terça-feira, 2 de novembro de 2010

O que restou das campanhas políticas (parte II)

Retomando o teor da última mensagem aqui postada, não poderíamos deixar de comentar neste espaçoo fato de que, além da noção de que a política, em síntese e essencialmentem, se reduz à prática discursiva, também restaram outras certezas ao final das últimas campanhas eleitorais realizadas no nosso país.

Entre essas, está a crescente força das chamadas novas mídias sociais que, por meio do avanço social da Internet, abrem, cada vez mais pelas redes telemáticas, o espaço verdadeiramente democrático para difusão de idéias, mensagens diversas, opiniões e informações de todos os tipos. Contudo, como não poderia ser diferente, este caráter essencilamente democrático da internet que, vale ressaltar, nos é negado nos meios de comunicação tradicionais - termina abrindo espaço para a circulação de pensamentos e posturas pessoais que apontam para o estágio inferior porque ainda atravessa a humanidade.

E, nesse contexto, diversas pessoas usam esse meio de comunica ção para disseminar, dentre vários, o preconceito fruto do orgulho e da mais brutal ignorância que ainda brota no coração e mente de centenas de milhares de cidadãos e cidadãs. Uma demonstração inequívoca de que, de fato, o mal não está nos meios - leia-se na mídia - como defendem muitos - mas sim, naqueles que estão medianto, ou seja, usando deste meios que por si só, constituem algo neutro e que, quando usados para o bem, demonstram uma força ainda maior do bem na Terra.

Pois bem, como todos foram testemunhos, mais uma vez, a participação popular nas campanhas eleitorais ocorreram de forma ainda mais massiva com a interação de milhões de internautas trocando idéias durante e pós campanha. E, nesse cenário, como também assistimos, a rede de mentiras absurdas e provocações - muitas destas em nome da religião - foram tantas que chocam até mesmo quem ainda não fez germinar dentro de si, a semente do bom senso e do discernimento tão essenciais para uma convivência verdadeiramente humana e, acima de tudo, cristã.

Como se não bastassem os diversos exemplos dessa natureza testemunhados durante a campanha, muitos internautas não se deram por satisfeitos e, agora apelam para uma prática pra lá de condenatória que é o preconceito regional. O fato é que, para muitos destes, a vitória da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, se deu graças à mentalidade inferior do povo nordestino, ainda tido para muitos como uma sub-raça, coisa que, a essa altura do campeonato, e melhor dizendo, dos avanços que já tivemos com a democracia no nosso país, considero desnecessário maiores comentários.

Entretanto, deixo a resposta para esse tipo de postura verdadeiramente inferior, por conta de uma carta escrita por uma amiga, a qual, posto logo abaixo e peço aos colegas internautas um pouco de sua atenção e reflexão.

CARTA DE REPÚDIO Por Andrea Grace
Não sou uma pessoa que costuma envolver-se em polêmicas ou declarar seus posicionamentos de forma ferrenha, pois acredito na palavra “Democracia” em toda a sua extensão e profundidade. Entretanto, diante de alguns – para não dizer centenas - de comentários que li via twitter, decidi escrever essa carta.

No último dia 31/10, dia em que o Brasil votou e elegeu a sua primeira presidente mulher – um avanço para o nosso país- os nordestinos foram extremamente desrespeitados e discriminados por terem sido os protagonistas do resultado eleitoral nacional. Comentários como “pessoas sem esclarecimento”, “sem acesso a informação”, “alienadas” foram difundidas, em pleno século XXI, apregoando uma ideia ridícula de segregação do norte e nordeste, em relação ao resto do país.

Para surpresa de alguns desinformados que twitaram tais absurdos, nós nordestinos conseguimos ler, fato que alguns julgaram impossível, pois acreditavam que no nordeste “ninguém sabia nem o que era twitter”. Engraçado é que muitos nordestinos acessam o twitter, o orkut, o facebook e os seus blogs, a partir de notebooks, netbooks, Iphones e Smartphones que, pasmem, nós sabemos o que é cada ferramenta dessa e trabalhamos a ponto de ter acesso a comprá-los, inclusive através dos websites do sudeste. É... os correios também atendem à região nordeste... Além disso, escrevo de uma cidade do interior paraibano – Campina Grande- situada entre as nove cidades tecnológicas do mundo, segundo a revista NewsWeek (vide: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=7202)., exportando tecnologia da informação para países, como Espanha, EUA e China.

Ademais, somos a primeira cidade do Brasil a dominar a tecnologia do plantio de algodão colorido ecologicamente correto. Vivemos num estado, assim como todos, com uma indiscutível má distribuição de renda, fato que não impede que campus de universidades particulares e públicas ofereçam oportunidades de acesso ao ensino superior a todas as classes sociais.Dentro dessa desigualdade social, ferida aberta em todos os grandes centros urbanos, vemos shoppings (é... nós temos shoppings no nordeste) oferecendo produtos que apenas uma parte da população pode ter acesso, contrastando com casas paupérrimas . Vemos as simples bicicletas, meio de transporte ultimamente eleito como o melhor para o meio ambiente, disputarem espaço com grandes carros de empresas estrangeiras, a exemplo da Hyndai, Honda, Kya, bem como com carros mais populares, produzidos pela Fiat, Chevrolet, e Volkswagen. É... aqui já faz algum tempo que a carroça deixou de ser o principal meio de transporte.

O que mais me assusta é que, diante de pessoas que se declaram tão superiores e esclarecidas, nós nordestinos demonstramos mais poder de decisão e escolha, pois não nos guiamos pelas opiniões alienantes e oligárquicas difundidas pelos principais meios de comunicação nacional. Fato que também deve estarrecer os mais desinformados, pois nós aqui temos televisão, inclusive de plasma, LCD e de LED, e recebemos os sinais das principais redes de televisões do Brasil, sem falar que nos mantemos informados também através de tvs à cabo – mais de uma empresa? – pois é... isso pode ser um tanto quanto impactante para alguns habitantes da parte inferior do nosso mapa brasileiro.

O que observamos é que o Brasil, nesses últimos quatro anos, assistiu a uma expansão do ensino superior, a uma diminuição da miserabilidade do país, a uma estabilidade econômica e a uma descentralização da distribuição de recursos federais, e isso foi determinante, acredito eu, para a escolha verificada com tanta revolta por alguns. A demagogia, o autoritarismo, os sorrisos forçados, a imagem da oligarquia não satisfaz mais a um povo que já sofreu muito com a falta de um olhar de credibilidade para a nossa região.

E para aqueles que não acompanharam muito de perto os resultados eleitorais por região, os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, localizados na região Sudeste, também elegeram a candidata petista.Apesar da grande votação da candidata petista na região nordeste, essa decisão não foi tão unâmime como todos pensam, pois em Campina Grande, repito, na Paraíba, o candidato José Serra teve mais de 60% dos votos. O que prova que democracia é uma palavra que, além de exigir respeito, é imprevisível.

Por tudo isso, venho com todo o meu sentimento de pesar, pelos comentários lidos, não defender um candidato ou outro, mas defender o povo nordestino que possui o direito de votar, bem como todas as demais regiões possui, e esclarecer, àqueles que acreditam em sua superioridade de reflexão e tomada de decisões, que os nordestinos não são a escória do Brasil, mas que contribuímos economicamente com o nosso país e merecemos receber em troca investimento e respeito.

Aconselho também, a tais pessoas e às que pensam como elas, a conhecer o Brasil como um todo, antes de denegrir as pessoas, baseados em informações frágeis e opiniões preconceituosas. Quem não conhece o nordeste, não acredite em tudo que é veiculado pela televisão: venha aqui e se encante!
Andrea Grace(Nordestina, paraibana e mestranda em letras pela Universidade Federal de Campina Grande
Por Andrea Grace

Não sou uma pessoa que costuma envolver-se em polêmicas ou declarar seus posicionamentos de forma ferrenha, pois acredito na palavra “Democracia” em toda a sua extensão e profundidade. Entretanto, diante de alguns – para não dizer centenas - de comentários que li via twitter, decidi escrever essa carta.

No último dia 31/10, dia em que o Brasil votou e elegeu a sua primeira presidente mulher – um avanço para o nosso país- os nordestinos foram extremamente desrespeitados e discriminados por terem sido os protagonistas do resultado eleitoral nacional. Comentários como “pessoas sem esclarecimento”, “sem acesso a informação”, “alienadas” foram difundidas, em pleno século XXI, apregoando uma ideia ridícula de segregação do norte e nordeste, em relação ao resto do país.

Para surpresa de alguns desinformados que twitaram tais absurdos, nós nordestinos conseguimos ler, fato que alguns julgaram impossível, pois acreditavam que no nordeste “ninguém sabia nem o que era twitter”. Engraçado é que muitos nordestinos acessam o twitter, o orkut, o facebook e os seus blogs, a partir de notebooks, netbooks, Iphones e Smartphones que, pasmem, nós sabemos o que é cada ferramenta dessa e trabalhamos a ponto de ter acesso a comprá-los, inclusive através dos websites do sudeste. É... os correios também atendem à região nordeste... Além disso, escrevo de uma cidade do interior paraibano – Campina Grande- situada entre as nove cidades tecnológicas do mundo, segundo a revista NewsWeek (vide: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=7202)., exportando tecnologia da informação para países, como Espanha, EUA e China.

Ademais, somos a primeira cidade do Brasil a dominar a tecnologia do plantio de algodão colorido ecologicamente correto. Vivemos num estado, assim como todos, com uma indiscutível má distribuição de renda, fato que não impede que campus de universidades particulares e públicas ofereçam oportunidades de acesso ao ensino superior a todas as classes sociais.Dentro dessa desigualdade social, ferida aberta em todos os grandes centros urbanos, vemos shoppings (é... nós temos shoppings no nordeste) oferecendo produtos que apenas uma parte da população pode ter acesso, contrastando com casas paupérrimas . Vemos as simples bicicletas, meio de transporte ultimamente eleito como o melhor para o meio ambiente, disputarem espaço com grandes carros de empresas estrangeiras, a exemplo da Hyndai, Honda, Kya, bem como com carros mais populares, produzidos pela Fiat, Chevrolet, e Volkswagen. É... aqui já faz algum tempo que a carroça deixou de ser o principal meio de transporte.

O que mais me assusta é que, diante de pessoas que se declaram tão superiores e esclarecidas, nós nordestinos demonstramos mais poder de decisão e escolha, pois não nos guiamos pelas opiniões alienantes e oligárquicas difundidas pelos principais meios de comunicação nacional. Fato que também deve estarrecer os mais desinformados, pois nós aqui temos televisão, inclusive de plasma, LCD e de LED, e recebemos os sinais das principais redes de televisões do Brasil, sem falar que nos mantemos informados também através de tvs à cabo – mais de uma empresa? – pois é... isso pode ser um tanto quanto impactante para alguns habitantes da parte inferior do nosso mapa brasileiro.

O que observamos é que o Brasil, nesses últimos quatro anos, assistiu a uma expansão do ensino superior, a uma diminuição da miserabilidade do país, a uma estabilidade econômica e a uma descentralização da distribuição de recursos federais, e isso foi determinante, acredito eu, para a escolha verificada com tanta revolta por alguns. A demagogia, o autoritarismo, os sorrisos forçados, a imagem da oligarquia não satisfaz mais a um povo que já sofreu muito com a falta de um olhar de credibilidade para a nossa região.

E para aqueles que não acompanharam muito de perto os resultados eleitorais por região, os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, localizados na região Sudeste, também elegeram a candidata petista.Apesar da grande votação da candidata petista na região nordeste, essa decisão não foi tão unâmime como todos pensam, pois em Campina Grande, repito, na Paraíba, o candidato José Serra teve mais de 60% dos votos. O que prova que democracia é uma palavra que, além de exigir respeito, é imprevisível.

Por tudo isso, venho com todo o meu sentimento de pesar, pelos comentários lidos, não defender um candidato ou outro, mas defender o povo nordestino que possui o direito de votar, bem como todas as demais regiões possui, e esclarecer, àqueles que acreditam em sua superioridade de reflexão e tomada de decisões, que os nordestinos não são a escória do Brasil, mas que contribuímos economicamente com o nosso país e merecemos receber em troca investimento e respeito.

Aconselho também, a tais pessoas e às que pensam como elas, a conhecer o Brasil como um todo, antes de denegrir as pessoas, baseados em informações frágeis e opiniões preconceituosas. Quem não conhece o nordeste, não acredite em tudo que é veiculado pela televisão: venha aqui e se encante!

Andrea Grace(Nordestina, paraibana e mestranda em letras pela Universidade Federal de Campina Grande

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O que restou das campanhas políticas...

Finalizadas as eleições e com estas, o clima eufórico das acirradas disputas para os cargos de Presidência da República e Governador de Estado, restam agora, como é de praxe, os discursos previsíveis e emblemáticos encerrando mais uma página da história da política brasileira. Neste sentido, é momento de ouvirmos:

De um lado, os discursos de entusiasmo e bravo de vitória por parte dos eleitos pela vontade soberana do povo;
De outro, os discursos subliminares de reconhecimento da derrota em tom de agradecimento e ‘humildade’ forçada dirigida pelos candidatos esperançosos aos seus súditos eleitores;

De um lado, os discursos, como sempre, redundantes e divergentes dos cientistas políticos com suas análises pra lá de previsíveis em nome de uma ciência que se revela, cada vez mais, inexata;
De outro, os discursos analíticos soberanos dos jornalistas com o endosso da verdade midiática e suas conclusões incontestáveis;

De um lado, os discursos apocalípticos e sombrios que se propagam dentro e fora dos bastidores do que restou das campanhas políticos dos candidatos derrotados nas urnas;
De outro, os discursos demagogos e hipócritas que já começam a ser traçados nas hastes em torno dos candidatos vitoriosos cercados por promessas e cobranças por todos os lados;

De um lado, as especulações e análises diversas dos resultados das urnas que brotam das camadas dos ‘eleitores pensantes’ tidos como portadores dos votos conscientes e críticos;
De outro, a fomentação da troca de insultos e provocações diversas que brotam no seio popular realçando a divisão partidiária eleitoral e o contraste entre o cidadão eleitor e o eleitor partidarista;

De um lado, o discurso persistente e incansável dos utópicos defensores do avante social democrático e progresso nacional;
De outro, o discursso pessimista e epidêmico dos desenganados com a política e com os rumos da democracia;

De um lado, por fim, os discursos que revelam o que restou desta que, sem sombra de dúvidas, se confirma como o mais popular, envolvente e intrigante fenômeno social de massa que é a campanha político eleitoral;
De outro, a certeza inequívoca de que, política nasce, se desenvolve e se concretiza em discursos....