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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O sujeito emissor-receptor

Configuração histórica de origem aristotélica que serviu de padrão para o desenvolvimento dos estudos das teorias da comunicação, o modelo triádico da comunicação constituído pelos elementos: emissor-mensagem-receptor, continua referenciando em grande parte, a compreensão básica da comunicação enquanto fenômeno processual. Nesse sentido, em detrimento dos diversos outros elementos já acrescidos a este modelo por vários estudiosos no transcorrer das últimas décadas (canal, contexto, ruído, etc), a relação entre esses elementos e, de maneira ainda mais especial, entre os dois pólos extremos da comunicação (emissor/receptor) é algo que vem suscitando novas e importantes reflexões.

Nesse contexto, uma das mais correntes e que vem sendo provocada pela Escola dos Estudos Culturais foca a atenção na figura do receptor-ativo, ou seja, o sujeito que não apenas recebe a mensagem mas que se apropria dessa, ressignificando-a, dando-lhe um sentido diferente.

Trata-se aqui, de uma característica que tem no fenômeno da subjetividade, o cerne central e que faz com que olhemos para o receptor de maneira diferente do que apregoa, por exemplo, a visão linear e simétrica da comunicação (emissor-mensagem-receptor). Faz com que visemos a figura do receptor não mais como uma tábua rasa, um mero receptáculo, ou seja, alguém que apenas acolhe, guarda aquilo que lhe é ‘depositado’, mas sim, passemos a vê-lo como um sujeito-emissor.

Alguém que, longe de ser o fim do processo comunicacional, é também um agente emissor de ideias, pensamentos e capaz de reagir de maneira autônoma e crítica frente às mensagens que lhes são dirigidas.

Não obstante, para que o sujeito passe de receptor passivo à condição de receptor ativo, é necessário que esse alcance um certo nível de interatividade dialética no processo comunicacional. Faz-se necessário que esse assuma a sua condição de ser pensante e socialmente habilitado a superar as amarras ideológicas que se sobrepõem à sua consciência crítica.

Trata-se aqui, portanto, de uma mudança de postura intelectual e sociocultural por meio da qual esse sujeito se torne um autêntico cidadão. Para tanto, uma das premissas básicas que propulsiona essa alteração é a leitura reflexiva.
Algo que pode ser feito com o auxílio de livros e mediação das diversas instâncias do saber escolar, mas que também, vale ressaltar, se desenvolve por meio do simples olhar criterioso de um sujeito situado num mundo diverso e cuja ordem de funcionamento este deseja conhecer para interagir dinamicamente, fugindo da passividade. Passividade esta que, afora os limites intelectuais e de natureza mental que porventura esse sujeito possa ser agente, é, em geral, algo produzido pelas diversas instâncias ideológicas de poder a exemplo da política, religião e, hoje, mais do que nunca, o sistema midiático.

É sobre esse em especial que voltaremos a falar, em continuidade ao desenvolvimento desse raciocínio, apontando em especial, para algo aqui já mencionado no texto anterior que é a cultura midiática. Até lá !.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

As mídias: uma nova matriz cultural

Amplamente discutido dentro e fora do universo acadêmico, o fenômeno midiático continua despertando um misto de atenção, preocupação, fascínio e desafio na contemporaneidade. Como não é mais novidade para ninguém, muito mais que um sistema de comunicação de transmissão de informação e promoção de entretenimento, as mídias desempenham, hoje, o mais significativo papel de agentes de socialização, mediando as relações do indivíduo com o mundo a sua volta e deste para consigo mesmo.

Trata-se aqui, portanto, de uma nova modalidade de cultura, ou seja, de modo de ser e estar no mundo, a qual tem recebido diversas denominações tais como cultura da mídia, cultura das mídias, cultura midiática, e midiacentrismo. Diferenças conceituais a parte, essas denominações trazem em comum o consenso de que as mídia constituem uma nova matriz cultural, de onde emergem uma série de modos de configurações da realidade, do cotidiano.

É o que defende, por exemplo, em seu livro que trata da relação entre mídia e educação, a socióloga Maria da Graça Setton. Ao destacar o conceito mais amplo de cultura, enquanto um produto da atividade material e simbólica dos humanos, a educadora ressalta a distinção desta para as demais matrizes de cultura existentes e que compõem o universo socializador do indivíduo contemporâneo, dentre as quais podemos destacar a religião e a política.

A partir dessa conjuntura, não é preciso irmos muito longe para concluirmos que, portanto, para compreendermos o tempo em que vivemos e a nós mesmos, faz-se necessário aprofundarmos a nossa visão sobre o fenômeno midiático e em torno daqueles que estão associados diretamente a este, a exemplo da própria cultura, bem como da relação imbricada entre comunicação e educação, como já foi destacado nesse blog em diversos outros artigos aqui postados.

Nesse sentido, indicamos aos interessados nesse paradigma e viés de discussão, algumas leituras instigantes e de fácil assimilação, a exemplo da própria obra mencionada de autoria de Setton, intitulada “Mídia e Educação”, bem como também: “Família, escola e mídia:um campo com novas configurações”, da mesma autora, e “Alienígenas em sala de aula: uma introdução aos estudos culturais”, de Tadeu Tomaz Silva.