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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O destino do jornal diário


 
A mais recente reforma gráfica do jornal Globo, que chega aos 87 anos, apresentada no final de julho, reacendeu, nos espaços dialéticos do universo jornalístico, a discussão em torno da manutenção do jornal diário na conjuntura da contemporaneidade caracterizada pelo acelerado e dinâmico fluxo de produção e transmissão de informação e pela supremacia das mídias digitais.  Mais uma vez, profissionais, estudiosos e críticos da imprensa se debruçam sobre essa que promete ser uma discussão que irá se arrastar ainda por um longo tempo provocando as mais diversas e divergentes opiniões e previsões acerca do futuro desse que permanece sendo o principal e mais influente veículo da mídia impressa.

Em meio as opiniões divergentes, parece ser consensual, a ideia de que longe de desaparecer do cotidiano informacional, o jornal permanecerá ainda por muito tempo, se reinventando em meio às adaptações que se fizerem necessárias. E, nesse contexto, começa a criar força a previsão de que o destino do jornal diário será o de se tornar um veículo voltado á prática do jornalismo interpretativo, dedicado a análises mais aprofundas dos fatos e acontecimentos noticiados e que requerem uma cobertura diferenciada.

Trata-se de um previsão analítica que, particularmente, considero sensata e também defendo, tendo em vista de se tratar, primeiramente, de uma ação estratégica de mudança operacional lógica tendo em vista o enfrentamento a um mercado cada vez mais competitivo e regido pela produção instantânea dos noticiários online em que o acúmulo de fatos noticiados se multiplicam aos milhares a cada minuto. Esse fenômeno por sua vez faz do atual modelo conteudístico dos jornais diários, algo com pouco poder de validade. Afinal de contas, repetir o que já foi dito, publicado exaustivamente com 24 horas de antecedência, torna o jornal um veículo repetitivo e subutilizado.

Por outro lado, ter em mãos um veículo com textos mais longos e repleto de versões analíticas dos principais fatos noticiados nas próprias versões digitais dos jornais e que, assim como ocorre com as revistas, servem de um rico acervo impresso com informações detalhadas e cobertura ampliadas de algo do interesse dos leitores, parece ser algo mais atraente e eficiente. Ao que parece, no jogo da transitoriedade regido pela lei da impermanência que rege não apenas o mercado, mas a vida como um todo, o destino de fato do jornal será o de se adaptar a essa nova realidade imposta pela conjuntura midiática obedecendo, vale ressaltar, não apenas ao aspecto técnico-informacional, mas, sobretudo, à necessidade ideológica que emerge entre os leitores da mídia impressa.