A mais recente reforma
gráfica do jornal Globo, que chega aos 87 anos, apresentada no final de julho,
reacendeu, nos espaços dialéticos do universo jornalístico, a discussão em
torno da manutenção do jornal diário na conjuntura da contemporaneidade
caracterizada pelo acelerado e dinâmico fluxo de produção e transmissão de
informação e pela supremacia das mídias digitais. Mais uma vez, profissionais, estudiosos e
críticos da imprensa se debruçam sobre essa que promete ser uma discussão que
irá se arrastar ainda por um longo tempo provocando as mais diversas e
divergentes opiniões e previsões acerca do futuro desse que permanece sendo o
principal e mais influente veículo da mídia impressa.
Em meio as opiniões divergentes,
parece ser consensual, a ideia de que longe de desaparecer do cotidiano
informacional, o jornal permanecerá ainda por muito tempo, se reinventando em
meio às adaptações que se fizerem necessárias. E, nesse contexto, começa a
criar força a previsão de que o destino do jornal diário será o de se tornar um
veículo voltado á prática do jornalismo interpretativo, dedicado a análises
mais aprofundas dos fatos e acontecimentos noticiados e que requerem uma
cobertura diferenciada.
Trata-se de um previsão
analítica que, particularmente, considero sensata e também defendo, tendo em
vista de se tratar, primeiramente, de uma ação estratégica de mudança operacional
lógica tendo em vista o enfrentamento a um mercado cada vez mais competitivo e
regido pela produção instantânea dos noticiários online em que o acúmulo de
fatos noticiados se multiplicam aos milhares a cada minuto. Esse fenômeno por
sua vez faz do atual modelo conteudístico dos jornais diários, algo com pouco
poder de validade. Afinal de contas, repetir o que já foi dito, publicado
exaustivamente com 24 horas de antecedência, torna o jornal um veículo repetitivo
e subutilizado.
Por outro lado, ter em
mãos um veículo com textos mais longos e repleto de versões analíticas dos
principais fatos noticiados nas próprias versões digitais dos jornais e que,
assim como ocorre com as revistas, servem de um rico acervo impresso com
informações detalhadas e cobertura ampliadas de algo do interesse dos leitores,
parece ser algo mais atraente e eficiente. Ao que parece, no jogo da
transitoriedade regido pela lei da impermanência que rege não apenas o mercado,
mas a vida como um todo, o destino de fato do jornal será o de se adaptar a
essa nova realidade imposta pela conjuntura midiática obedecendo, vale
ressaltar, não apenas ao aspecto técnico-informacional, mas, sobretudo, à
necessidade ideológica que emerge entre os leitores da mídia impressa.