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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Greve na mídia: informação paralisada

Acompanhando a cobertura feita pela imprensa acerca do movimento grevista das Universidades Federais, deflagrado no último dia 17, torna-se perceptível o reducionismo constante que caracteriza a mídia informativa brasileira no tocante à abordagem de problemas sociais. A constatação de tal práxi se vê no tom do discurso reproduzido pelos noticiários em sua maioria cuja palavra-chave, ou angulação das matérias, como se diz no jargão jornalístico, é o ‘prejuízo’ atribuído à paralisação das atividades acadêmicas. Nesse sentido, o tal prejuízo a que se referem as manchetes em sua boa parte, diz respeito aos dias sem aula que os estudantes sofrerão como conseqüência. Mas afinal de contas, seria este o prejuízo real da greve?. Ora, não é preciso ir muito longe para se constatar que esse tipo de perda a que se referem os noticiários é algo insignificante se comparado ao prejuízo real porque passa toda a classe discente e, como extensão, a sociedade que cada vez mais vem perdendo aquilo que há de mais valioso na educação: a qualidade desta. Algo que, é sempre bom ressaltar, mesmo que já seja do conhecimento de toda a população brasileira, os governos pouco tem se empenhado para resolver. E a solução para tal problema histórico, como também não é segredo para quem quer que seja, está na adoção de um conjunto de ações focadas em duas vertentes de investimentos. De um lado, o investimento da mão de obra qualificada, e que no caso em questão, vale reforçar, trata-se de uma categoria profissional de quem é exigido permanentemente, um dos mais rigorosos níveis de qualificação. De outro lado, a aplicação de recursos infra-estruturais e tecnológicos que possibilitem ao professor e à comunidade discente, a ampla possibilidade de desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão a que se propõe a universidade pública gratuita e de qualidade. Por essa razão, seria bem mais sensato e socialmente responsável se a imprensa de modo geral, assumindo efetivamente a sua função social, aprofundasse a cobertura acerca de fatos que, como o aqui destacado, apontam para uma série de aspectos imprescindíveis ao conhecimento não apenas das duas partes diretamente envolvidas, mas de toda a sociedade. E, nesse contexto, que fosse apresentado aos cidadãos, o quadro real porque passam as instituições federais de ensino público na contemporaneidade. Período este caracterizado, de um lado, por um amplo e inegável processo de crescimento das Ifes, e, de outro, por um lento ritmo de desenvolvimento muito aquém do esperado e principalmente, do que é propagado pelo Governo Federal. Nesse sentido, é sempre bom ressaltar que crescimento e desenvolvimento não são a mesma coisa,como, aliás, é apresentado pela propaganda oficial que insiste em confundir a sociedade. Portanto, como se pode perceber, a verdade dos fatos sempre está além do que é exposto de forma simplória e parcial. E é nesse sentido que o reducionismo reinante na mídia brasileira, algo que, diga-se de passagem, é constatado em diversas pesquisas e estudos científicos já publicados, precisa ser combatido. Trata-se aqui de uma transformação nada fácil, é bem verdade, tendo em vista se tratar de um traço característico histórico da mídia nacional e que tem origem em diversos fatores de natureza ideológica e estruturais que regem a rotina dos meios de comunicação social. Não obstante, assim como várias outras transformações desafiantes que movem o pensamento e o anseio coletivo rumo ao bem estar comum, essa é apenas mais uma das inumeráveis bandeiras de luta erguidas pelos cidadãos. Uma luta para além da educação de qualidade, e em busca da informação de qualidade.