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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Vitória do coronelismo eletrônico no Senado

Méritos políticos e celebrações a parte, a conquista da Presidência do Senado, pelo senador José Sarney, traz consigo uma suspeita nociva para a democracia brasileira. Trata-se do possível fortalecimento do chamado coronelismo eletrônico, termo este utilizado para explicar um fenômeno bastante particular, que é a utilização política de estações de rádio e de televisão por grupos familiares das elites políticas locais ou regionais.

Como se sabe, a família Sarney representa um dos mais escancarados casos desse novo tipo de manipulação política midiática. A família Sarney é proprietária de uma rede de veículos de mídia (além da TV Mirante, afiliada da Rede Globo, e do jornal), além da detenção de retransmissoras no interior e uma rede de rádios. Muito mais que uma concessão para a exploração comercial de difusão de informação e entretenimento, a família faz uso político desses veículos, ao arrepio da legislação, conforme observa a reportagem da Folha (a lei 4.117/62 proíbe uso de emissoras de TV para fins políticos).

Num dos trechos da reportagem, é reproduzido uma conversação entre o agora presidente do senado e um dos seus filhos, no qual este dá ordens para o uso político da TV que, diga-se de passagem, continua sendo o principal instrumento do coronelismo eletrônico, desde Chateaubriand. No trecho, Sarney pede para o filho colocar na TV uma matéria de interesse do grupo político dos Sarney. "Põe na TV. Manda botar o destino do dinheiro recebido", diz o pai, referindo-se a uma denúncia envolvendo Aderson Lago, primo do governador Jackson, que por sinal enfrenta na Justiça um processo que pode lhe custar o cargo e colocar no lugar a filha de Sarney, senadora Roseana (PMDB-MA). A reportagem da Folha, acentua uma preocupação maior por partes de toda a nação e mais ainda daqueles que lutam pela real democratização da comunicação no país, e pela existência de uma mídia livre, utopia que dificilmente deixará de existir...

A pergunta que permanece é: até que ponto essa tradição de coronelismo maranhense não irá fortalecer essa perversa tradição de jogo político que vigora no país há séculos e que fere em cheio a mais sagrada das leis humanas que é a democracia?. O tempo dirá...