Sejam Bem Vindo (a)!

Mostre que você não apenas é observado, mas também um observador da mídia...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mídia, Política e Cidadania na PB

Professores, jornalistas, marketeiros e outros profissionais envolvidos direta e indiretamente com o processo eleitoral na Paraíba se reuniram no último dia 19 em Campina Grande para participar do Simpósio Mídia, Política e Cidadania, promovido pela UEPB e a Faculdade Cesrei. Apesar de se tratar da primeira versão, o que naturalmente implica em algumas limitações de ordem estrutural, o evento já se revelou como um importante instrumento dialético voltado a uma discussão sobre as transformações porque passa o cenário político contemporâneo e de que maneira este fenômeno vem se configurando no contexto local.

Nesse sentido, nada mais oportuno do que reunir os diversos agentes sociais partícipes desse quadro, buscando através de uma discussão plural, se compreender melhor tal fenômeno que, diga-se de passagem, apresenta alguns aspectos um tanto assustadores. Foi o que fizeram, por exemplo, os convidados debatedores ao apresentarem uma análise acerca das duas temáticas sugeridas pela organização do evento: “ As Tendências e Perspectivas da Mídia e da Política na Paraíba”, e “A Cobertura Jornalística das Últimas Eleições Municipais em CG”. Além disso, também foi aberto espaço para apresentação de diversos estudos de pesquisa focados na relação existente entre a política e a mídia, relação esta que ocorre de maneira cada vez mais estreita, se tornado alvo constante de reflexões.

O resultado foi a apresentação de uma série de análises, ora divergentes, ora convergentes, mas que tinham em comum, a preocupação com os novos rumos da política no cenário local. Nesse contexto, como já era esperado, boa parte das discussões convergiu para o quadro lamentável da eleição ocorrida em Campina Grande, o qual, conforme ficou ressaltado nas falas dos diversos debatedores, muito mais que o fenômeno da espetacularização, ficou marcado pela escandalização. Trata-se de um traço que, como muito bem destacaram os analistas, ficou evidente nas estratégias de disputa eleitoral traçadas, sobretudo, pelos dois principais candidatos ao cargo do Poder Executivo Municipal, estratégias essas que, como toda a sociedade campinense testemunhou, não saíram do campo das baixarias, insultos e provocações, em detrimento do confronto salutar de propostas e idéias voltadas à implantação de medidas e políticas públicas.

No tocante à participação da mídia, as análises ficaram focada, de um lado, na censura sofrida pelos meios de comunicação por parte da Justiça Eleitoral que, como também ficou evidenciado, movida pela intenção de evitar qualquer tipo de abuso e infração por parte da mídia à legislação eleitoral, terminou pecando no que diz respeito ao sagrado exercício de liberdade de expressão. O outro enfoque apontou para a parcialidade explícita, porém, não assumida por parte dos grandes grupos de comunicação do Estado, os quais foram utilizados como uma extensão do horário político gratuito por cada um dos candidatos, com fins eleitoreiros.

Por fim, o evento chamou a atenção para a necessidade de um maior envolvimento da sociedade nesse quadro de transformação social, cujos efeitos, repercutem para todos os cidadãos em nome de quem a política deve continuar sendo o seu maior instrumento de democratização e desenvolvimento. Perder essa condição, portanto, é regredir e emergirmos na contra-mão da civilização, dando margens para a barbárie, o radicalismo e irracionalidade, coisas aliás, que mais caracterizam a última disputa eleitoral em CG, onde mais uma vez se fez necessária, a intervenção do Exército como garantia da ordem pública.

É nesse sentido, que o Simpósio Mídia, Política e Cidadania se configura como uma iniciativa para lá de oportuna, no intuito de resgatar o que ainda resta dos bons princípios que devem regir a política, sobretudo, convidando a todos (cidadãos e políticos) para uma discussão reflexiva. Evento, cuja proposta, é lançar as bases para a consolidação do Simpósio Internacional Mídia, Política e Cidadania, com a finalidade maior de fomentar, logo imediatamente a cada pleito eleitoral, a avaliação crítica por parte da comunidade acadêmica, profissionais de comunicação e outros segmentos da sociedade do papel da mídia na democracia contemporânea, .

E-mail para contato com a comissão organizadora: simposio.midia.politica.cidadania@gmail.com

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

A mídia e a milionária indústria de indenização

Duas notícias veiculadas esta semana nos jornais e sites de notícias envolvendo dois artistas do show business trazem de volta ao cenário midiático, a discussão sobre a milionária indústria de indenização que sempre permeia as celebridades. Uma delas dava conta de que o deputado e apresentador Clodovil ganhou uma ação na justiça contra a Rede TV e que está prestes a ganhar a quantia de R$ 1 milhão. O apresentador acusa a Tv de ter o demito sem justa causa.

A outra notícia diz respeito a um processo que está sendo movido pela 'Rainha dos Baixinhos” Xuxa (que, diga-se de passagem, de infantil, não tem nada) contra o jornal institucional da Igreja Universal do Reino de Deus acusada de haver noticiado uma matéria na qual é afirmado que a apresentadora teria feito um pacto com o dito cujo, ou seja, o diabo, em outras palavras, a maior fonte de renda da respectiva igreja (não é a toa que seu nome é muito mais propagado dentro da igreja que o do próprio Deus). Xuxa pede a bagatela no valor de 3 milhões por difamação.

Ambos os casos reforçam o quanto a chamada indústria da indenização vale para o bolso das celebridades que, apesar de se exporem à opinião pública, não levam para casa todo tipo de insulto. Por outro lado, este fato revela o valor da vitrine midiática, razão pela qual tanto se disputa os famigerados 15 segundos de fama...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

As 10 lições da disputa eleitoral em CG

A acirrada disputa eleitoral municipal chegou ao fim neste domingo, 26, encerrando um embate político-partidário que certamente ficará registrado na história da vida política da Rainha da Borborema, como um dos episódios mais conturbados e ao mesmo tempo revelador. A disputa, que entrou na reta final em clima de duelo entre os dois candidatos – Veneziano (PMDB) e Rômulo Gouveia (PSDB)-, chegou ao fim, deixando uma série de lições a serem refletidas por todos os cidadãos campinenses. Enumeremos aqui algumas dessas:

1 – Que, de fato, como asseguram os próprios cientistas políticos, a política é uma ciência extremamente complexa e inexata e que obedece a lógicas que a própria razão desconhece;
2 – Que o poder exercido pelo dinheiro sobre as pessoas é considerável, porém, não decisivo em se tratando de uma disputa eleitoral;
3 – Que a indústria do denuncismo e a central do boataria enquanto estratégia de campanha eleitoral, deve ser repensada urgentemente pelos marketeiros políticos;
4 – Que, como já demonstram vários resultados de eleições em todo o mundo, o poder de influência da mídia não é um fator decisivo, contrariando o que pensam alguns conglomerados midiáticos atrelados a grupos políticos;
5 – Que as adesões repentinas e oportunista de correligionários de uma coligação para outra em plena campanha, não se traduz em transferência de votos, mas sim em mera covardia e falta de espírito político;
6 – Que, apesar de se revelar um instrumento extremamente fértil para se alcançar à massa, o apelo às emoções quando exagerado, é sinônimo de subestimação da capacidade racional do eleitorado;
7 – Que os resultados de pesquisas de intenção de votos, quase sempre erram, mas também (paradoxalmente) quase sempre acertam;
8 - Que a compra de votos enquanto estratégia eleitoral é uma faca de ‘dois gumes’ e que neste sentido, pode cortar à própria carne;
9- Que a articulação em torno da concentração de forças correligionárias adversas, nem sempre representa fortalecimento partidário;
10 – Por fim, que apesar de se tratar de um campo minado por todos os lados pela falta de ética e escrúpulo advindos da maioria de seus militantes, a política nem sempre responde à esta realidade, deixando ecoar no final, a soberana vontade do povo!.

E que venham às próximas eleições com suas sábias lições resultante da participação democrática... Avante Campina!!!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

CASO ELOÁ E A ESPETACULARIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA NA TV

A ampla cobertura da mídia e, em especial das redes de televisão abertas, sobre o polêmico caso do seqüestro de Santo André, ratificou, de um lado,o badalado avanço do fenômeno da espetacularização na chamada sociedade da informação – o qual ao que parece por mais que
não queiramos, somos forçados a destacar neste espaço- e de outro, a tendência do jornalismo televisivo para o espetáculo midiático. Trata-se, como percebemos, de uma receita perfeita para uma 'deliciosa' audiência ao vivo e a cores...

Mas, apesar de termos muito sobre o que falar acerca desse fato cada vez mais escancarado aos nossos olhos que realmente, conforme ressaltam os diversos estudiosos da espetaculairzação, parecem estar cada vez mais viciados por novos espetáculos, preferimos reproduzir,
abaixo, o comentário feito por Ana Maria Paterson, publicado no Observatório da Imprensa, o qual ao lermos, constatamos que diz tudo aquilo que gostaríamos de escrever e compartilhar com os diletos amigos internautas. O comentário sugere uma auto-crítica por parte do papel desempenhado pela mídia mediante o caso em questão e, em particular, ao modos operandi da imprensa que, conforme descreve a autora do texto em consonância com vários outros estudiosos da práxi jornalística contemporânea, parece estar deixando de lado alguns dos princípios apregoados no próprio código deontológico da profissão jornalista. Segue abaixo, o referido texto:

*A mídia e o seqüestro de Santo André

Por que a imprensa tem tanta dificuldade em fazer autocrítica? É claro que essa pergunta não me surgiu hoje, mas o que me fez escrever foi o papel da imprensa no seqüestro da estudante Eloá Cristina Pimentel. Na segunda-feira (13/10), o Brasil recebeu a notícia de que um rapaz
de 22 anos estava fazendo refém sua ex-namorada, de 15 anos. Foram inúmeras reportagens sobre Lindemberg Fernandes Alves, um rapaz trabalhador, que não bebe, não fuma, tem dois empregos para ajudar a família.

Com o passar das horas, o rapaz foi sendo narrado como um criminoso seqüestrador desequilibrado. Diante disso, uma gama de profissionais passou a ser entrevistada: psiquiatras, advogados, especialistas em segurança, psicólogos, criminalistas foram submetidos a perguntas do tipo "o que o rapaz estava pensando quando entrou no apartamento?", "qual o objetivo dele ao colocar uma camisa do São Paulo na janela?". E por aí ia um festival de sandices.

No segundo dia, o rapaz falou com uma emissora de TV e o espetáculo ficou mais dantesco quando apresentadores José Luiz Datena e Sonia Abraão chegaram a bater boca no ar para decidir quem tinha a equipe de reportagem mais competente, quem fazia um jornalismo mais ético. É possível?

A partir daí, entrevistados, apresentadores, pastores passaram a falar com o rapaz por intermédio da televisão. Ao mesmo tempo, vários comentaristas de segurança (nova denominação para repórter policial) começaram a repetir a seguinte frase "este rapaz está fazendo um passeio pelo Código Penal", enquanto outros estimaram a pena dele em
40 anos.

Considerando que no contato telefônico o rapaz deixou muito claro que seu maior medo era ir para prisão e levar tiros, segundo suas próprias palavras, não seria uma questão ética evitar comentários sobre a punição que ele iria sofrer ao sair de lá? Era de conhecimento de
todos que ele estava assistindo televisão e ouvindo tudo. Não seria prudente evitar esse tipo de comentário com o objetivo garantir o sucesso da operação? Em relação à imprensa, qualquer questionamento de seu papel nisso tudo é respondido pela seguinte frase: "Estamos fazendo nosso trabalho".

Vocês acreditam que é possível fazer jornalismo nos meios?

* Texto publicado por Por Ana Maria Peterson Silva em 18/10/2008, no
www.observatoriodaimprensa.com.br

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

MÍDIA, POLÍTICA E OS RESULTADO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Os resultados do primeiro turno das eleições municipais realizadas no país, confirmaram um fenômeno que vem sendo discutido por estudiosos e pesquisadores da comunicação social e institutos voltados à problematização da relação entre os meios de comunicação de massa e as campanhas eleitorais. A exemplo do que já foi publicado neste espaço (ver texto intitulado: eleições, mídia e democracia), boa parte dos resultados das urnas aponta para uma mudança lenta, mas processual acerca da diminuição do poder de influência da mídia nos resultados eleitorais.

Trata-se de uma realidade que, apesar de ser constatada de maneira mais contundente na América Latina e em especial, nas campanhas presidenciais realizadas nesta parte do continente, conforme é apresentado no texto acima mencionado, também começa a apresentar reflexo nas campanhas municipais e estaduais. Os resultados das últimas eleições municipais reforçam este fenômeno que pode ser melhor percebido por meio de alguns dados pontuais.

Dentre estes podemos destacar o fortalecimento do PT nas eleições municipais que, apesar de todas as críticas e ataques - nem sempre justos - advindos, sobretudo, dos órgãos de imprensa que formam a chamada grande mídia, superou os 14 milhões de votos obtidos há quatro anos, consagrando-se como o partido mais votado, tendo alcançado 545 prefeituras em todo o país -dessas, 107 só em Minas Gerais, onde se encontra um dos maiores adversários do presidente Lula nas próximas eleições - Aécio Neves.

A derrota de ACM Neto (DEM), selando o fim da hegemonia baiana do grupo ACM que, vale salientar, há pouco mais de dois anos controlava aproximadamente 90% dos municípios baianos, é outro resultado explícito dessa mudança aqui retratada. Nesse contexto, vale ressaltar que além da cobertura favorável de boa parte da imprensa local, ACM Neto contava com um significativo apoio da Rede Globo que há anos vem concedendo a este, um generoso espaço em seus preciosos telejornais, aparições estas que, entretanto, não lhes garantiram o sucesso almejado por ambos os grupos econômicos e políticos brasileiros de forte poder de influência popular.

Afora isso, a edição de outubro do jornal Le Monde Diplomatique Brasil, traz um artigo que ressalta esta sensível queda do poder de influência dos meios de comunicação de massa nas eleições municipais brasileiras. Assinalado pelo doutor em Ciência Política e professor de Sociologia da USP, Gustavo Venturi, o texto, intitulado: “A mídia perde influência”, traz uma análise acerca dos resultados das campanhas municipais, chamando-nos a atenção para a questão da limitação do poder da mídia nos dias atuais. Nele, Venturi atribui tal fenômeno à consolidação da democracia no país, fator este que está, no que também concordamos, possibilitando um maior amadurecimento do eleitorado.

Muito embora saibamos que este é um processo ainda muito insipiente e que ainda levará muito tempo para alcançar patamares mais satisfatórios, é inegável que se trata de uma esperançosa luz apontada num túnel que está longe de se chegar ao fim.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Telejornal e a espetacularização da vida privada

Uma notícia veiculada recentemente em vários órgãos de imprensa do mundo inteiro, através das agencias de notícias, revela o caráter de espetacularização cada vez mais presente na mídia contemporânea. Referimo-nos ao episódio do pedido de casamento feito a uma apresentadora de um telejornal norte-americano durante a transmissão do noticiário. Ao apresentar uma reportagem durante o jornal para o canal de TV KAMC, do Texas, Emily Leonard teve uma surpresa ao ver em vez da matéria, o seu namorado. Este, por sua vez, entrou no estúdio e fez o pedido de casamento, de joelhos, como, aliás, manda o espetáculo da encenação matrimonial tradicional. A cena é encerrada com um sonoro “sim” da noiva ao apresentador do quadro de previsão de tempo, Matt Laubhan que, vale ressaltar, para completar ainda mais o espetáculo transmitido ao vivo para todo o Estado do Texas, estava devidamente trajado de smoking.

Muito mais que uma explícita demonstração da TV enquanto canal soberano para a propagação do espetáculo midiático, a cena que vale ressaltar, pareceria muito mais um quadro de ‘loucura de amor’ comum a programas populares exibidos pelas TV´s abertas norte-americanas e brasileiras, revela o avanço da espetacularização na imprensa ressaltando uma de suas particularidades preponderantes que é a semiose da vida pública com a vida privada. Em outras palavras diríamos, a derrubada do limiar que separa o caráter público do particular.

Contudo, não podemos esquecer de que se trata de um ingrediente essencial no processo de transformação dos fatos em espetáculos, uma vez que para tal, é necessário que estes apresentem, de alguma forma, traços de interesse público. Ou seja, algo que atraia a atenção dos receptores cada vez mais ávidos por novos espetáculos via tela da TV.

Tal fenômeno revela, como analisam diversos estudiosos do campo da comunicação, uma das mais significativas transformações do mundo contemporâneo. Um mundo em que imagem vale muito, e se espetacularizada, vale muito mais!. Que o digam os altos índices de audiências televisivos...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Globo e futebol: um negócio de R$ 1,4 bilhão

O contrato bilionário recém-firmado entre a Rede Globo de Televisão com o Clube dos 13, no valor de 1,4 bilhão, garantindo a emissora dos ‘Marinho’, os direitos exclusivos da transmissão do Campeonato Brasileiro no triênio 2009-2011, ressalta o negócio da ‘china’ (jargão este, aliás, que será tema da nova novela da Globo– outro produto lucrativo da emissora) que representa o futebol para a mídia.

O valor da comercialização do ‘Brasileirão’ foi fechado depois de uma longa negociação entre a diretoria comercial da TV Globo e os clubes que integram o clube dos 13, e contou com um pequeno empurrãozinho da maior rival da Globo, a TV Record, que, conforme várias informações circuladas na Internet, estava de olho neste contrato pra lá de lucrativo. De quebra, ganharam os clubes que, há meses, negociavam um aumento da cota que é repassada pela Globo.

Foi, é claro, uma jogada e tanto dos representantes dos times milionários de futebol brasileiro que terminou pegando de jeito a Rede Globo. Contudo, nada mais justo para quem lhe garante, há décadas, uma senhora renda por meio de valiosas cotas publicitárias que são, na verdade, o eixo central de sustentação de todos os veículos de comunicação e, mais ainda, da relação destes com o futebol, fenômeno este, aliás, moldado pela mídia insistentemente como a paixão nacional. E o amor, onde fica?.

Mas o tamanho dessa paixão pode ser medida perfeitamente em cifras. Para se ter uma idéia do tamanho e valor monetário do bolo publicitário fatiado entre a Globo com os times de futebol, do qual, é evidente, esta termina ficando com a fatia maior, no ano passado, a Globo vendeu cada cota do seu futebol por R$ 108 milhões, conforme informações do jornal Propaganda & Marketing. As cotas são compradas por empresas de grande porte, a exemplo do Itaú, Casas Bahia, Vivo, Ambev e Volkswagen. Isso sem falar no "top" de 5 segundos da Coca-Cola, que rende R$ 32 milhões.

Estas cifras, vale salientar, não incluem as diversas outras cotas publicitárias advindas de outras modalidades de produtos midiáticos, as quais chegam aos cofres da emissora com a mesma rapidez do sonoro ´plim plim” que esta soa aos ouvidos dos seus telespectadores. Fazem parte desta fonte financeira suntuosa, as outras modalidades de programas agregradas à grande televisiva ‘global’, a exemplo da Fórmula 1, que assim como o futebol, representa algumas das maiores rendas de faturamento desta e cujo valor já fechado para 2009 é de R$ 50% milhões.

Isto sem falar no cada vez mais lucrativo “Big Brother Brasil” que, de fato está se tornando um realy show em faturamento para a Globo e os demais atrativos de entretenimento. Neste sentido, nunca é demais lembrar que, enquanto, de um lado, os telespectadores se entretém sentados confortavelmente em frente à telinha da Globo com o seu delicioso cardápio televisivo, de outro, o departamento comercial – o coração e cérebro da emissora – faz festa com os números do ibope, números estes que, como vemos, se transformam em cifras por segundos.

Encerrando esse comentário que tem como propósito principal, oferecer aos caros colegas internautas, uma idéia ainda que parcial do astronômico resultado financeiro que se esconde por trás da indústria de entretenimento deste que continua sendo o sistema de comunicação mais lucrativo do país, aqui ai outro dado. Segundo dados do Propmark, o faturamento da Globo no ano passado foi de aproximadamente R$ 5,2 bilhões. Para este ano, acredita-se num crescimento de 11%. E ainda se fala em crise na rede Globo...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Mídia cidadã

Pautadas no papel cada vez mais central que a mídia tem ocupado na sociedade contemporânea, cresce, na sociedade civil organizada, as discussões sobre esta relevante temática de que trata este blog. Trata-se de uma importante vertente discursiva voltada à uma maior conscientização em torno dos modos operandi e efeitos dos meios de comunicação de massa no cotidiano dos cidadãos.

Neste contexto, será realizado em Recife, a IV Conferência Brasileira de Mídia Cidadã - Pesquisas acadêmicas e experiências da sociedade civil, mercado eEstado na efetivação do direito humano à comunicação. O evento abordará diversos temas relacionados à problemática acima mencionada. Dentre os temas que serão discutidos, estão os seguintes: o direito do cidadão à comunicação, as políticas de informação, rádio comunitária, a internet e os jovens, os efeitos da publicidade, TV Pública e, a informação como instrumento de formação cidadã.

O encontro acontecerá na UFPE, nos dias 16, 17 e 18 e reunirá dezenas de pesquisadores e representantes da sociedade civil em torno de uma vasta programação que reproduzimos em parte, mais abaixo. O evento é aberto ao público em geral. A Confirmação da participação dev ser feita até 15 de outubro pelo e-mail: www.observatorio.midia@ufpe.br).
Maiores informações e a programação, na íntegra, no site http://www.ufpe.br/observatorio .

Programa
Quinta-feira – 16 de outubro
8h – Credenciamento dos participantes (Recepção do CAC)8h30 – Abertura (Jardim interno do CAC)- Prof. Dr. Amaro Lins - Reitor da UFPE- Dr. Romeu Tuma Júnior – Secretário Nacional de Justiça- Dr. Paulo Varejão – Procurador-geral do MPPE- Profa. Dra. Solange Coutinho – Pró-reitora de Extensão da UFPE- Profa. Dra. Virgínia Leal – Diretora do Centro de Artes e Comunicação- Profa. Dra. Isaltina Mello Gomes – coordenadora do PPGCOM/UFPE- Profa. Dra. Cicilia Peruzzo – Cátedra Unesco/Umesp- Prof. Dr. Edgard Rebouças – Observatório da Mídia Regional/PPGCOM/UFPE

9h – Reunião dos grupos de trabalho (CAC)GT1 - Mini-auditório IFormação de correspondentes para a rádio comunitária HeliópolisCicilia M. Krohling PeruzzoOboré Projetos Especiais de Comunicação; Núcleo de Pesquisa deComunicação Comunitária e Local (Comuni) - Umesp; Projeto Redigir(ECA/USP); União de Núcleos Associações e Sociedades de Heliópolis eSão João Clímaco (Unas)

Rádio comunitário regional: perfil da rádio Ponte FM em Indaiai - SCLetícia Dayanna Ferreira de Melo e Ofélia Torres MoralesUniversidade Regional de Blumenal

Rádio Mulher: uma estratégia política feminista em comunicaçãoHainer Bezerra de Farias e Flavia Maria LucenaCentro das Mulheres do Cabo;

Rádio MulherRádio e aprendizagem: a participação de crianças e adolescentes naconstrução de um ambiente comunicativo a partir da rádio-escolaLuana Amorim GomesUFCProjeto Dissonante: faça-rádio-web-você-mesmo - uma experiência decomunicação livreFernando Paulino; Juliana Oliveira Mendes; Leyberson Lelis Pedrosa ePedro Arcanjo Matos (Unb)

Rádios comunitárias na internet: mais um canal para a tentativa depromoção de cidadania nos locais mais pobres do país. O caso dasrádios comunitárias na web do sertão do PiauíOrlando Maurício de Carvalho BertiUniversidade R. Sá (Picos – PI)

Está entrando no ar... A voz da juventudeTatiana Castro MotaONG Catavento Comunicação e Educação – CearáVocê fala, você muda! Uma experiência pela democratização da ComunicaçãoHugo de Lima; Marcela Lino e Marcelle HonoratoComunidade Boivoador de Artes e Comunicação Social
GT2 - Mini-auditório IIClassificação Indicativa – Informação QualificadaRomeu Tuma JúniorMinistério da Justiça - Secretaria Nacional de Justiça Departamento deJustiça, Classificação, Títulos e QualificaçãoCampanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania"Ricardo Moretzsohn

Comissão de Direitos Humanos e Minorias e Comissão de LegislaçãoParticipativa da Câmara Federal; Campanha "Quem Financia a Baixaria éContra a Cidadania"A campanha "Quem financia a baixaria é contra a cidadania": direitoshumanos na TV brasileiraCarlos Henrique Demarchi(Unesp)

O caso Direitos de Resposta e o controle público da mídiaAna Maria StraubeIntervozes – Coletivo Brasil De Comunicação Social; Ministério PúblicoFederal; Ação Brotar Pela Cidadania e Diversidade Sexual; Associaçãoda Parada do Orgulho dos Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros deSão Paulo; Associação de Incentivo à Educação e Saúde de São Paulo;Centro de Direitos Humanos;

Identidade – Grupo de Ação Pela CidadaniaHomossexual.Da "farra das concessões" à interdição das rádios comunitárias: opoder político e econômico dos mercadores do setor de rádio no BrasilAna Veloso e Hainer FariasUnicap;

UFPEO papel do Poder Judiciário na restrição e/ou garantia do direito àliberdade de expressãoJackeline Danielly Freire FlorêncioUFPEO dilema entre público e estatalInaldo Santana AraújoUFBA12h – Visita à I Feira Nacional de Mídia Cidadã (CAC)14h – Reunião dos grupos de trabalho (CAC)

GT3 - Mini-auditório IA mensagem da classificação indicativa na língua brasileira de sinaisnas vinhetas televisivasRomeu Tuma JúniorMinistério da Justiça - Secretaria Nacional De Justiça - Departamentode Justiça, Classificação, Títulos e QualificaçãoA atuação do cfp na implementação das políticas de comunicação: o casoda publicidade para criançasClara GoldmanConselho Federal de PsicologiaPolíticas de incentivo às mídias cidadãs em VitóriaJacson José Maria SegundoPrefeitura de VitóriaVozes da democracia – histórias da comunicação na redemocratização do BrasilIano MaiaIntervozes – Coletivo Brasil de Comunicação SocialRelações públicas cidadã na Andaluzia: um relato sobre a ouvidoria deuma associação de emissoras comunitárias e municipais de rádio e tv nosul da EspanhaJosé Guibson DantasUniversidad de Málaga

TV pública do Brasil e a eficácia do direito fundamental à informaçãoJoana Maria de Brito MatosUFPEA memória do direito à comunicaçãoRenato BigliazziUnBAnálise das práticas de comunicação na gestão municipal de saúde parao controle da dengueIdê Gomes Dantas Gurgel e Mariana Olívia Santana dos SantosFiocruz – Fundação Osvaldo Cruz

GT4 - Mini-auditório IIUma janela para o mundo: a inclusão comunitária e mercadológica dosadolescentes do projeto TV JanelaRobson da Silva BragaUFCColetivo Gambiarra ImagensColetivo Gambiarra ImagensCoque, exercícios do olhar: uma experiência de pesquisa comodesdobramentos de um projeto de extensãoRafael Souza, Roberta Lira dos Santos, Monick França, Gutembergue deLima e Sandokan Xavier

Sábado – 18 de outubro8h – Saída para visita a projetos de mídia cidadã no Recife(Estacionamento do CAC)(Confirmação da participação até 15 de outubro pelo e-mailobservatorio.midia@ufpe.br)

Maiores informações no site http://www.ufpe.br/observatorio .

Realização:Observatório da Mídia Regional: direitos humanos, políticas e sistemas(PPGCOM/UFPE)Cátedra Unesco/Umesp de Comunicação para o Desenvolvimento RegionalApoio:Auçuba – Comunicação e EducaçãoCentro de Cultura Luiz FreireCentro das Mulheres do CaboConselho Regional de Psicologia (CRP-PE)Hotel CanariusFaculdade Marista do RecifeLe Fil Comunicação DigitalMinistério Público do Estado de PernambucoRecife Convention & Visitors BureauSindicato dos Servidores Públicos Federais de PernambucoSindicato dos Telefônicos de PernambucoSinos - Organização para o Desenvolvimento da Comunicação Social

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Mídia, eleições e democracia

A discussão acerca do papel dos media nas eleições dentro do contexto da chamada sociedade da informação, vem despontando como uma das mais promissoras na contemporaneidade. O fenômeno – que ainda permanece mais arraigado à cultura acadêmica -, vem se desenvolvendo em meio a um desencadeamento reflexivo dinâmico englobando diversas entidades civis representativas, numa clara demonstração da relevância desta temática para a população.
As discussões têm, em geral, como eixo central a imbricada e tendenciosa relação existente entre a mídia, a sociedade e a democratização da comunicação, ou melhor, da informação. Trata-se de uma pauta social que, apesar de não se caracterizar como algo novo, vem se ampliando à medida que cresce a conscientização da sociedade civil organizada para estes três elementos mencionados.

Neste contexto, entre as últimas iniciativas de cunho reflexivo e crítico, estão os lançamentos de estudos e livros baseados em trabalhos de análises acerca dos efeitos dos mass media dentro do cenário das campanhas eleitorais no mundo. Alguns dos mais recentes têm como foco a realidade vivida de maneira particular na América Latina e, de forma ainda mais restrita, no Brasil. Dentre esses estão as obras: “Se nos rompió el amor – Elecciones y medios decomunicación, América Latina 2006” (FES); “Mídia nas Eleições de 2006”, de Venício Artur de Lima; e “Mídia, eleições e Democracia”, de Heloiza Matos.

O primeiro é fruto de uma das pesquisas mais recentes na América Latina e reúne 12 estudos de 15 especialistas, 11 deles sobre o papel da mídia nas eleições presidenciais realizadas em 11 países da América Latina, entre novembro de 2005 e dezembro de 2006. Trata-se de um trabalho realizado pelo C3 – Centro de Competencia em Comunicación, uma unidade regional de análise da comunicação para América Latina da Fundação Friedrich Ebert (FES), com sede em Bogotá, Colômbia. A FES é uma instituição que "baseia seus programas no ideário da socialdemocracia alemã e européia e mantém escritórios em mais de 70 países do mundo, sempre com a finalidade de cooperar na consolidação e no desenvolvimento de regimes democráticos e participativos" e está no Brasil há mais de 30 anos.

Trata-se do décimo segundo estudo trata das eleições municipais e parlamentares realizadas em El Salvador. A tese principal do livro, simplificadamente, é de que o ano de 2006 passará para a história das relações entre a mídia e as campanhas eleitorais na América Latina como aquele em que os candidatos "romperam seu amor pela mídia" e preferiram a comunicação direta com a cidadania. Voltaremos a refletir melhor sobre este fenômeno que julgamos particularmente passível de um melhor aprofundamento, em outro momento. A principal conclusão dos estudos apresentados no livro é que, em seis dessas eleições, saíram vencedores os candidatos a presidente que enfrentaram a cobertura jornalística adversa majoritária da mídia em seus respectivos países - Bolívia, Chile, Brasil, Nicarágua, Equador e Venezuela, fato este que aponta para o que praticamente, todos os estudos em volta da mídia tentam compreender melhor que é a mudança de paradigma em torno do papel exercido por esta na sociedade nas últimas décadas. O livro pode ser acessado por meio do endereço eletrônico: http://www.c3fes.net/docs/rompioelamor.pdf

Já o livro “Mídia nas Eleições de 2006”, lançado no ano passado e que conta com o pesquisador Venício Artur de Lima, como organizador se destaca em termos de Brasil, como uma importante obra dentro do contexto aqui ressaltado. A obra é o resultado do trabalho coletivo de 16 autores, alguns, inclusive, com experiência na grande mídia. O livro gira em torno de três questões fundamentais: Como foi a cobertura jornalística das eleições?; Qual o papel da mídia?; e O que fazer para aprimorar o funcionamento da mídia na democracia brasileira?. As próprias questões suscitadas pela obra já falam do seu caráter eminentemente crítico-analítico e da importância da leitura que esta nos oferece.

Por fim está o livro: “Mídia, Eleições e Democracia”, de autoria de Heloisa Matos por meio do qual a estudiosa faz uma ampla abordagem acerca da relação existente entre estes três elementos, focando o papel deste primeiro nos demais. Como podemos observar, é outra importante leitura centrada na discussão aqui levantada e que, como podemos também já perceber, renderá muito mais, ao menos para as mentes interessadas em conhecer um pouco mais acerca desta intrigante relação triádica, da qual estamos todos nós incluídos, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente. E é por esta razão, que a retomaremos aqui neste espaço que, voltamos a frisar, está totalmente aberto ao diálogo com os caros colegas internautas com quem gostaríamos de compartilhar ao máximo, as idéias aqui pautadas e apresentadas.

sábado, 23 de agosto de 2008

MÍDIA, ELEIÇÕES E TV: TUDO A VER!

Além das olimpíadas – conforme discutimos no texto anterior - , o Brasil está vivendo um outro fenômeno que revela, de maneira sine qua non, aos olhos do senso crítico, o papel central desempenhado pela mídia na sociedade moderna. Tratam-se das Eleições Municipais, as quais têm no emblemático Programa Horário Político Gratuito, a síntese do poder de mobilização e fascínio que a mídia televisiva continua desempenhando junto aos telespectadores. Analisar de maneira um pouco mais detalhada este, que aqui chamamos de ‘vírus’ PHPG (Sigla do Programa Horário Político Gratuito), é o objetivo deste artigo, por meio do qual convidamos o caro leitor internauta a mais uma reflexão acerca da incidência da comunicação midiática no processo de estruturação da contemporaneidade.

Para isso, faz-se necessário uma breve retrospectiva acerca da inserção contundente da mídia televisiva nos processos decisórios eleitorais ocorridos no Brasil. E, neste sentido, conforme apontam os diversos cientistas e pesquisadores dos fenômenos da comunicação, a eleição presidencial de 1989 pode ser tomada, para efeito de demarcação de fronteiras, como episódio cultural inaugurador das novas configurações da midiatização da política partidária.

Foi, sem sombra de dúvida, um acontecimento que se tornou paradigmático tendo em vista, sobretudo, como apontavam as pesquisas daquela época, o forte poder de penetração da TV nas camadas sociais. Basta lembrar que a amostragem nacional, realizada em 1989 e 1990 indicava que 86% e 89% dos entrevistados, respectivamente, tomavam conhecimento dos acontecimentos políticos através da televisão (desde 2001, a audiência oscila entre 31 a 42 pontos percentuais no Ibope, em São Paulo). Os altos picos de audiência televisiva, vale ressaltar, foram reduzidos, em conseqüência do avanço das novas mídias de informação que surgiram no país, a exemplo, principalmente, da Internet

Antes disso, as campanhas eleitorais eram pautadas por uma disputa comunicacional face a face ou ‘corpo a corpo’, como era mais conhecida. As estratégias giravam em torno de comícios,
caravanas, visitas, passeatas, e contato direto com os eleitores, configuração esta que tem nas campanhas presidenciais de Jânio Quadros e Henrique Lott, ocorridas em 1960, um de suas maiores representações.

Essas estratégias não desapareceram, mas certamente, sofreram alterações consideráveis, e passaram a ter na veiculação do PHPG, via TV, um canal primordial e de certa maneira, decisivo, para os resultados das eleições. Que o diga a emblemática eleição presidencial de 1989 entre Lula e Collor, que teve no episódio da escancarada manipulação da edição realizada pelo Jornal Nacional do último debate entre Lula e Collor, em benefício deste último, o seu ápice de revelação.

Embora de maneira bem mais sutil, continuamos a assistir episódios similares nos telejornais, programas de entretenimento e até novelas. Porém, de maneira explícita, vê-se muito mais nos PHGP veiculado nas emissoras de rádio e TV e que terminam por se tornar um momento pra lá de propício a este tipo de manobra ideológica. Isto tudo porque, a disputa acirradada pelos eleitores no mundo contemporâneo ocorre, não mais no espaço das vias públicas, mas sim, no espaço ‘público’ do visor eletrônico.

Tal realidade se torna tão explícita que a valoração do PHPG como meio decisório para se consagrar nas urnas é reconhecido enfaticamente pelos próprios candidatos, cujas falas ressaltam repetidamente o poder que este tem de reverter as estatísticas reveladas pelas pesquisas de opinião pública. Ou seja, mesmo sabendo-se que a TV já não exerce mais o mesmo poder de influencia de décadas atrás, esta continua sendo o principal instrumento de se chegar até a massa na tentativa de se reverter e converter idéias e opiniões.

Sem sombra de dúvidas, como apontam os diversos estudiosos dos efeitos da comunicação midiática, é através da tela que ainda se escorrem os ‘fios’ eletrônicos que tecem a imagem do político, processo este que, é bom que se frise, tem nas inteligentes estratégias de marketing, o seu conduto principal. Isto tudo nos leva a entender melhor o título jargão deste artigo que, por sinal, como é fácil de se perceber, faz uma menção paródica aquilo que a mídia televisiva ‘toda poderosa’ do plim plim tanto insiste em nos fazer conceber.

sábado, 9 de agosto de 2008

Olímpiadas e mídia: o grande espetáculo do planeta

representam mais uma demonstração inequívoca e explícita do poder de espetacularização da mídia na sociedade contemporânea. Desde o dia 08, o mundo inteiro assiste, em estado de vislumbre, ao que os próprios locutores esportivos chamam de maior espetáculo esportivo do planeta. Trata-se de um momento sinequanon de se averiguar a conexão entre mídia e espetáculo, atentando-se para os elementos ideológicos e operacionais que norteiam todo o processo de fabricação da espetacularização que tanto caracteriza a sociedade em que vivemos.

Sem sombra de dúvidas, as olimpíadas, assim como as copas do mundo e outros mega-eventos – como, aliás, descreve o pesquisador Antônio Albino num de seus artigos-, apontam para as características marcantes que diferenciam o fenômeno ‘espetáculo’ produzido anteriormente à era da mídia. E neste contexto, as olimpíadas, em sua formatação atual, se destacam como o espetáculo do contemporâneo, por excelência, servindo como parâmetro, por meio do qual é possível se ter uma idéia mais exata da evolução do poder de espetacularização dos media.

Esta realidade está revelada através do estudo realizado por Christian Nielson, no qual o estudioso faz uma análise comparativa entre a primeira olimpíada contemporânea realizada em Atenas em 1896, e a de Atlanta, em 1996. Entre os dados significativos apresentados por ele, estão o aumento de dias do evento que passou de 5 para 17; eventos realizados que pulou de 32 para 271 e o número de ingressos vendidos: 60 mil em 1896, para 11,2 milhões, 100 anos depois. Os números revelam o caráter capitalista do mega-evento e, sobretudo, o papel imprescindível da mídia no tocante à globalização deste evento que se torna, cada vez mais, desterritorializado e visto por um número infinito de pessoas no mundo inteiro.

Acima de todas as suas especificidades, as olimpíadas revelam, de maneira indiscutível, as estruturas da nova sociabilidade, a nova ordem social que é moldada pelo glamour da visibilidade espetacular. E neste sentido, os media ocupam um lugar de destaque regindo e controlando as ‘aparições midiáticas’ que tanto enfeitiçam e mobilizam os olhares dos sujeitos dentro desta nova ordem societária. Que o digam, em especial, as aberturas dos jogos olímpicos, momento de maior expressividade deste fenômeno cada vez mais comum nas sociedades modernas e que nos faz crer que, de fato, vivemos a era espetacular, por excelência.

Portanto, que possamos, em tempos de olimpíadas como este que vivemos no momento, encher os nossos olhos e saciarmo-nos com as imagens que compõem o ‘maravilhoso milagre dos espetáculo’ que nos preenche as retinas, sem deixar, entretanto, de enxergar por trás das lentes artificiais que as produzem, os tentáculos midiáticos que rege esta espetacularização responsável pela nova estetização do social que vivemos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

A PELEJA DA AMEÇA DO DIPLOMA COM OS DONOS DA MÍDIA

O Supremo Tribunal Federal está prestes a julgar o Recurso Extraordinário que, se aprovado, vai desregulamentar a profissão de jornalista, eliminando desta maneira, a obrigatoriedade do diploma para o seu exercício. Trata-se, na verdade de uma polêmica que se arrasta há oito anos e que vem provocando uma série de discussões dentro e fora do universo jornalístico, face as conseqüências previsíveis que esta ameaça pode acarretar à toda sociedade brasileira.

O dilema teve início em outubro de 2001, por meio da juíza substituta da 16 Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo, Carla Abrantkoski Rister, que, em processo de iniciativa do Ministério Público Federal - Procurador da República André de Carvalho Ramos, concedeu “liminar” (tecnicamente tutela antecipada) extinguindo a obrigatoriedade da formação superior em Jornalismo para o exercício da profissão, processo este descrito em detalhes no livro digital “Formação Superior em Jornalismo – uma exigência que interessa à sociedade” produzido pela FENAJ. O livro traz uma série de artigos e ensaios que discutem as várias nuances bem como os múltiplos interesses que norteiam este fenômeno aqui apontado.

A obra faz parte dos diversos instrumentos que vêm sendo acrescentados à luta em defesa da manutenção da obrigatoriedade do diploma em jornalismo que vem mobilizando jornalistas profissionais, professores de jornalismo, juristas e diversas entidades civis de todo o país. Entre estes últimos lançados, está o manifesto produzido pela FENAJ e que reproduzimos em parte ao final deste comentário.

O documento chama a atenção, entre vários fatores, para o fato de que a decisão provocará a queda da qualidade do Jornalismo por permitir que qualquer pessoa, mesmo a que não tenha concluído nem o ensino fundamental, exerça atividades jornalísticas. E destaca que “A exigência da formação superior é uma conquista histórica dos jornalistas e da sociedade, que modificou a qualidade do Jornalismo brasileiro”, sem esquecer de que a regulamentação da profissão ocorreu há 70 anos e a criação dos Cursos de Jornalismo há mais de 40 anos, ressaltando o caráter anticonstitucional em que esta medida de suspensão de legitimação profissional implica.

Por trás desta ameaça, se esconde um ‘arquitetoso’, maquiavélico e danoso plano estratégico de controle de informação que uma vez consumado, irá repassar aos chamados donos da mídia, um poder ilimitado na sociedade já intitulada de “Sociedade da informação”. Não é preciso irmos muito longe para nos tornarmos cientes dos efeitos que este fato, uma vez consumado, acarretará, de um lado, para os grandes conglomerados de comunicação e, de outro, para a sociedade civil.

Basta para isto, recorrermos aos resultados apontados pelo amplo estudo realizado há poucos anos atrás pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, por meio do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom), e que dentre as várias significativas e esclarecedoras conclusões apontadas está a que confirma o fato de que as bases do poder econômico e político estão constituídos a partir das redes privadas de televisão no Brasil. Diante disto, perguntamos: seria necessários muito esforço para entender a razão maior de tal medida esdrúxula se arrastar por tanto tempo assim, pondo em xeque, a importância da formação superior do profissional em jornalismo?. Pior ainda é se contextualizarmos esta questão no mundo contemporâneo em que, conforme vemos discutindo neste espaço, se faz urgente e mais que necessário, uma conscientização em torno do papel da mídia na sociedade em que vivemos.

Enfim, conforme foi dito acima, finalizamos este comentário acerca desta “peleja” da democracia com os donos da mídia , com parte do manifesto dirigido à toda a nação brasileira que, sem sombra de dúvidas, também é vítima deste atentado à já sofrida liberdade de expressão....

Manifesto à Nação
Em defesa do Jornalismo, da Sociedade e da Democracia no Brasil

A sociedade brasileira está ameaçada numa de suas mais expressivas conquistas: o direito à informação independente e plural, condição indispensável para a verdadeira democracia.

O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511961 que, se aprovado, vai desregulamentar a profissão de jornalista, porque elimina um dos seus pilares: a obrigatoriedade do diploma em Curso Superior de Jornalismo para o seu exercício. Vai tornar possível que qualquer pessoa, mesmo a que não tenha concluído nem o ensino fundamental, exerça as atividades jornalísticas.

A exigência da formação superior é uma conquista histórica dos jornalistas e da sociedade, que modificou profundamente a qualidade do Jornalismo brasileiro.

Depois de 70 anos da regulamentação da profissão e mais de 40 anos de criação dos Cursos de Jornalismo, derrubar este requisito à prática profissional significará retrocesso a um tempo em que o acesso ao exercício do Jornalismo dependia de relações de apadrinhamentos e interesses outros que não o do real compromisso com a função social da mídia.

É direito da sociedade receber informação apurada por profissionais com formação teórica, técnica e ética, capacitados a exercer um jornalismo que efetivamente dê visibilidade pública aos fatos, debates, versões e opiniões contemporâneas. Os brasileiros merecem um jornalista que seja, de fato e de direito, profissional, que esteja em constante aperfeiçoamento e que assuma responsabilidades no cumprimento de seu papel social.

É falacioso o argumento de que a obrigatoriedade do diploma ameaça as liberdades de expressão e de imprensa, como apregoam os que tentam derrubá-la. A profissão regulamentada não é impedimento para que pessoas – especialistas, notáveis ou anônimos – se expressem por meio dos veículos de comunicação. O exercício profissional do Jornalismo é, na verdade, a garantia de que a diversidade de pensamento e opinião presentes na sociedade esteja também presente na mídia.

Não apenas a categoria dos jornalistas, mas toda a Nação perderá se o poder de decidir quem pode ou não exercer a profissão no país ficar nas mãos destes interesses particulares. Os brasileiros e, neste momento específico, os Ministros do STF, não podem permitir que se volte a um período obscuro em que existiam donos absolutos e algozes das consciências dos jornalistas e, por conseqüência, de todos os cidadãos!

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A PF nas raias da espetacularização

Vivemos, de fato, na chamada idade mídia. Uma era dominada pelos holofotes e artifícios midiáticos em que o anseio de se viver os 15 segundos de fama, parece contagiar toda as instâncias sociais, fomentanto cada vez mais, a espetacularização. E isso, vale ressaltar, vem abarcando não apenas os indivídios, mas instituições, entidades, enfim, agrupamentos sociais em geral. Uma das demonstrações claras deste fenômeno tem sido a ampla propagação, via imprensa, das operações da Polícia Federal, as quais vêm ganhando o tom e roteiro das propagadas séries norte-americanas, cujos mocinhos e bandidos passam a ser os protagonistas principais dos noticiários em cadeia nacional.

Trata-se, como todos podemos constatar, de autênticas manifestações espetaculares programadas através de uma parceria feita entre a PF e os principais veículos de comunicação. Que o diga, agora por último, o vazamento de partes do relatório sigiloso sobre a Operação Satiagraha que prendeu o banqueiro Daniel Dantas – operação esta repassada em primeira mão pela PF ao jornal Estado de São Paulo - e que continua preenchendo um generoso espaço da grande imprensa. A divulgação contou, inclusive, com a reprodução de partes do relatório da operação, via fac-símile, elemento este que incrementou ainda mais o espetáculo da ação policial.

Como muito bem frisou Alberto Dines em sua coluna no Observatório da Imprensa, este vazamento é mais grave do que a discussão sobre a espetacularização das prisões ou o confronto entre o presidente do Supremo Tribunal Federal e um juiz de primeira instância. Trata-se, de fato, de algo que está se tornando repetitivo e que, como bem sabemos, se de um lado, coloca a sociedade a par de um fato de interesse público – muito embora não vá mais além que isso -, de um outro, reforça uma postura totalmente anti–ética de uma instância que deveria primar pelo respeito às legislações, uma vez que, como sabemos, estamos nos reportando de ações que deveriam estar correndo em segredo.

Afora isso, como também frisou este importante representante do jornalismo contemporâneo já mencionado, a cena retrata o de sempre: “personagens de um interminável seriado. Mudam os montantes dos assaltos, mudam os ambientes e os truques, mas a história é a mesma: lucros fabulosos com operações altamente sofisticadas, sempre ilegais...”. Isto sem falar que os trambiques de Naji Nahas já têm quase duas décadas, Daniel Dantas protagoniza o noticiário dos escândalos há três lustros e o novato Celso Pitta enrosca-se em negócios escusos há quase oito anos.

Mas como também sabemos, sigilo de polícia e justiça no nosso país, só mesmo quando convém aos “podres poderes”. Infelizmente tem sido assim. Quando não, os detalhes das tais operações sigilosas são totalmente quebradas e reveladas pela força espetacular e explícita da mídia, por meio da qual, ao que parece, todo descumprimento de regras, normas e leis é justificável. Afinal, é tudo em nome do bem da sociedade...., ou não?!. Mas isto já é tema para um outro tema....

No mais, na condição de espectador, gostaríamos de finalizar este nosso comentário, deixando registrado aqui o nosso anseio de podermos assistirmos quem sabe um dia, as cenas dos próximos capítulos destes espetáculos. Referimo-nos aos capítulos, realmente inéditos que possam ir além das cenas dos atos de prisões em flagrante dos bandidos às quais estamos todos enfadados de assistir, colocando-nos a par da continuação destes episódios. Se possível, mostrando-nos os culpados atrás das grades dos presídios, e não apenas das delegacias....

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Um olhar crítico sobre a Idade Mídia

Indiscutivelmente vivemos hoje sob o império de imagens e sons comandados por uma complexa e dinâmica rede de mídias que nos envolve num mundo de existência midiático, fora do qual, tudo parece padecer de sentido. Pafraseando um dos estudiodos contemporêneo deste fenômeno, o comunicólogo e sociólogo Antônio Rubim, vivemos de fato no que podemos chamar de "Idade Mídia". Época da humanidade em que o cotidiano e, sobretudo, as relações sociais como um todo, são moldadas e significadas através da capacidade dos meios de difusão, em que tudo parece estar submetido à fascinante e torrencial aceleração tecnológica.

Em meio a este contexto contemporâneo, na condição de professor, jornalista e principalmente, de cidadão do mundo - como o querem que sejamos -, venho inserir-me "oficialmente" neste não menos fascinante mundo da blogesfera, para junto aos centenas de milhares de blogueiros, compartilhar de idéias, pensamentos, reflexões, em suma, das infinitas e cada vez mais contantes inquietações que povoam o meu mundo real/virtual.

Trata-se de um despretencioso espaço de debate em que pretendemos enfocar um pouco de tudo aquilo que nos inquieta e que está, de alguma forma, associado a este mundo da idade mídia, no qual devemos estar ao máximo possível de olhos bem aberto para assim, não corrermos o risco de sermos "engolidos", atropelados, e o pior, alienados, pela devassadora teia de sentidos midiáticos que molda o nosso olhar, ora tornando-o mais aguçado, ora menos ávido. Enfim, é apenas mais uma simples porém oportuna experiência de compartilharmos com os amigos reais e virtuais, algumas das observações que nos chegam por meio das nossas lentes e que apontam, sobretudo, para este fascinante mundo novo que insiste em nos colocar diante de múltiplas e mirabolantes janelas, através das quais passamos a enxergar - ou não - o mundo a nossa volta e em última instância, a nós mesmos.

Enfim, que tenhamos todos uma proveitosa experiência virtual e que esta ajude-nos a entedermos melhor o nosso mundo real!.