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sábado, 9 de agosto de 2008

Olímpiadas e mídia: o grande espetáculo do planeta

representam mais uma demonstração inequívoca e explícita do poder de espetacularização da mídia na sociedade contemporânea. Desde o dia 08, o mundo inteiro assiste, em estado de vislumbre, ao que os próprios locutores esportivos chamam de maior espetáculo esportivo do planeta. Trata-se de um momento sinequanon de se averiguar a conexão entre mídia e espetáculo, atentando-se para os elementos ideológicos e operacionais que norteiam todo o processo de fabricação da espetacularização que tanto caracteriza a sociedade em que vivemos.

Sem sombra de dúvidas, as olimpíadas, assim como as copas do mundo e outros mega-eventos – como, aliás, descreve o pesquisador Antônio Albino num de seus artigos-, apontam para as características marcantes que diferenciam o fenômeno ‘espetáculo’ produzido anteriormente à era da mídia. E neste contexto, as olimpíadas, em sua formatação atual, se destacam como o espetáculo do contemporâneo, por excelência, servindo como parâmetro, por meio do qual é possível se ter uma idéia mais exata da evolução do poder de espetacularização dos media.

Esta realidade está revelada através do estudo realizado por Christian Nielson, no qual o estudioso faz uma análise comparativa entre a primeira olimpíada contemporânea realizada em Atenas em 1896, e a de Atlanta, em 1996. Entre os dados significativos apresentados por ele, estão o aumento de dias do evento que passou de 5 para 17; eventos realizados que pulou de 32 para 271 e o número de ingressos vendidos: 60 mil em 1896, para 11,2 milhões, 100 anos depois. Os números revelam o caráter capitalista do mega-evento e, sobretudo, o papel imprescindível da mídia no tocante à globalização deste evento que se torna, cada vez mais, desterritorializado e visto por um número infinito de pessoas no mundo inteiro.

Acima de todas as suas especificidades, as olimpíadas revelam, de maneira indiscutível, as estruturas da nova sociabilidade, a nova ordem social que é moldada pelo glamour da visibilidade espetacular. E neste sentido, os media ocupam um lugar de destaque regindo e controlando as ‘aparições midiáticas’ que tanto enfeitiçam e mobilizam os olhares dos sujeitos dentro desta nova ordem societária. Que o digam, em especial, as aberturas dos jogos olímpicos, momento de maior expressividade deste fenômeno cada vez mais comum nas sociedades modernas e que nos faz crer que, de fato, vivemos a era espetacular, por excelência.

Portanto, que possamos, em tempos de olimpíadas como este que vivemos no momento, encher os nossos olhos e saciarmo-nos com as imagens que compõem o ‘maravilhoso milagre dos espetáculo’ que nos preenche as retinas, sem deixar, entretanto, de enxergar por trás das lentes artificiais que as produzem, os tentáculos midiáticos que rege esta espetacularização responsável pela nova estetização do social que vivemos.

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