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terça-feira, 9 de setembro de 2008

Mídia, eleições e democracia

A discussão acerca do papel dos media nas eleições dentro do contexto da chamada sociedade da informação, vem despontando como uma das mais promissoras na contemporaneidade. O fenômeno – que ainda permanece mais arraigado à cultura acadêmica -, vem se desenvolvendo em meio a um desencadeamento reflexivo dinâmico englobando diversas entidades civis representativas, numa clara demonstração da relevância desta temática para a população.
As discussões têm, em geral, como eixo central a imbricada e tendenciosa relação existente entre a mídia, a sociedade e a democratização da comunicação, ou melhor, da informação. Trata-se de uma pauta social que, apesar de não se caracterizar como algo novo, vem se ampliando à medida que cresce a conscientização da sociedade civil organizada para estes três elementos mencionados.

Neste contexto, entre as últimas iniciativas de cunho reflexivo e crítico, estão os lançamentos de estudos e livros baseados em trabalhos de análises acerca dos efeitos dos mass media dentro do cenário das campanhas eleitorais no mundo. Alguns dos mais recentes têm como foco a realidade vivida de maneira particular na América Latina e, de forma ainda mais restrita, no Brasil. Dentre esses estão as obras: “Se nos rompió el amor – Elecciones y medios decomunicación, América Latina 2006” (FES); “Mídia nas Eleições de 2006”, de Venício Artur de Lima; e “Mídia, eleições e Democracia”, de Heloiza Matos.

O primeiro é fruto de uma das pesquisas mais recentes na América Latina e reúne 12 estudos de 15 especialistas, 11 deles sobre o papel da mídia nas eleições presidenciais realizadas em 11 países da América Latina, entre novembro de 2005 e dezembro de 2006. Trata-se de um trabalho realizado pelo C3 – Centro de Competencia em Comunicación, uma unidade regional de análise da comunicação para América Latina da Fundação Friedrich Ebert (FES), com sede em Bogotá, Colômbia. A FES é uma instituição que "baseia seus programas no ideário da socialdemocracia alemã e européia e mantém escritórios em mais de 70 países do mundo, sempre com a finalidade de cooperar na consolidação e no desenvolvimento de regimes democráticos e participativos" e está no Brasil há mais de 30 anos.

Trata-se do décimo segundo estudo trata das eleições municipais e parlamentares realizadas em El Salvador. A tese principal do livro, simplificadamente, é de que o ano de 2006 passará para a história das relações entre a mídia e as campanhas eleitorais na América Latina como aquele em que os candidatos "romperam seu amor pela mídia" e preferiram a comunicação direta com a cidadania. Voltaremos a refletir melhor sobre este fenômeno que julgamos particularmente passível de um melhor aprofundamento, em outro momento. A principal conclusão dos estudos apresentados no livro é que, em seis dessas eleições, saíram vencedores os candidatos a presidente que enfrentaram a cobertura jornalística adversa majoritária da mídia em seus respectivos países - Bolívia, Chile, Brasil, Nicarágua, Equador e Venezuela, fato este que aponta para o que praticamente, todos os estudos em volta da mídia tentam compreender melhor que é a mudança de paradigma em torno do papel exercido por esta na sociedade nas últimas décadas. O livro pode ser acessado por meio do endereço eletrônico: http://www.c3fes.net/docs/rompioelamor.pdf

Já o livro “Mídia nas Eleições de 2006”, lançado no ano passado e que conta com o pesquisador Venício Artur de Lima, como organizador se destaca em termos de Brasil, como uma importante obra dentro do contexto aqui ressaltado. A obra é o resultado do trabalho coletivo de 16 autores, alguns, inclusive, com experiência na grande mídia. O livro gira em torno de três questões fundamentais: Como foi a cobertura jornalística das eleições?; Qual o papel da mídia?; e O que fazer para aprimorar o funcionamento da mídia na democracia brasileira?. As próprias questões suscitadas pela obra já falam do seu caráter eminentemente crítico-analítico e da importância da leitura que esta nos oferece.

Por fim está o livro: “Mídia, Eleições e Democracia”, de autoria de Heloisa Matos por meio do qual a estudiosa faz uma ampla abordagem acerca da relação existente entre estes três elementos, focando o papel deste primeiro nos demais. Como podemos observar, é outra importante leitura centrada na discussão aqui levantada e que, como podemos também já perceber, renderá muito mais, ao menos para as mentes interessadas em conhecer um pouco mais acerca desta intrigante relação triádica, da qual estamos todos nós incluídos, direta ou indiretamente, consciente ou inconscientemente. E é por esta razão, que a retomaremos aqui neste espaço que, voltamos a frisar, está totalmente aberto ao diálogo com os caros colegas internautas com quem gostaríamos de compartilhar ao máximo, as idéias aqui pautadas e apresentadas.