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domingo, 4 de setembro de 2011

Comunicação e recepção: dos efeitos às mediações

Continuando a reflexão em torno da leitura do livro “Comunicação & Recepção”, farei aqui um resumo do conteúdo apresentado pelas autoras Nilda Jacks e Ana C. Escosteguy, no capítulo inicial da obra. Nela, as autoras apresentam, de forma específica, um retrospecto histórico acerca da tradição dos estudos dos efeitos, que, em verdade, engloba uma variedade de hipóteses e correntes de investigação.

Intitulado de “As tradições norte-americanas”, o capítulo é dividido em seis tópicos, por meio dos quais, são apresentadas algumas abordagens mais propriamente teóricas dos estudos dos efeitos, e da tradição de análise da recepção, que, diferentemente destes primeiros, implica o tratamento da relação entre media e receptores oferecida, em especial, por uma corrente de investigação muito claramente delimitada, a dos cultural studies.

Respaldadas na visão de outros estudiosos referências neste campo de estudo, a exemplo de Jensen e Rossengreen, Jacks e Escosteguy expõem e ao mesmo tempo analisam diferentes abordagens facilitando o nosso entendimento acerca do encontro entre os meios de comunicação de massa e suas audiências - o que implica considerar como interpretam e descrevem os media, os receptores e o processo receptivo propriamente dito. Nesse sentido, fica evidente que não se trata simplesmente de identificar qual a descrição mais detalhada ou verdadeira, nem de estabelecer qual a interpretação mais adequada, e sim, explorar as contribuições que elas oferecem para a compreensão do processo comunicativo.

É dessa maneira que, resumidamente aqui descrito, o texto analisado apresenta uma classificação que inclui a teoria dos efeitos – geradora das primeiras pesquisas em comunicação e ao lado desse postulado teórico, discute-se outra perspectiva, que é a dos usos e gratificações, segundo a qual os membros da audiência eram conscientes de necessidades relacionadas aos meios de comunicação, pressupondo-se a partir de então, a existência de uma audiência ativa.

Além desses, também é apresentado um resumo acerca da corrente denominada de Estudos Literários que destaca o olhar sobre a audiência inscrita no texto com destaque para o contexto enquanto parte integrante da prática interpretativa e encontro dialógico entre leitor;receptor e texto. Em seguida, o capítulo apresenta um tópico específico sobre os Estudos Culturais. Apontada como o encontro de disciplinas que permitiram a combinação da pesquisa textual com a social, a corrente teórica inglesa é apresentada como uma pesquisa de comunicação que vai além dos meios, buscando as relações entre textos, grupos sociais e contexto, ou seja, “entre práticas simbólicas e estruturas de poder”. Nesse sentido, esta escola se coloca diferenciada dos estudos literários pela relevância que dá aos usos dos meios e à posição social ocupada pelos leitores.

Em seguida, respaldada em outros autores, elas apresentam um tópico sobre Análise da Recepção, apontada, em síntese, como um espécie de esforço de reflexão fruto do desdobramento dos Estudos Culturais e que apresenta-se diferenciada desta pelo uso metodológico, ressaltnando-se os estudos comparativos no processo de análise da audiência, traçando-se assim, uma visão mais ampla acerca da relação entre o discurso dos media e a recepção deste feita pelos receptores. Subdivisão esta que é constestada por outros autores também citados, a exemplo de Gomes, para quem a Análise de Recepção nada mais é do que um braço dos Estudos Culturais.

Por fim, depois de apresentar algumas classificações teóricas em torno da questão central, as autoras deixam claro, ao final do capítulo, a diversidade de visões e postulados teóricos que caracterizam o campo de estudos da recepção, ainda emergente, evidenciando o avanço registrado nas últimas décadas no tocante à mudança de paradigma em torno da audiência dos meios.