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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

A internet: da democracia à ditadura

Mais que qualquer outro meio de comunicação já inventado pelo homem, a internet vem se revelando um instrumento tecnológico de alcance global utilizado intensivamente pelas pessoas no mundo inteiro. E assim também como os demais veículos comunicacionais, e até bem mais que esses, a rede mundial de computadores é em si, uma ferramenta neutra, cujos efeitos bons ou maus são de caráter eminentemente humano.

Cientes dessa verdade e munidos de ‘segundos interesses’, políticos ditatoriais tem se valido da internet de forma estratégica para alcançarem os seus propósitos políticos e ideológicos, e assim, reforçarem aquilo que tem de pior. É assim que, por exemplo, na China, milhares de comentaristas são treinados e pagos pelo governo para postarem comentários a seu favor e afastarem as críticas online feitas ao Partido Comunista . Representantes do deominado "Partido dos 50 Centavos", tais internautas se dedicam ao uso do ciberespaço para assim, fortalecerem a tirania que se propaga na velha civilização.

Na Venezuela, como muito bem lembrou em artigo publicado recentemente no New York Time e reproduzido pela Folha de São Paulo, o jornalista Scott Shane, o presidente Hugo Chávez, após inicialmente denunciar comentários hostis no Twitter como "terrorismo", criou sua própria conta no Twitter – uma mistura divertida de política e autopromoção que tem hoje 1,2 milhão de seguidores.

E na Rússia, observou Morozov, o primeiro-ministro Vladimir Putin conseguiu cooptar vários empreendedores destacados em novas mídias, entre os quais Konstantin Rikov, cujos muitos sites agora se inclinam fortemente em seu favor e cujo documentário anti-Geórgia tornou-se viral na internet.

Trata-se de uma tendência e estratégia de comunicação política que vem ganhando força em todo o mundo, uma clara demonstração de que, assim como se revela um excelente instrumento em prol da democracia, a internet também pode ser um ‘senhor’ aliado da ditadura e da tirania de governos absolutistas.

Algo discutido no livro, The Net Delusion: The Dark Side of Internet Freedom ("A ilusão da internet: o lado escuro da liberdade na internet", em tradução livre), de um jovem pesquisador americano de origem bielo-russa, Evgeny Morozov, no qual ele descreve exemplos e mais exemplos de ditadores que encontraram modos de usar a nova mídia em seu proveito.

Enfim, como se pode observar, nos vemos diante de mais uma demonstração de como o mal ou o bem não se concretiza na matéria em si, e sim, nas mãos que guiam e dão vida a essa. Assim tem sido com a internet e será com todas as invenções humanas...