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segunda-feira, 28 de junho de 2010

O olhar etnocêntrico da mídia

Ao voltar suas lentes de maneira intensiva para o espetáculo da Copa do Mundo, por mais uma vez a chamada grande mídia explicita a sua intermitente tendência à espetacularização em detrimento dos problemas sociais que ocorrem em volta do mundo. O desnivelamento na cobertura jornalística sobre os jogos da Copa x a tragédia ocorrida nos estados nordrstinos de Pernambuco e Maceió ilustram de forma incontestável esse quadro que, apesar de não ser nenhuma novidade, continua causando repúdio.

O fato, como muito bem ressaltou o vigilante observatório da imprensa brasileira, Alberto Dines, reforça a lamentável realidade de que a imprensa nacional continua fechando os olhos para as tragédias fora do eixo sul-sudeste e, mais ainda, quando isso ocorre em época do maior e mais lucrativo espetáculo midiático do mundo que se constitui a Copa.

Trata-se de mais um episódio a desnudar o olhar etnocêntrico que pauta os maiores meios de comunicação do país para quem o relato humanístico - algo tido como o cerne central do jornalismo - cai por terra frente aos interesses mercadológicos que norteiam os grandes grupos midiáticos. É em ocasiões como essas que se deixa perceber de maneira ainda mais clara a inversão dos valores-notícias que verdadeiramente regem a imprensa cotidiandamente.

Nesse sentido, como se pode constatar, estatísticamente ganha maior relevância as cifras que fazem da Copa, o maior evento esportivo do mundo, em detrimento da morte de algumas dezenas de pessoas e centenas de milhares de outras desabrigadas vítimas da inoperância dos governos públicos que, como vemos, continuarão a culpar a mãe natureza, pelas terríveis catástrofes que castigam grande parte da população. E em se tratando no Nordeste, isso se torna ainda mais patente...

E como diz uma das ilustres canções do ex-ministro Gilberto Gil:"Entra ano, sai ano e nada vem/Meu sertão continua ao Deus dará/Mas se existe Jesus no firmamento/Cá na Terra Isso tem que se acabar.."

Enquanto isso, aos cidadãos vigilantes acerca dessa postura condenável por parte da grande imprensa, resta o nosso repúdio e registro aqui, nesse espaço que, como já ressaltamos por diversas vezes, ainda se constitui um dos fenômenos midiáticos autenticamente democrático e aberto a novos olhares midiáticos.