Entre os ecos dos
protestos que tomaram conta do país durante as duas últimas semanas, está o
grito de insatisfação da população referente à grande mídia. Pegos de maneira
surpreendente, e transformados de mocinhos em vilões, os conglomerados de comunicação
se viram inseridos na pauta de reivindicações populares, enquanto ameaça à
democracia e ao exercício da liberdade de expressão.
O exemplo maior desse
fenômeno de rejeição à mídia tradicional advinda da onda de manifestos está nos
protestos feitos em várias partes do país e, de maneira mais significativa, nas
cidades do Rio e São Paulo, contra a Rede Globo de Televisão. Dona de uma
audiência ainda esmagadora em todo o país, a emissora do Jardim Botânico se
viu, de repente, alvo de uma avassaladora onda de manifestos, provocando, em algumas
ocasiões, o impedimento de trabalho de algumas de suas equipes jornalísticas
que atuam na cobertura do manifesto.
E é justamente ai que
reside a crítica maior e rejeição à empresa dos Marinhos, a família que detém o
maior poder de comunicação do país. Há tempos, como é do conhecimento de todos,
a vênus platinada vem sendo desmistificada por estudantes, intelectuais e
profissionais liberais devido à sua postura elitista e manipuladora dos fatos
apresentados à nação por meio de sua programação e, em especial, dos
telejornais.
Não obstante, esse perfil
de distorção dos fatos noticiados que, vale ressaltar, está longe de ser uma
particularidade do Sistema Globo, foi retomado com maior vigor no seio da onda
de manifestos que se propaga pelo país, face ao contraste entre o discurso
oficial adotado pela emissora no tocante aos protestos das ruas e a narrativa
advinda das redes sociais, espaço de onde a onda de manifesto foi originado e
continua se organizando.
Revoltados com a forma
unilateral, totalmente parcial e repressora com que os telejornais globais vinham mostrando
(e continuam fazendo, agora de maneira mais amena) a revolta cidadã nas ruas do
país, os manifestantes passaram a ecoar um forte grito contra a empresa,
chegando a constranger muitos de seus profissionais que, em detrimento do
histórico sujo desta, são movidos por boas intenções, como é o caso, por
exemplo, do jornalista Caco Barcelos.
Um grito de rejeição,
alerta e basta que certamente ainda será ouvido por muitas vezes até o final
desta onda manifestante constituída por uma maré de cidadãos brasileiros que,
para além da classe política, também não se sentem representados pela mídia que
aí está.