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sábado, 17 de outubro de 2009

Comunicação em pauta

Retornando a um tema já abordado neste espaço, comunicólogos, militantes sociais, intelectuais e representantes de diversos segmentos da sociedade civil organizada estão se mobilizando em torno da fase preparatória para a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM). As conferências municipais estão se realizando em diversas cidades do país tendo como objetivo, discutir e formular propostas de políticas públicas comunicacionais para serem apresentadas posteriormente nas conferências estaduais e, por conseguinte, na etapa nacional que acontecerá entre os dias 14 e 17 de dezembro.

Em Campina Grande, atendendo a um decreto de convocação assinalado pelo prefeito Veneziano, no dia 22 de setembro, a conferencia municipal de comunicação aconteceu nos últimos dias 16 e 17 no auditório do Teatro Rosil Cavalcanti. O evento, que teve como tema central: “Comunicação: meios para a construção de direitos e de cidadania na era digital”, contou com a participação de um público de aproximadamente 100 pessoas entre estudantes, professores, representantes de movimentos sociais e alguns populares.

Na ocasião, foi proferida uma palestra com a militante social Roseli Goffman, membro de várias entidades, dentre elas, o Conselho Federal de Psicologia – CFP, Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC e Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Comunicação – CONFECOM. Na ocasião, ela falou sobre um dos temas considerados mais polêmicos envolvendo a democratização da comunicação que é o controle social da mídia.
Apesar da representatividade que se fez presente, o público esteve abaixo da expectativa em número e diversidade.

Além da baixa representação popular, o evento não foi prestigiado por alguma das categorias que, a priori, deveriam demonstrar um maior interesse pela discussão levantada na Confecom, a classe empresarial, dirigentes acadêmicos e profissionais da área da comunicação social.

Contudo, no primeiro caso, se trata de algo já aguardado uma vez que, como vem acontecendo em todo o país, os proprietários de emissoras de rádio, TV e jornais, não têm se demonstrado muito simpáticos com a iniciativa, até então, inédita no país e em cujo eixo central discursivo está o futuro da mídia no Brasil. Portanto, não é de se espantar que, sentar à mesa para se discutir as propostas advindas da sociedade civil organizada no que diz respeito ao processo de democratização da informação é algo ainda impensável para a categoria que ainda concentra o poder da comunicação em suas mãos. No que diz respeito, a ausência ou baixíssima representatividade dessa demais categorias, permanece a incógnita.

Como se pode prever, a 1ª Confecom ainda renderá muita polêmica e, sobretudo, conflito de poderes e forças sociais antagônicas em torno do processo de midiatização porque passa a sociedade em que vivemos. Algo que, vale ressaltar, é tão relevante como as demais discussões em torno das políticas públicas voltadas para as áreas de saúde, educação e segurança. Contudo, ao que se pode observar, esse cunho de relevância só será percebido pela sociedade em geral, quando a comunicação deixar de ser apreendida como um mero serviço e passar a ser aceita enquanto um patrimônio público e fenômeno global de conseqüências vitais para a vida de todos.

Nesse sentido, nunca é demais ressaltar que, na chamada era digital, cujos efeitos do redimensionamento das velhas e surgimento das novas mídias é algo que está apenas começando e que discutir o futuro da comunicação é uma necessidade básica para a qualidade de vida de todos. Só nos resta consciência plena desta realidade, pelo visto, ainda ignorada até mesmo pela maioria dos agentes sociais ativos da cadeia produtiva midiática.

Por essa razão, convocamos todos aqueles que por aqui navegaram para refletir e, mais do que isto, se engajarem nas discussões em torno dessa etapa preparatória da Confecom, cujo epicentro temático será o exercício da cidadania numa sociedade cada vez mais midiática e mitiatizada.

Para isto, nada melhor do que nos servirmos de instrumentos digitais essencialmente democráticos e revolucionários dispostos via rede mundial de computadores, a exemplo de blogs e sites, dentre os quais, destacamos para visitação os seguintes: http://proconferencia.org.br/; http://www.direitoacomunicacao.org.br/, e http://conferenciacomunicacaocg.blogspot.com/

Voltaremos a este tema, em breve!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Jornalismo Cidadão e os indicadores sociais

Jornalismo e os indicadores sociais

A Síntese dos Indicadores Sociais 2009, publicada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontando a Paraíba como o terceiro Estado brasileiro em concentração de famílias vivendo em situação de pobreza, representa mais um radiograma da realidade política de conseqüências socioeconômicas em que vive o nosso Estado.

Trata-se de uma notícia que, no contexto do jornalismo cidadão, deveria ser explorada ao máximo pela imprensa estadual, procurando cobrar da classe política não apenas respostas para esse quadro lastimável de indicador social, mas, sobretudo, solução para os problemas apresentados na pesquisa.

Os dados, referentes ao ano de 2008, mostram que 37,3% das famílias paraibanas que vivem em domicílios permanentes urbanos, sobrevivem com até meio salário mínimo por pessoa, patamar considerado pelo IBGE como situação de pobreza. Os números revelam o que está sendo viver nas cidades para onde, vale ressaltar, um número de pessoas cada vez maior, continua a migrar em busca de condições de vida melhor.

Afora os baixos salários, a falta de infraestrutura dos centros urbanos também revelados nos indicadores sociais, ressaltam o total descaso dos políticos para com os cidadãos, sobretudo, de baixa renda, para quem, o paliativo, conforme se vê, continua sendo apelar para o amparo divino. Não é a toa que as igrejas estão cada vez mais lotadas.

Pena que, ao contrário do que acontece com os fatos de natureza trágica, informações desse tipo não rendem uma cobertura jornalística extensa com um espaço maior nos noticiários diários. Trata-se de uma carência de que sofre toda a imprensa nacional para quem a prática do chamado Jornalismo Cidadão se restringe à criação de quadros temporários de prestação de serviços básicos para as comunidades que continuam desinformadas no que diz respeito aos seus direitos enquanto cidadãos eleitores. È o tipo de coisa que, enquanto não se mudar na imprensa como um todo, o descaso continuará reinando no campo das políticas públicas.

É preciso repensarmos o jornalismo enquanto a prática da responsabilidade social e não um mero mecanismo de registro de fatos e acontecimentos.Isso fica para os historiadores de quem estamos muito próximos no aspecto narrativo, mas distantes no papel social que nos compete.