Sejam Bem Vindo (a)!

Mostre que você não apenas é observado, mas também um observador da mídia...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

O fenômeno Chico Xavier nos cinemas

Considerado o mais recente fenômeno de bilheteria do cinema brasileiro, com um público de mais de 3 milhões, o filme Chico Xavier, de Daniel Filho, estreado no último dia 02 de abril, continua em cartaz no país com a promessa de ser um dos maiores sucessos dos últimos tempos da história da sétima arte no Brasil.

Até a presente data, o longa que narra a história de vida do médium espírita mais famoso do país, já ocupa o terceiro lugar no ranking das maiores bilheterias deste ano no país, tendo sido recordista de maior abertura de uma produção brasileira nos últimos 20 anos. Foram 586 mil pessoas em seu fim de semana de estréia.

Muito mais que um sucesso de bilheteria, a ampla aceitação do filme em todo o país revela um redirecionamento no rumo da indústria cinematográfica brasileira que passa a investir em temáticas até então inéditas, como é o caso da espiritualidade, receita essa, vale ressaltar, em voga na indústria hollywoodiana já há bastante tempo. Não que as produções de ação, comédia e romance deixem de ser trabalhadas, mas ao menos, se diversifica o roteiro para que assim, como se já se percebe, as salas de cinemas do país voltem a se tornar mais concorridas pelos cinéfilos, muitos dos quais, já haviam aderido à dvdmania.

Ao que parece, acertou em cheio tendo em vista se tratar de uma nação extremamente religiosa e aberta à diversidade cultural. Um povo que, a julgar pelo sucesso do filme em cartaz, apesar de se declarar católico e protestante em sua maioria, ainda cultiva outras crenças não permitidas pelas igrejas, a exemplo da comunicação com o mundo dos mortos como assevera ser possível o Espiritismo de quem Chico Xavier foi e ainda continua sendo o maior representante no país.

A conclusão advém do fato de que, considerada uma minoria no país, a comunidade espírita por si só muito dificilmente seria responsável pelo estouro de bilheteriaregistrado em todo o país. Outra explicação para tamanho sucesso, argumentam alguns, seria a ampla divulgação da Globo em torno da produção, o que por si só também não justifica os números, uma vez que o marketing da Globo Filmes tem sido praticamente o mesmo para outros longa-metragem e, assim como na política, nem sempre o marketing é infalível.

Para muitos cinéfilos, a razão estaria em torno da forte admiração que os brasileiros ainda alimentam sobre Chico Xavier, alguém que, independentemente do credo que professava, se tornou um ícone de dignidade e amor ao próximo. E, nesse sentido, certamente, nós estamos cada vez mais carentes. Sobretudo, numa época em que os escândalos saem do campo político e se alastram por entre os representantes e líderes religiosos das duas maiores vertentes cristãs vigentes no país.

Por esta ótica, tal fenômeno encontra sentido na tradicional busca por ídolos e heróis latente em todas as culturas e que tem na indústria cinematográfica, o escoamento de nossos ideais utópicos de salvação da humanidade....

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A ciberdependência

Parafraseando o título de um comentário postado recentemente por Washington Araújo noObservatório da Imprensa on line, no qual, o autor faz uma reflexão acerca do ‘vício’ que se tornou o uso do computador no dia-a-dia da vida moderna, gostaria de deixar registrado aqui, neste ciberespaço, a minha angústia em ter passado tanto tempo off-line, provocando uma lacuna de postagem no blog.

Causada por problemas de natureza técnica e por acúmulo de outros compromissos, tal lacuna me fez ver como, de fato, estamos cada vez mais enraizados na chamada ‘tecnocultura’ como defende o estudioso da comunicação Muniz Sodré. Trata-se de uma verdade já descrita por um dos maiores estudiosos do ciberespaço que é Pierre Lévy, para quem os mundos virtual e real estão entrelaçados de tal maneira que se torna difícil separar um do outro, ou mesmo definir o que é real.

A ausência de um, anula a existência do outro. Foi assim que me senti ao passar os longos dias distante de um computador, experiência que, como descreveu Washington, nos faz chegar a conclusão de que o mundo virtual é bem mais real do que se possa imaginar.

Neste contexto, se manter fora da blogosfera - embora para muitos já seja coisa ultrapassada- parece se tornar um pecado capital. Por isso mesmo estou retornando a este espaço, na esperança de poder continuar por um longo tempo on line, deixando apenas os problemas e neuras da vida moderna, em off line.