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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Rio e a inundação midiática

Como é de praxe na imprensa brasileira e, também fora do país, as tragédias costumam pautar os noticiários que vorazmente invadem os lares traduzindo os aspectos mais trágicos dos episódios. Tem sido assim nos últimos dias no país em relação às consequencias nefastas das chuvas que abateram o Rio de Janeiro provocando mais de 100 vítimas fatais.

Contudo, são em momentos como esses que observamos que mais forte e devastador que as correntezas d´águas, parece ser a fome da mídia por desastres, catástrofes, fatos nem sempre eticamente reportados. Tem sido essa nossa impressão quando, principalmente, assistimos a coberturas em que imagens trágicas são repetidas dezenas de vezes por determinados programas que, como se não bastasse, não trazem nenhuma nova informação a respeito do desdobramento do episódio. Como se não bastasse isto, as tais imagens, a exemplo de carros sendo arrastados pelas águas e pessoal sendo retirado de dentro de buracos, acompanham textos ainda mais repetitivos e repletos de lamentação e exclamações calamitosas.

Outros profissionais da mídia, ao contrário, saem com iniciativas para lá de criativas e informacionais, como o fez a apresentadora 'multimídia' Ana Maria Braga, que diante do quadro calamitoso porque passam os moradores do Rio, resolveu sair passeando com um celular em mãos pelo jardim do seu cenário, no Projac, mostrando a água que escorria em torno do mesmo. Detalhe: a apresentadora não deixou de ressaltar, em sua fala, as belezas do cenário, a exemplo da 'mansão' - dito assim pela própria - em que essa aparece todos os dias no 'Mais Você', esbanjando luxo por todos os lados. Algo que beirou o surrealismo....

Uma das conclusões a que chegamos claramente a partir de casos desse tipo, é a de que, de fato, a intenção de tais profissionais não é a de retratar a dimensão da tragédia mas sim, redimensioná-la através de sua limitação e competência jornalística. Trata-se da inundação das mentes vazias nos noticiários e programas vazios.

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