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domingo, 13 de dezembro de 2009

O fenômeno do assistencialismo barato na TV brasileira

Confirmando um dos bordões mais conhecidos difundidos por um dos homens que melhor conhecida de televisão no Brasil, o velho Chacrinha, as TV`s abertas brasileiras vivem hoje uma crise de criatividade jamais vista na história do país, evidenciando que realmente na telinha, nada se cria, tudo se copia. O pior: escancaradamente. Esta realidade se constata através de dois dos maiores fenômenos de audiência da atualidade das emissoras de TV que são os reality shows e os programas de assistencialismo.

Deixando de lado este primeiro fenômeno midiático, já demasiadamente analisado na internet, e partindo para uma análise crítica deste segundo, chegamos a conclusão de que realmente, se trata de um verdadeiro nicho comercial explorado exaustivamente pelas direções de programação das emissoras de TV, para quem os parâmetros para definição de formatação (jamais criaçao) de programas televisivos ao que parece são dois: acertar no gosto popular e no bolso dos patrocinadores, valendo-se 'fidedigamente' para tal, do que anda fazendo a concorrência.

E pelo jeito, os programas de cunho assistencialista com forte apelo sensacionalista se constituem numa receita perfeita para tal. Que o diga a rápida proliferação (ou seria infestação?) de programas dessa natureza nas principais redes de TV do país. Usando como pano de fundo e deixa principal, a história de vida de pessoas humildes e desprovidas de um senso crítico mais aguçado, os diretores de TV´s seguem o roteiro que os políticos brasileiros repetem há século, extraindo da camada mais pobre da população, a sua inesgotável fonte de enriquecimento e prestígio social.

Apesar de não se considerar um fenômeno novo, uma vez que programas dessa natureza já se via nas TV`s brasileira a partir dos anos 1960, época em que o Programas Boa noite, Cinderela, exibido pela TV GLOBO, já se fazia um grande sucesso de ibope, a receita deste tipo de entretenimento vem recebendo ingredientes novos e se expandindo a todo vapor pelas concorrentes. A diferença para os programas de hoje, talvez esteja unicamente nos tipos de premiações oferecidos aos personagens que, até neste aspecto segue um padrão comum, ou seja, a reforma de imóveis e até veículos. Hoje, como se percebe, até mesmo em conseqüência do crescimento do poder de consumo das classes C e D, não se oferece mais uma cadeira de rodas, uma passagem de ônibus, um carro 0k, como aliás, rege o tão seguido manual de programas de TV´s americanas que ainda é a principal fonte de plágio das nossas TV´s.

A meta hoje é revestindo-se de bons samaritanos e de um certo ar de filantropia, realizar os sonhos dos brasileiros sofridos, dentre os quais fazem parte a tão almejada aquisição de uma boa e confortável casa própria, de preferência com um carro na garagem. É assim que funciona, por exemplo, o Caldeirão do Hulk, (Globo); Construindo Um Sonho (SBT) e Sonhar Mais Um Sonho (RECORD), para ficar apenas nestes. Com se percebe, a “semelhança” está até nos nomes dos programas. Santa criatividade!!!

Abordados acerca do estilo de programa e, sobretudo, acerca dos critérios meritocracistas e sensacionalistas com que escolhem os personagens para estes tipos de programas, os diretores e apresentadores são unânimes em afirmar que agem de boa fé e pautados exclusivamente na escolha de boas histórias de vida a fim de serem narradas na TV. Aliás, nem o rótulo de assistencialismo aceitam, como é o caso de Luciano Hulk – um dos maiores magnatas da mídia da atualidade -, para quem, em entrevista concedida recentemente acerca desta questão, afirmou que o seu programa segue um estilo sério e humanitário, só!. É preciso dizer algo mais?.

Para finalizar, um dado recém divulgado na internet e que consideramos relevantes acrescentarmos neste comentário: das cerca de 300 mil cartas recebidas pela direção do programa Caldeirão do Hulk, de pessoas interessas em verem sua casa e carro reformados e contas pagas, apenas 40 foram atendidas desde a criação do quadro. Realmente é um caldeirão e tanto este do Hulk.

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