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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Jornais gratuitos: uma mídia possível

Os jornais de circulação gratuita foi um dos temas discutidos durante o Seminário Internacional de Jornais, realizado este mês em São Paulo. Tema polêmico marcado por uma série de visões antagônicas e que, vez por outra, volta ao cenário das discussões baldeando ainda mais os pontos de vistas no segmento editorial, a distribuição gratuita de jornais é uma possibilidade cada vez mais eminente no contexto contemporâneo assinalado por um voraz processo de democratização do acesso à informação.

Ancorada na pluralidade de mídias informativas que permeiam esse universo, muitas delas, totalmente sem nenhum ônus para o leitor, não é de se admirar que esse segmento midiático ganhe força e exija dos empresários que atuam no mercado editorial de jornais, uma postura mais clara e definitiva em relação a essa realidade controversa, polêmica mas, sem sombra de dúvidas, viável.

Uma prova inequívoca dessa realidade são os tablóides de distribuição gratuita em circulação há décadas nos EUA e em parte da Europa. Basta citar, como maior fenômeno desse ramo, o jornal espanhol 20 Minutos, cuja circulação ultrapassa a mais de 1 milhão de exemplares, tendo já alcançado o posto de maior jornal em circulação no país.

Trazendo para o nosso contexto, cuja realidade, como sabemos, é outra e de certa forma incomparável com a vivenciada no velho continente, não podemos deixar de enxergar o fato de que, mesmo em menos quantidade e com circulação menor, são diversos os exemplos de jornais gratuitos que dão exemplo de sobrevivência em plena era da mídia digital. Entre esses estão o Jornal de Londrina (JL), o Diário do Nordeste (CE), Jornal Metropolitano (DF) e o jornal carioca Metrô Magazine, para ficar apenas nestes.

Em linhas gerais, a questão central sempre levantada nas discussões sobre a temática se volta para os recursos de manutenção de sobrevivência para esse tipo de proposta editorial considerando-se o seu alto custo de produção e, afora isso, o baixo índice de público leitor para esse tipo de mídia impressa.

A resposta, em contrapartida, tem sido dada por diversos empresários e profissionais envolvidos em experiências bem sucedidas no país e fora dele. A exemplo do jornalista Cláudio Bianchini, presidente do Grupo Metro no Brasil, para quem, na verdade, a questão central a ser discutida deveria ser a qualidade do conteúdo e a forma de interatividade com o público leitor. Essa tem sido, por exemplo, uma das estratégias principais que tem sido adotadas no mercado editorial em revistas, segmento este que, ao contrário das previsões já feitas, vem apresentando um considerável crescimento no número de revistas lançadas a cada ano.

Em sua participação no seminário mencionado, Bianchini analisou que é um erro os jornais gratuitos pensarem que o leitor não vai reclamar do conteúdo que lhe é entregue apenas pelo fato de não pagar pelo jornal, deixando de lado, algo extremamente crucial, que são as estratégias de conquista e mais do que isso, a fidelidade do público leitor, como o fazem os jornais europeus, por exemplo.

Ou seja, a questão inicial, deveria ser, se pensar num projeto gráfico e editorial de qualidade, inovador e coerente ao máximo com a realidade vivida pelo público leitor alvo do veículo. Nesse sentido, o retorno e os meios materiais de sobrevivência se tornam conseqüência inevitável.

O que não se pode continuar ignorando é o fato de que, cada vez mais, um grande número de novos leitores são formados, leitores esses, vale salientar, filhos de uma geração que, diferentemente das anteriores, pagar para se ter informação, é coisa que está ficando cada vez mais no passado. Realidade essa que, reforça a relevância de se discutir, mas mais que isso, se levar a sério a possibilidade de investimento no segmento dos jornais gratuitos. Está mais do que na hora de se (re) pensar nisso, até mesmo porque, a única morte certa anunciada para esse e qualquer outro segmento de mercado á aquela associada a falta de criatividade. O resto são meras possibilidades!

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