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domingo, 1 de agosto de 2010

Jornalismo, Internet e a era da opinião....

Pesquisas realizadas em várias partes do mundo continuam revelando uma mudança significativa no modo de produção e recepção do principal produto jornalístico que é a notícia, com o advento do avanço das chamadas midias sociais. Nesse sentido, o blog continua sendo o principal canal responsável por esse fenômeno, já visto por muitos como a última maior revolução no mundo da comunicação e de transformação no jornalismo. Os últimos dados mais curiosos estão numa pesquisa norte-americana divulgada a pouco mais de um mês e que derrubou uma série de mitos e preconceitos sobre a polêmica relação entre jornalistas profissionais e blogueiros na produção de noticias. Realizado pelo Project for Excellence in Journalism (Projeto pela Excelência no Jornalismo - PEJ), o trabalho assegura que os blogs e os twitters lideram folgadamente a produção de noticias sobre ciência e tecnologia. é bom dizer que não é lá novidade, uma vez que há tres anos, já foi divulgada uma outra análise, segundo a qual, a imprensa tradicional norte-americana passou a se pautar pelos blogs mais difundidos no país do tio Sam.

Os resultados dessa última pesquisa vão ao encontro de diversas outras já divulgadas, segundo as quais, mais da metade dos norte-americanos já se informam mais na internet do que nos meios jornalísticos convencionais como jornais, revistas, rádio e televisão. Em contra-partida, segundo a pesquisa aqui mencionada, quase 99% das informações publicadas online ainda tem origem em veículos convencionais. Um dado também significativo. Mais que a resistência e permanência da existência da mídia tradicional no mundo contemporâneo dominado pelas midias virtuais, os números reforçam para um outro fenômeno ainda pouco discutido e até mesmo ignorado por muitos.

Trata-se do crescimento avassalador do gênero opinativo na chamada sociedade da informação, na qual, cresce a cada dia, a sede por explicações e interpretações acerca de muitos dos fatos e temas proliferados nos noticiários dos diversos tipos de veículos de comunicação. Pelo cenário já exposto, já se pode constatar que, mais que uma democratização e pluralização de fontes de informação, a popularização de mídias como o blog aponta para um fortalecimento de pulverização e sedimentação do mercado de consumo de opiniões. Não nos admiremos se, em breve, surgir no mercado editorial, o livro "Opinião - um produto á venda", parafraseando uma das obras clássicas do jornalismo brasileiro, de autoria da pesquisadora Cremilda Medina.

Não obstante, é bom ressaltar, que estamos falando aqui de um produto ainda mais poderoso e com sequelas mais duradoras. Referimo-nos à opinião balizada, bem fundamentada e advinda de emissores com capacidade para emitir juízos de valores sobre os fatos e temas divulgados no espaço midiático e consumidos por milhões de pessoas.

E, nesse caso, o jornalista, por motivos óbvios, pode e deve apresentar vantagens nesse conflito que põe de um lado, a figura do profissional de imprensa como ainda o arauto da informação sólida e contextualizada, de outro, o blogueiro, esse novo ser informante e opinante que, em geral, navega ao sabor dos ventos da pluralidade comunicacional, sem o domínio da técnica de apuração e desenvolvimento dos dados de interesse público.

Uma coisa é certa, seja jornalista ou mesmo blogueiro, o fato é que a qualidade e sustentabilidade da versão dos fatos, continuará fazendo a diferença nesse mundo cada vez mais caótico e complicado em que, do contrário do que já defendia, há décadas, a dupla de ‘gurús’:Raul Seixas e Paulo Coelho, melhor seria ter uma opinião formada sobre tudo, do que ser uma metamorfose ambulante....

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