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domingo, 14 de março de 2010

Eleições, juventude e internet

A crescente participação de jovens na decisão das eleições partidárias no Brasil nos últimos anos tem despertado cada vez mais a atenção dos mais interessados nesse fenômeno: a classe política. Não é para menos. Trata-se de um dos grupos de eleitores mais promissores para aqueles que desejam chegar ao poder. E a Paraíba se destaca neste contexto como um dos Estados com maior índice de eleitores na faixa-etária dos 16 aos 24 anos, os quais já ultrapassam o número de meio milhão.

Mais precisamente, esse grupo soma, conforme TRE, 542.043, número suficiente para, de acordo reportagem publicada recentemente na imprensa estadual, eleger 16 deputados estaduais e cinco deputados federais. Desse total, aproximadamente 50 mil são menores de idade. Eleitores privilegiados que gozam do direito do voto opcional como o deveria ser em qualquer nação amplamente democrática.

Atentos a essa valiosa fatia mesclada do eleitorado paraibano recheada das mais diversas faixas-etárias juvenis, os candidatos – muitos dos quais já políticos eleitos – saem à caça na condição de raposas astutas de olho no precioso voto adolescente. E, nessa caça, as novas tecnologias vem se tornando as principais armas por meio das quais as ‘presas’ são mais facilmente atraídas para as armadilhas das campanhas eleitorais.

Nesse contexto, é traçada uma verdadeira guerra de redes sociais em que o domínio sobre ferramentas online como Orkut, Twitter e YouTube são estratégias indispensáveis na conquista dos votos da geração digital. E aqui vai um adendo: segundo pesquisa feita por duas empresas de pesquisas estatísticas , a InPress Porter Novelli em parceria com a empresa de monitoramento E-life, apesar da queda, o Orkut ainda é a rede social com o maior número de usuários cadastrados no Brasil: quase 90%, contra 80% do Twitter e YouTube, e 57% do Facebook. Os dados ressaltam a relevância que a internet pode e certamente j´vem desempenhando nas campanhas eleitorais, modificando consideravelmente a relação entre políticos e eleitores numa disputa cada vez mais acirrada pelo voto.

Trata-se de uma realidade um tanto preocupante que sucinta diversas discussões e levanta polêmicas em torno da capacidade de discernimento e consciência cidadã da nova geração de eleitores que passam a maior do tempo plugada no computador e que, não muito diferente de seus antecessores, a geração TV, de maneira similar, passam a sofrer os efeitos benéficos mas também maléficos do uso persuasivo das novas tecnologias de comunicação.

Como sabemos, e demonstram diversos estudos, essas novas ferramentas em si são neutras e representam, inegavelmente, o desenvolvimento intelectual e material da humanidade contemporânea, contudo, as estratégias de manuseio dessas para se chegar aos públicos alvos e extraírem desses, o que se deseja, não são nem um pouco imparciais.

Dentro dessa realidade, me perdoem os mais otimistas, mas afirmar que essa nova geração de eleitores está preparada ideologicamente para decidir, através do voto, o melhor para a nação, como querem que acreditemos alguns veículos de comunicação, políticos e até mesmo representantes juvenis, é algo, no mínimo, discutível.

Pelo menos é essa a percepção que tenho tido na condição de cientista social e de professor de centenas de jovens. Analisando comportamentos e modos de pensar a vida em sociedade, a impressão que tenho tido, salvo alguns casos raros, é de extrema alienação em que o egoísmo ainda impera. E nesse sentido, a preocupação maior tem se voltado para a intervenção das novas tecnologias de comunicação nesse fenômeno. Em como essas estão formatando o contato dos adolescentes e jovens com o mundo e consigo mesmo.

Diria que, numa clara alusão a um dos maiores teóricos e pensadores da comunicação do século passado, MacLuhan, pai de célebre noção de “aldeia global”, o meio de comunicação no mundo contemporâneo tem desempenhado uma significância muito mais relevante que a mensagem transmitida, na medida que tem se tornado a extensão dos sentidos e, consequentemente, do modo de enxergar e refletir o mundo.

E a internet, neste sentido, indiscutivelmente, assume o papel de um sistema nervoso mundial intermediando consciências diversas e mais do que isso, moldando-as de acordo com as ininterruptas novidades obsoletas de ferramentas em uso pelos milhares de eleitores espalhados pelo Brasil e mundo afora. O pior: agora cada vez mais na mira e sob o domínio de milhares de políticos e candidatos nada cidadãos. Sujeitos cujo único interesse é o de chegar ao poder em defesa de interesses próprios. Não mais que isso!.

Finalizamos o comentário externando a nossa preocupação aqui focada, a qual aponta, como dissemos, para uma discussão que ainda se arrastará por longos anos na sociedade contemporânea, deixando para os caros amigos e amigas internautas trechos de uma das célebres músicas de Renato Russo, Aloha, na qual ele já chamava a atenção para o perfil preocupante da juventude que ai está: “Será que ninguém vê/ o caos em que vivemos?/ os jovens são tão jovens/ e fica tudo por isso mesmo/ A juventude é rica/ a juventude é pobre/ a juventude sofre e ninguém parece perceber/ [...] Nos querem todos iguais/ assim é bem mais fácil nos controlar/ e mentir, mentir, mentir/ e matar, matar, matar/ o que eu tenho e melhor: minha esperança.....”

Um comentário:

Unknown disse...

Olá meu grande amigo Rosildo, como sempre mais um texto bem escrito. Em minha humilde opinião, você tem toda razão quando a você fala que os jovens de hoje não estão preparados para escolher os rumos do país, politicamente falando. Mas o ataque os seus votos em minha opinião ocorre não pelo avanço dos meios e pela facilidade de chegar neles, mas sim por que representam hoje uma boa parcela dos votos totais.
A meu ver, a tecnologia neste caso ajuda (Eu não podia falar diferente :) ), porque da mesma forma que se recebe a campanha, se busca informações valorosas a respeito do dito cujo em poucos cliques.
Finalizando esse breve longo comentário, acho que eles não estão prontos para escolher ainda.
A pergunta é o que fazer?
Educar na base, enquanto eles ainda não votam. Não ensinando a votar, porque isso eles já sabem, digita o numero e aperta o verde. Devemos ensiná-los a pensar!