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sábado, 21 de janeiro de 2012

Luiza e a midiocrização contagiante

Corroborando com a opinião do jornalista e apresentador do telejornal do SBT, Carlos Nascimento, os últimos episódios destacados pelos principais veículos de comunicação do país apontam, de fato, para um quadro de total idiotices que parece dominar a mídia brasileira. A sucessão de episódios midiáticos que teve início com o primeiro caso de estupro consentido da história -protagonizado por um dos casais geniais do BBB-, seguido da notícia falsa da barriga de quadrigêmeos e que deixou toda a mídia literalmente de’ quatro’, completada com o meme da paraibana Luiza e que se tornou o fato mais comentado da última semana, realmente merece uma reflexão de toda a nação.

Uma reflexão acerca do processo de ‘midiocrização’ contagiante que se propaga na nova era da comunicação social. Um fenômeno preocupante que tem na efemeridade e futilidade dois de seus principais elementos configuradores da nova era midiática que vivenciamos. Uma época em que a mediocridade parece ser eleita como o mais valioso dos crivos de produção midiática, colocando abaixo todos os princípios éticos, morais e até mesmo os valores-notícias clássicos de que a imprensa tem se valido há séculos. Época em que a relevância dos fatos para a sociedade era o primeiro e mais importante crivo para a pauta jornalística.

Analisando sob a ótica da sociologia moderna, trata-se da confirmação do que já vem sendo denunciado há algumas décadas por vários estudiosos e que dá conta do ápice da espetacularização da vida cotidiana. Um fenômeno que tem na ânsia acelerada pela notoriedade massiva, um de seus motores propulsores, causando, dentre vários efeitos de massificação, a formatação da produção das celebridades instantâneas. A quebra total da linha tênue que separa a vida privada da vida pública e que torna o cotidiano um permanente reality show.

Como já foi dito, nunca na história do mundo, os 15 segundos de fama foram tão almejados e fabricados dentro de um padrão esdrúxulo. Algo capaz de tirar do sério até mesmos os menos idiotas – assim como eu -e causar um terrível sentimento de saudosismo. Saudosismo, por exemplo, do tempo em que ‘Luiza” era sinônimo de uma das mais belas canções de amor composta por Tom Jobim. Mas, isso , é claro, é coisa do passado. Um passado bem menos espetacular, mas sem sombra de dúvidas, fantástico!.

4 comentários:

Marcello disse...

Desculpe professor, mas não concordo completamente com o senhor. O Big Brother Brasil é sim um programa medíocre e sem conteúdo, que por incrível que pareça toma a faixa nobre da programação brasileira. Mas isso não quer dizer que um crime ocorrido debaixo do teto daquela casa seja menos importante, ou mais banal, por que "eles estavam ali por isso mesmo". E sobre o fato da Luíza, que estava no Canadá; a pessoa dela não é interessante. O que ganha realmente força é o bordão que se origina da fala do pai dela, que foi tomada pelos internautas até como uma forma inteligente de brincar com essa "sociedade paraibana", assim como a elite em geral, e suas gafes. O Jornal Hoje fez uma matéria muito inteligente sobre essa nova forma de expressão que se origina na internet. Recomendo assistir: http://g1.globo.com/videos/jornal-hoje/t/edicoes/v/conheca-luiza-que-nao-esta-mais-no-canada/1775176/
E me desculpe o Sr. Carlos Nascimento, mas eu não posso dar credibilidade a um jornalista que fala sobre inteligência, e que no final do programa me solta essa perola: "E fiquem agora com o Programa do Ratinho". Muito pedante, na minha opinião.

AnDrEzZa Carla =) disse...

Eu já concordo em gênero, número e grau com o senhor. E ainda complemento enfatizando o quanto é importante essa mistura do gênero opinativo dentro do informativo, traz a tona reflexões como esta, faz a sociedade de fato pensar sobre aquilo que anda valorizando ou nāo.

Uma coisa é uma brincadeira no twitter, outra bem diferente é alguém virar "deusa" por causa disto. Alguém já parou pra pensar se, o espaço que foi cedido a graaaaande Luíza pela mídia, estivesse sendo cedido as comunidades carentes que necessitam de voz?

E se este espaço cedido ao estupro de mentirinha no BBB, tivesse sendo cedido pela mídia para pessoas que de fato foram estupradas? Quanta spolíticas sociais nāo poderiam está sendo idealizadas e sendo postas em prática.

Digo isto como telespectadora do BBB e alguém que também já usou a hash tag: #LUIZAESTANOCANADA

Jackellyne Tavares disse...

Marcello concordo plenamente contigo e se estivéssemos tendo aula iria falar exatamente sobre a postura do apresentador com você professor, acho que nessas férias estão aparecendo muitos materiais para as nossas discussões nas aulas. E nem adianta dizer que é porque eu defendo a globo professor, que isso nãao é verdade.

Rosildo Brito disse...

Antes de mais nada, parabenizo meus diletos alunos e amigos por manifestarem suas opiniões sobre as questões aqui levantadas e que, considero de grande importância para reflexões e discussões. Acredito que esse ainda é o caminho mais acertado para compreendermos melhor a contemporaneidade de que fazemos parte. E, nesse sentido, aproveito para recomedar a leitura de um dos diversos textos que versam sobre a espetacularização, dentre eles o artigo intitulado "CULTURA DO SIMULACRO NA SOCIEDADE DO ESPETÁCULO E OS NOVOS MECANISMOS DE SIMULAÇÃO ESPETACULAR", que nos fala sobre o jogo de simulacro de que a mídia é o grande agente propulsor, fazendo-nos acreditar e até tomar partido nas várias encenações envolvendo factóides. Tudo em nome da força da grana que ergue e cada vez mais sufoca a grandeza humana...