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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A mídia na virada de ano

Mesmo vivendo na era das mudanças constantes e das incertezas, época em que as verdades, valores e tradições parecem evaporar no ritmo cada vez mais alucinante da pós-modernidade, o ano de 2010 se encerra confirmando algumas previsões apontadas por cientistas sociais e diversos outros estudiosos há anos. Previsões que apontam para o que podemos chamar de sinais característicos da contemporaneidade. Dentre eles está a centralidade da mídia na sociedade em que vivemos, a qual, como já foi comentado por diversas ocasiões neste espaço virtual, é regida pelo poder da visibilidade tecnocêntrica. Dito de outra forma, uma sociedade centrada na espetacularização do olhar eletrônico que a cada dia, invade os lares, a intimidade e os recantos na natureza humana até pouco tempo tidos como insondáveis e até invioláveis.

A propagação em torno do lançamento da 11ª edição do Big Brother Brasil, em janeiro, e que prometer ser ainda mais contundente e apelativo, arrebatando novos recordes de índices de audiências, atesta a consolidação desse cenário social que, vale ressaltar, de novo não tem nada. Trata-se, apenas de uma evolução de um fenômeno já previsto por diversos pensadores há mais de cinco décadas atrás. Dentre eles, Guy Debord que, por meio de sua clássica obra “a sociedade do espetáculo’, já desenhava nos anos 60, o estilo de vida espetacularizado propiciado pelas mídias, teoria essa que só vem sendo atualizada e da qual os diversos programas de reality show continuam sendo a parte mais explícita desse traço marcante do período histórico vivido.

Um fenômeno que, como já é notório, se acelera cada vez mais via banda larga da internet e pela produção e popularização das chamadas novas tecnologias de comunicação e informação, a exemplo dos aparelhos multimidiáticos por meio dos quais, o cotidiano se transforma numa novela com capítulos marcados para veiculação e a vida, um mero e espetacular palco para sensações efêmeras.

Paralelo a essa realidade, vivemos um outro fenômeno não menos marcante da contemporaneidade midiatizada e espetacularizada, no qual centramos nossa atenção por diversas vezes nos comentários aqui postados este ano e que certamente, voltaremos a fazê-lo em 2011. Referimo-nos às transformações radicais porque atravessa a chamada mídia tradicional e, em particular, à imprensa, instituição essa que está tendo que rever seu papel e modos operandi para sobreviver num mundo cada vez mais diversificado e plural.

Nesse sentido, como analisou recentemente o crítico de mídia, Venicius Lima, a imprensa deveria aproveitar o momento de balanços e retrospectiva para se auto-avaliar e provocar algumas mudanças urgentes em sua estrutura e modo de se situar mediante os fatos e personagens de que se valem comom matéria prima. Como muito bem alerta o colega citado, que nesse contexto, a grande mídia passe a fazer avaliações públicas de si mesma, de seu próprio desempenho, de sua parcialidade, de seus preconceitos, de suas tendências, de suas omissões, de suas escolhas, de seu papel na democracia que, como sabemos, tem na comunicação, um de seus elementos essenciais. E, nesse exercício de reflexão maduro, aproveitar para se conscientizar que, no cenário de mudanças do fluxo informacional estabelecido pelas novas e, ainda por enquanto, novas mídias paralelas, urge a necessidade de uma postura mais democrática ou que, pelo menos, subestime menos o poder crítico da massa receptora.

Não esquecendo-se de que, os meios de comunicação de massa continuarão se perpetuando, entretanto, mesmo ainda operando com forte poder de influência junto à sociedade, essa mesma sociedade está se reestruturando e passando a contrastar seu olhar com o olhar que a mídia tradicional costuma lançar sobre os fatos a acontecimentos registrados no cotidiano e, dos quais, os sujeitos começam a se ver melhor, como um espécie de efeito colatra do olhar do grande irmão onipresente (the big brother).

Enfim, finalizando este último comentário de 2010, por meio do qual, esperamos sensibilizar os caros amigos internautas que nos acompanham virtualmente, a pensarmos mais ainda sobre a nossa postura mediante esses fenômenos aqui ressaltados, dos quais, não há como negar, somos agentes centrais. Se passivos ou pró-ativos, cabe a cada um de nós se determinar.

Que em 2011, possamos continuar compartilhando, por meio desse espaço, de nossos pontos de vistas sobre esse elemento cada vez mais marcante da vida em sociedade que é a mídia, pontuando de forma crítica, nossa visão em torno dos fazeres midiáticos que atinge a todos nós.

Bom ano novo, e que, mais que virada de ano, promovamos uma virada de olhares gerando novas perspectivas e esperanças...

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