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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mídia: controle x censura

Além de uma audiência muito abaixo da esperada, sobretudo se comparada à primeira versão, o reality show No Limite, da Rede Globo de Televisão, chegou ao fim tendo como resultado nada bom para a emissora, uma condenação fruto de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público no Estado do Ceará, lugar que serviu de cenário para a produção do programa.

A ação foi conseqüência de uma representação da União Internacional Protetora de Animais (UIPA) na qual constam as denúncias de maus tratos a animais num dos quadros que era apresentado no programa. No "mix de gincana com reality show", os participantes eram submetidos a comerem, entre alguns dos pratos que compunham o cardápio para lá de ‘bizarro’, ovos com feto de aves em formação. A idéia provocou o repúdio e ação dos militantes em defesa dos animais no Ceará, fazendo com que a Globo fosse forçada a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) – acordo judicial mediado pelo Ministério Público – para cessar os abusos contra os animais.

O fato trouxe a tona uma discussão em torno de algo que ainda necessita de uma atenção especial por parte da sociedade civil organizada no que diz respeito à atuação da mídia, sobretudo, através de programas de espetacularização como são os reality shows em sucesso no Brasil. Trata-se do controle público e social dos meios de comunicação de massa.

O episódio, como muito bem ressaltou Rogério Tomaz em artigo publicado no site do Observatório da Imprensa, em 22 de setembro, ilustra muito didaticamente os princípios e possíveis mecanismos de aplicação do conceito de controle público e social da mídia. Mas como tem acontecido, sempre que pautado este tema é de imediato rechaçado pelos grandes grupos de comunicação do país para quem controle social é e sempre será sinônimo de censura.

Contudo, longe disto, é importante ressaltarmos que o controle público e social se trata de uma prerrogativa legítima da sociedade que tem total direito e, mais do que isso, tem o dever de monitorar, criticar, reclamar e reivindicar ajustes e mudanças em programas e demais produtos gerados pela mídia que quase sempre objetivam única e exclusivamente, a audiência como retorno financeiros para as empresas de comunicação. A Globo que o diga, para quem os programas inseridos no modelo de reality show têm se revelado verdadeira ‘mina de ouro’.

Trata-se, como se pode ver, de um tema extremamente relevante para todos os cidadãos na era da chamada sociedade da imagem em que o espetáculo se apresenta como um dos principais recursos de audiência de faturamento comercial da mídia. Época em que, paralelo ao avanço do abuso da mídia em várias situações, também se vê crescer a força do monitoramento social e força dos movimentos sociais em prol de uma política de comunicação de massa democrática e respeitosa.

Voltaremos a abordar este problema em outras oportunidades, aqui neste espaço, contando para tanto, com a participação dos colegas internautas a quem convidamos para uma discussão mais aprofundada sobre a questão em pauta.

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